CAPÍTULO 67

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— Sei que tudo isso é uma droga, mas e daí? Vai apenas deixar para lá? Acha mesmo que queria fazer parte disso? Meu sonho era ser uma cozinheira, abrir meu restaurante e fazer o que mais gosto

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— Sei que tudo isso é uma droga, mas e daí? Vai apenas deixar para lá? Acha mesmo que queria fazer parte disso? Meu sonho era ser uma cozinheira, abrir meu restaurante e fazer o que mais gosto. Entretanto, estou aqui tendo que engolir tudo isso, pois, diferente de você, tenho pessoas que quero proteger. — Aumentou o tom de sua voz, chamando a atenção de algumas pessoas.

— Isso que passou não é nada, se comparado a mim. — Deixou as palavras escaparem.

— Às vezes estamos tão envolvidos em nossos próprios problemas que achamos que os problemas dos outros são menores, que não são tão difíceis, que a dor que um sente é diferente da do outro. Porém, aqui vai uma verdade que talvez não saiba: dor é dor. Não existe uma maior ou pior que a outra, pois cada um sente tal sentimento de formas diferentes. Falar isso faz você parecer com os deuses, que tanto gosta de dizer que brincaram com você. — Bateu a mão na mesa, levantando-se e dando as costas para nós.

As palavras de Atena me fizeram lembrar de Sam, da minha própria dor, de como me sentia. Refleti sobre a morte do vovô e como minha avó ficou depois disso. Pensei no sumiço do pai de Kim e na mãe dela internada. De fato, dor era dor, e sua intensidade variava para cada pessoa individualmente. Como eu poderia entender a dor de outra pessoa? Por mais que tentasse ser empática, não conseguiria alcançar esse nível de compreensão.

— Peço que perdoem minha filha... Atena passou por muita coisa. Como disse, nossa linhagem enfrentou mudanças, cada uma delas diferente... A minha e a de Atena nos deram a chance de viver mais do que a condição humana permite. — Meus olhos se arregalaram.

— Vocês são imortais? — Deixei as palavras escaparem sem perceber.

Jahí se virou em minha direção, com uma expressão compreensiva, como se entendesse minha pergunta.

— Não... apenas temos uma expectativa de vida maior. No entanto, isso fez com que presenciássemos a morte de todos aqueles que amávamos... Para Atena, foi pior, pois ela viu sua mãe e seu irmão morrerem de velhice e, mesmo vivendo tanto, é difícil perder quem amamos. — Havia tristeza e saudade em sua voz.

— E eles não tinham a mesma condição? — Perguntei curiosa.

— Infelizmente, não eram da mesma linhagem. Quando me casei com a mãe de Atena, ela já tinha um filho. O primeiro marido dela havia falecido na guerra. Quando Atena nasceu, sua vida foi normal, como a de qualquer criança, até completar dezoito anos. Depois disso, o tempo pareceu desacelerar...

A história de Jahí era muito parecida com a do próprio Khonsu. O mesmo apenas ficou em silêncio, após as palavras de Atena, como se estivesse tentando digerir tudo aquilo.

— Sinto muito... — Falei, sentindo verdadeiramente por tudo aquilo.

— Não podíamos fazer nada. A benção é apenas um disfarce para a maldição. Quem não gostaria de viver mais? Porém, ver aqueles que amamos morrer enquanto você permanece quase inalterável é muito difícil... Ainda mais sem poder fazer nada.

O DESTINO DE KHONSU (!!CONCLUÍDA!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora