Quais acontecimentos na vida de uma pessoa, pode mudá-la drasticamente? Para Sabina este ponto de virada, ocorreu com a morte prematura de seu irmão mais velho, a perda a fez questionar sua própria existência, com uma visão sombria e melancólica. Af...
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Por um instante, mergulhei em um mar de reflexões, ponderando sobre as inúmeras reviravoltas que marcaram aquele meu ano. Fui arrancada de meus devaneios pela voz de Khonsu:
— Sou velho, imensamente antigo! A maldição pode disfarçar minha verdadeira idade, mas sinto o peso dos anos. Nada mais me prende a este lugar.
— Nem mesmo por minha causa? — As palavras escaparam antes que eu pudesse contê-las.
Um calor súbito invadiu meu rosto, uma reação involuntária à minha própria ousadia.
— Encontrar você foi como um renascer... Eu estava à beira de me perder, de me entregar à essência felina que ainda pulsa em meu ser. Mas agora percebo que há mais em mim do que apenas o instinto de um animal. — Os olhos de Khonsu transbordavam uma miríade de emoções.
O significado daquelas palavras pairava no ar, um enigma que eu não conseguia decifrar. Contudo, uma convicção se cristalizava em meu íntimo: eu não permitiria que Khonsu continuasse a sofrer sob o peso daquela maldição. Nosso encontro não poderia ser uma simples coincidência; talvez fosse meu destino libertá-lo.
— Deveria sentir-se grato, se realmente acredita nisso! Como pode desejar o fim, sabendo que tantos anseiam por mais vida? — As palavras me escaparam, e só então percebi a insensatez que havia proferido.
— Eu sei... Tudo isso ocorreu por causa daqueles que desejavam a imortalidade, mas eu nunca a busquei. — Ele desviou o olhar, evitando o meu.
— Desculpe, não era minha intenção magoar você ou remexer em feridas antigas, mas talvez valha a pena dar uma chance a esta era, talvez haja um propósito para tudo isso.
— Você está começando a acreditar em destino? É isso mesmo? — Khonsu esboçou um sorriso, uma tentativa de mascarar seus sentimentos.
— É difícil manter o ceticismo quando tantos eventos inexplicáveis se desenrolam à nossa volta. — Admiti, aceitando o inevitável.
— É verdade... Mas ainda há tempo para esquecer tudo isso, você não tem obrigação de se arriscar. Você já fez muito por mim, não posso pedir que continue. — Khonsu falava evitando o contato visual.
— Não é necessário pedir, pois minha decisão é voluntária! Não há a menor possibilidade de eu abandonar essa jornada.
— Tem certeza? Não consigo prever o que nos aguarda... Farei o possível para proteger-nos, mas sei que nem tudo está sob meu controle.
— Entendo sua preocupação, mas a vida é uma tapeçaria de incertezas, um emaranhado de altos e baixos. O risco é um ingrediente inerente à nossa existência, e não podemos nos esquivar de tudo. Essa lição me foi ensinada da forma mais dura, e você, melhor do que ninguém, compreende isso. — Khonsu concordou com um aceno silencioso.
Enquanto terminava de secar os cabelos, uma gratidão muda se fez presente. — Obrigado. — Sua voz era um sussurro quase inaudível.
— Não há o que agradecer. — Respondi com um sorriso encorajador.