CAPÍTULO 4

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Voltamos para a cozinha, o cheiro do bolo, começava a dominar o ar, minha avó correu para pegar a luva, tirando-o de dentro do forno, com cuidado e experiência o desformou sobre uma tábua de madeira, o bolo tinha o formado redondo de um pudim

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Voltamos para a cozinha, o cheiro do bolo, começava a dominar o ar, minha avó correu para pegar a luva, tirando-o de dentro do forno, com cuidado e experiência o desformou sobre uma tábua de madeira, o bolo tinha o formado redondo de um pudim.

Pegou uma faca e o cortou ainda quente, colocou um pedaço em um prato pequeno de porcelana e me entregou com um garfo. Cortei levando uma pequena porção a boca enquanto assoprava para não me queimar... A cada pedaço sentia uma leveza interior crescer, como se preenchesse o vazio frio e sombrio dentro de mim.

A conversa estava ótima, mas já estava ficando tarde e precisava voltar para casa. Minha avó não me impediu, fez uma pequena marmita com alguns pedaços de bolo para levar. Não contei que minha mãe havia comprado um bolo para o meu aniversário, mas com certeza preferiria o dela, mil vezes.

Me acompanhando até a porta, notei o tempo fechar, ao longe o céu azul começava a escurecer, por vezes feixes de luz cortavam as nuvens. Me despedi da minha avó com um longo abraço, agradecendo mais uma vez por tudo, e pelo lindo presente que estava usando em meu pescoço.

Dei um último aceno para minha avó enquanto seguia meu caminho, pela calçada, a casa dela ficava em uma espécie de residencial. Um conjunto de várias casas que formavam um conglomerado, que parecia uma daquelas cenas de filmes, ou séries que vemos é nos perguntamos se tal coisa, pode ser de verdade.

Mas naquele momento aquele lugar parecia sombrio e cinzento, as nuvens rapidamente cobriram os céus, um vento frio e gélido percorria o ar, açoitando minha pele que ardia, as árvores se balançavam de um lado para o outro enquanto algumas folhas secas se desprendiam das copas. Esfreguei as mãos tentando espantar aquele frio repentino que me afetava mesmo com a jaqueta, conseguia sentir que não tardaria a começar a chover.

Enquanto o fazia, comecei a reduzir os passos propositalmente, pensando que seria bom tomar um banho de chuva, como se este pequeno gesto pudesse lavar todas as minhas angústias e temores que pareciam se agitar sempre que estava sozinha. Não demorou para as primeiras gotas de chuva começarem a cair, muitos correram para se proteger, mas eu fiquei esperando os pingos me acertarem, cada gota caia sobre minha pele era fria, ergui o rosto fechando os olhos enquanto seguia meu caminho, não passava das seis e meia da tarde, mas já estava escuro.

As luzes dos postes começaram a acender, na rua não havia mais ninguém além de mim, enquanto caminhava na chuva comecei a ouvir um miado. No começo pensei que era coisa da minha cabeça, continuei a seguir meu caminho, meu cabelo estava completamente molhado, o barulho da chuva abafava um pouco os demais sons, mas o miado parecia ficar ainda mais alto.

Sem conseguir ignorar o ruído, notei que o mesmo vinha de um beco escuro, as luzes piscavam como se tivesse sofrendo com algum curto, enquanto tentava enxergar alguma coisa mesmo com a luz fraca do poste, senti um arrepio percorrer meu corpo, e era capaz de jurar que não era devido à chuva, o miado aumentou, era como se uma força invisível me impedisse de seguir. Talvez ali fosse o momento onde deveria fazer uma escolha: deixar isso para lá, e seguir para casa, ou seguir adiante e descobrir o que tinha ali.

Respirei fundo e dei um passo à frente, este pequeno ato pareceu quebrar a barreira invisível que aparentava me impedir... Mesmo sem a luz artificial dos postes segui adiante me guiando pelos miados que ficavam cada vez mais alto, não sabia dizer se estava me chamando, ou se era apenas um choro, adentrei ainda mais na escuridão até ver uma caixa de papelão embaixo de uma pequena proteção de telhas que não cobria praticamente nada, a caixa estava encharcada pela água da chuva, assim que levantei a aba da caixa, grandes olhos amarelos me encararam com intensidade, levando uma onda de choque por todo meu corpo.

Fiquei imóvel, por alguns instantes hipnotizada por aqueles olhos dourados, como ouro derretido, sem que percebesse estendi a mão para dentro da caixa acariciando a cabeça do felino, ele se espreguiçou enquanto sua calda se enrolava em meu braço, à medida que seu corpo se esfregava pelo meu antebraço.

— Não vou machucá-lo, amiguinho... — Deixei as palavras saírem, mesmo sem saber se o bichano era macho ou fêmea.

A chuva começava a ficar mais intensa, por mais que tomar um banho de chuva fora uma escolha minha, o tempo estava ficando agitado, e percebi que o gato não estava sendo um grande apreciador da chuva, seu pelo escuro como carvão estava molhado, senti seu corpo tremer enquanto roçava em meu braço, talvez para tentar se aquecer. Mesmo seu focinho era completamente escuro, a única coisa que se destacava além dos seus olhos vibrantes era sua língua rosada.

— Você foi abandonado, ou está perdido? — Afaguei seu rosto em minha mão, notei que estava sem qualquer identificação, tudo que o protegia da chuva era aquela caixa ensopada, que poderia se desmanchar a qualquer momento, o escutei ronronar ao meu toque.

Tudo que sabia é que não poderia deixá-lo ali. Não iria abandonar aquele bichinho inocente, coloquei minha bolsa de lado que estava com a marmita e puxei o gato para fora da caixa, o colocando dentro da minha jaqueta, abotoei a mesma... Ele miou novamente, porém o som era diferente.

 Ele miou novamente, porém o som era diferente

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Este capitulo tem: 914 palavras

Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSU (!!CONCLUÍDA!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora