Fogo Cruzado (+16)

♠️ Abrindo passados ♠️

Sentado na frente da penteadeira, vejo o meu reflexo. Sem expressão, mórbido, e sem conseguir expressar um único sorriso.

Respiro fundo e tento encontrar uma maneira "feliz" por estar ali. Mas não consigo encontrar forma alguma. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu começo a chorar. Por que a minha vida tinha que ser tão fodidamente ruim?

— Haru? — pergunta a voz grave rouca conhecida aos meus ouvidos.

— Sim? — falo sério seco as lágrimas, observo ele pelo reflexo do espelho e vejo que ele caminha em minha direção.

— Sei que não deve estar sendo fácil. — ele diz e coloca a mão no meu ombro. — Mas logo você vai conseguir aceitar.

— Eu preciso de um tempo para digerir tudo isso, Muto. — falo e respiro fundo.

Ele abre um sorriso simpático, puxa uma cadeira e se senta ao meu lado, acariciando meus ombros e costas.

— Achei que você ficaria feliz por saber que eu não estou morto.

— Eu nem sei dizer o que eu estou sentindo nesse momento. — falo e olho para ele. — Minha vida simplesmente virou de cabeça para baixo de um dia para o outro. Você prejudicou muito a Bonten, e agora decide reparar tudo isso, em troca de eu ficar aqui.

— Mas foi você que fez essa proposta.

— Eu sei disso. Mas você poderia ser mais compreensivo.

— Tá falando para mim que eu devo ser mais compreensivo depois de tudo o que a sua máfia fez a mim?

— Não estou dizendo para você ser um bom menino Yasuhiro! — falo e me levanto. — Se a sua intenção era se aproximar de mim de novo, tinha outras formas para isso! Não precisava fazer essa porra toda só para ficar perto e me vigiar que eu sei!

— Tem muitas coisas em jogo no momento. — ele diz e se aproxima de mim. — Quando nos afastamos, perdi o rumo de tudo, e entrei nesse mundo da máfia. Achei que você não estava mais em Tokyo e até cogitei a ideia de você estar morto. Passei esses 10 anos pensando em você.

Franzo as sobrancelhas e em seguida olho para ele.

— Você esteve pensando em mim esse tempo todo?

— Nunca deixei de pensar em você em nenhum momento da minha vida, Haru. — ele responde e ergue o meu queixo. — Não me esqueci de  você e nem dos momentos que passamos juntos.

Por uma vez naquele dia eu consegui abrir um sorriso. Fraco, porém era um sorriso. Fitei ele com um olhar fixo e disse:

— Você mudou, mas sinto que aí dentro tem o antigo Yasuhiro.

— Sempre vai ter. — ele fala e acaricia meu rosto. Seu toque carinhoso me faz tombar meu rosto até que a palma da sua mão cubra totalmente o meu rosto. Levo as minhas mãos ao seu peitoral e abro um sorriso.

— Eu sinto falta do que tínhamos, Yasu.

— Eu também sinto. Não vou te forçar a nada que você não queira fazer, mas quero deixar bem claro que eu estou disposto a te fazer feliz.

— Mesmo eu sendo seu inimigo?

— Haru, esquece isso, hm? — ele fala e me puxa pela cintura. — A Bonten inteira é o meu inimigo. Você não é.

— Por que eu não sou o seu inimigo?

Ele abre um sorriso, se aproxima mais e diz: