- Como serei julgada? - Perguntei, temendo a resposta.
- Você terá o mesmo julgamento de todos... Nem mais, nem menos. Meu julgamento é simples: com sua alma diante de mim, terá o peso de seu coração medido. Se sua alma for virtuosa, poderá entrar no paraíso. Caso contrário... - Ele deixou a frase inacabada, o silêncio preenchendo o espaço com uma tensão palpável.
- Meu coração será pesado como carne em um açougue. - Deixei escapar sem pensar.
- Se prefere colocar dessa forma. Este é o salão das duas verdades. Aqui, seu coração será equilibrado contra a pluma da deusa Maat, que representa a justiça. Mesmo que tenha ajudado a selar Apófis, ainda é uma alma que precisa ser julgada. - O tom frio de Anúbis me fez arrepiar.
Estava sozinha ali, sentindo-me completamente perdida. Não sabia o que havia acontecido com Khonsu, Sam e nem mesmo Atena. Agora, estava diante de mais um deus que parecia não reconhecer meus sacrifícios.
- Preparada? - Sem esperar minha resposta, uma balança surgiu sobre minha cabeça, o brilho dourado mesclando-se com um tom roxo fantasmagórico. Olhei para cima e vi uma pluma em um dos pratos.
Em seguida, senti um aperto no peito, uma dor que me atravessou, fazendo-me cair de joelhos. Meu coração se materializou no outro lado da balança, ainda pulsando fora do meu peito. Inicialmente, o coração estava equilibrado, e um meio sorriso de alívio surgiu em meu rosto. Porém, não durou muito. Logo, a pluma começou a pesar mais, tornando-se cada vez mais pesada.
Senti os batimentos do coração diminuírem pouco a pouco, e à medida que isso acontecia, meu corpo ficava mais fraco, ao ponto de mal conseguir me manter acordada.
- Acho que temos nosso resultado. - Anúbis se levantou de seu trono, revelando sua imponência.
Estava sem forças para dizer qualquer coisa, prestes a desmaiar.
- Espere! - Uma voz familiar ecoou, mas não consegui me virar para ver.
Os passos se aproximaram e pude ver apenas uma silhueta começando a ganhar forma diante de mim.
- Quero interceder por ela! - A voz se pronunciou com convicção.
- E quem é você para fazer isso? - Perguntou Anúbis.
- Sou Khonsu, irmão de Zahra, servo de Bastet, aquele que carrega a maldição.
Ao ouvir o nome de Bastet, os olhos de Anúbis, normalmente frios e impenetráveis, brilharam com uma intensidade súbita. Era como se uma chama oculta tivesse sido acesa em seu interior. Seus olhos vermelhos, que antes pareciam sangue fervente, agora refletiam um misto de respeito e pensamentos perdidos. A menção de Bastet, a deusa felina, evocava nele memórias e sentimentos profundos, uma conexão ancestral que transcendia o tempo e o espaço. A dureza habitual de seu olhar suavizou-se momentaneamente, revelando uma faceta rara de sua personalidade.
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O DESTINO DE KHONSU (!!CONCLUÍDA!!)
AventuraQuais acontecimentos na vida de uma pessoa, pode mudá-la drasticamente? Para Sabina este ponto de virada, ocorreu com a morte prematura de seu irmão mais velho, a perda a fez questionar sua própria existência, com uma visão sombria e melancólica. Af...