Olho para Sanzu, esperando ansiosamente por sua resposta, seja ela um sim ou um não, mas que pelo menos minha pergunta tenha alguma resposta, além do silêncio que nos cerca neste exato momento.
— Haru? — pergunto e ele desvia o olhar.
— Você é capaz de fazer qualquer coisa por mim, Yasu? — ele pergunta e me fita com aqueles olhos azuis como duas safiras brilhantes.
— Se eu te disse que sou capaz de fazer tudo, é porque é verdade, Haru. Nunca menti para ti, e não vai ser agora que eu farei isso. Ainda mais agora, depois desses longos 8 anos sem te ver, a última coisa que eu desejo é te perder.
Ele abre um sorriso e em seguida envolve os braços ao redor do meu pescoço e me beija, é necessário ele ficar na ponta dos pés devido a diferença de altura, e eu acabo achando isso muito fofo. Retribuo o seu beijo e em seguida o pego no colo, fazendo com que as suas pernas fiquem envolta da minha cintura.
O aconchego o máximo que posso, não apenas para conforta-lo, más sim para que ele não sinta frio, afinal a ponta dos seus dedos estão frio, assim como a ponta do seu nariz. O frio é presente, juntamente com o vento gélido e a presença dos flocos de neve que dançam pelo céu noturno, indicando o início da noite e do inverno.
Sinto seu coração bater tão rápido que parece que ele vai explodir, ou então rasgar o peito, suas mãos frias acariciem minha nuca, dando arrepios gostosos, sua boca quente se encaixa ne minha, entregando tudo o que ele sente sem precisar dizer uma única palavra se quer.
— Eu quero ser seu, Yasu. — ele diz e me olha nos olhos. — Deixa eu ser seu.
— Você sempre foi e para sempre vai ser meu, Haruchiyo. — respondo e encosto nossas testas, fazendo ele sorrir com tal ato. — Eu te amo.
— Eu também te amo, Yasuhiro.
Ficamos ali por um tempo, apreciando a neve e o início do inverno que logo se estenderia em Tokyo. Depois de um certo período, voltamos para dentro, tomamos um banho quente e nos vestimos com roupas que nos aconchegasse naquele frio noturno. E como nos velhos tempos, me proponho para fazer um chocolate quente, igual ao que eu fazia para nós dois no passado.
— Sabe, Haru, eu sempre pensei em ter uma vida cheia de alegrias e de momentos inesquecíveis, e fico feliz por eu poder iniciar isso tudo com você, a pessoa que eu sempre gostei de estar perto, e que sofri quando ficamos afastados. — falo e em seguida coloco a bebidas nas canecas. — Posso ver o futuro em seus olhos, sei que seremos felizes aqui.
— Espero que a Bonten possa compreender isso. — ele fala apreensivo.
— Haru. — respondo e coloco as canecas encima da mesa. — Por que você se importa tanto com que a Bonten vai pensar? — pergunto e olho para ele. — Todos tem a chance de serem felizes, assim como você.
— Eu sei disso, mas isso que eu estou fazendo é uma traição, Mikey sempre foi claro com isso.
Nego com a cabeça e ergo seu queixo com carinho.
— Haru, seria uma traição se caso você estivesse aqui sem motivos. Poxa, você abriu mão da sua liberdade, da sua vida para salvar a pele de todos e acabar com todos os conflitos, seria muito egoísta da parte do Mikey e deles não enxergarem isso. — falo e vejo um sorriso formar em sua boca. — Eles podem não entender o porque de você amar o seu "inimigo", mas sei que eles sabem que tudo que fez, foi para o bem de todos.
— Muito obrigado por me dizer isso. — ele diz e me fita. — Acho que eu pensei a minha vida toda me preocupando com o bem-estar dos outros, sempre colocando o que eu acho e o que eu preciso para depois. — ele diz e segura a minha mão. — Obrigado por me fazer enxergar além disso.
— Eu estarei aqui para você, sempre, Haru. — falo e acaricio suas mãos, que agora estão quentinhas.
Haruchiyo passou a sua vida toda pensando no bem-estar das outras pessoas, nunca pensou em si mesmo, nas suas vontades e nas suas necessidades. Uma boa prova disso era em relação ao Manjiro, o responsável por dar origem as suas duas cicatrizes nos dois cantos da boca.
Manjiro cortou os dois cantos da boca do Sanzu após a irmã mais nova do Haruchiyo ter culpado ele pelo avião de brinquedo quebrado. Senju não quis assumir a culpa, e jogou tudo isso nas costas do Sanzu, que era apenas uma criança que lutava com os seus próprios demônios internos da infância e da relação desgastada com o seu irmão mais velho, Takeomi.
Manjiro cortou os dois cantos da boca do Sanzu no mesmo formato do avião, como castigo. E ainda por cima obrigou ele a sorrir, e mesmo ferido, ele sorriu. Depois, Shinichiro, o irmão mais velho do Manjironpediu para que Sanzu perdoasse seu irmão, pois ele era uma criança e não sabia o que estava fazendo. Quanta hipocrisia.
Sanzu passou um tempo sem sair de casa, pois odiava e até hoje odeia suas dolorosas cicatrizes. Quando eu o conheci e fiquei sabendo dessa história um ano depois de nos conhecer, eu o presenteei com uma máscara, para que ele fosse capaz de sair de casa sem precisar mostrar as suas cicatrizes, já que isso o incomodava tanto.
Após esse dia, nunca mais nos separamos, e eu sempre deixei claro que por mais que ele odiasse suas cicatrizes, eu simplesmente as amava muito, elas fazem dele o Sanzu Haruchiyo.
Sanzu nunca se afastou do Manjiro e nunca negou estar ao lado dele, e não era por dependência emocional assim como todos acham, e sim medo. Sanzu preferiu sempre seguir as vontades e ordens do Manjiro, por mais que ele não concordasse, por medo de ser brutalmente ferido de novo. Haru tem medo de se machucar de novo, assim quando ele era criança. Portanto ceder as suas vontades e necessidades para agradar o Manjiro era sua forma de se proteger.
No final de 2008, eu decidi colocar um ponto final nessa tortura psicológica que Manjiro fazia com ele, simplesmente saí da Toman junto com o Sanzu, e juntos fomos para a Tenjiku, sob a liderança do Izana.
Ali eu prometi para ele que ninguém nunca mais o feria, que nunca mais ele tivesse que ser cortado por algo que ele não fez, sempre o protegi, e agora que eu tenho ele de volta, vou o proteger ainda mais, e vou impedir que Manjiro o tire de mim para que Sanzu faça as suas vontades.
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Fogo Cruzado (+16)
Fanfic[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Em um mundo onde as máfias dominam os territórios, Muto e Sanzu se encontram em lados opostos, como inimigos implacáveis. No entanto, quando a máfia Akuma ataca os territórios da Bonten e invade sua fortaleza, Muto de...