Quais acontecimentos na vida de uma pessoa, pode mudá-la drasticamente? Para Sabina este ponto de virada, ocorreu com a morte prematura de seu irmão mais velho, a perda a fez questionar sua própria existência, com uma visão sombria e melancólica. Af...
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Sacudi a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, o silêncio do lugar sendo quebrado apenas pelo crepitar das chamas, me passava a estranha sensação de que aquela divindade era o elo que unia os mundos, como uma ponte que transitava entre o visível e o invisível.
— Gostou da estátua? — A voz me tirou do meu transe.
Virei-me em direção ao trono, de onde emanava a voz, como se alguém tivesse se materializado das sombras. A figura que surgiu era envolvida em um vestido etéreo, que parecia feito de pura escuridão, pontilhado por estrelas cintilantes. Seus olhos brilhavam com uma luz antiga e sábia, refletindo o conhecimento de eras passadas. Ao observá-la, notei sutis semelhanças com a estátua: a mesma postura majestosa, os traços delicados e a aura de poder inegável. Cada movimento seu era gracioso e carregado de significado, como se o próprio tempo se curvasse à sua presença. Me perguntei se aquela figura que surgira diante de mim era a própria deusa Ísis.
— Apenas achei diferente de muitas que já vi. — Respondi com sinceridade.
— Se aproximem... — Caminhamos em sua direção, ficando abaixo dos degraus que nos separavam daquele trono.
— Sabem quem eu sou? — Perguntou a mulher sentada.
— Deusa Ísis... — Respondeu Khonsu, abaixando a cabeça.
— Está correto. Não precisam se curvar. Esta não é minha verdadeira forma; se fosse, vocês já teriam se desintegrado. O que veem é apenas uma representação, algo mais fácil para vocês aceitarem. Se acham que me pareço com alguém, é apenas sua mente fornecendo a melhor forma para conseguirem me ver. — Esclareceu a deusa.
— Por que nos trouxe aqui? — Indaguei com cautela, adotando um tom mais respeitoso ao compreender a magnitude de quem estava diante de nós.
A vibração daquele lugar era palpável, reminiscente do templo de Rá, e decidi que seria prudente não provocar o desconhecido.
— Vocês vieram cumprir o destino que lhes foi traçado; aqui é onde tudo termina. — Sua voz, melodiosa, emanava uma calma estranhamente reconfortante.
— O que precisamos fazer? — Indagou Khonsu, observando-a com cautela.
A mulher sorriu. Seu corpo esculpido parecia fazer o tecido que a cobria se dobrar conforme sua vontade. Ela me lembrava figuras de princesas poderosas. Seus olhos, uma mescla de azul e rosa, assemelhavam-se a safiras, e mesmo àquela distância, podia discernir o brilho perigoso em seu olhar.
— Apenas devolver a chama... — Sua voz era sedutora e convidativa.
Por alguma razão, fez-me recordar as lendas dos marinheiros que afirmavam ser enfeitiçados pelo canto das sereias em alto-mar.
— Como fazemos isso, e o que acontecerá comigo? Disseram-me que precisava devolver a chama ao templo de Rá, e este lugar não me parece o templo dele.— Questionei de forma direta, mas sem demonstrar irritação.