Crises

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- Você devia se cuidar mais, seu corpo vai ficar cheio de cicatrizes e hematomas, é nojento - disse Bill com uma torção no nariz enquanto Tom ria da cara do irmão.

- Cara, meu corpo é irresistível- Ele respondeu o mais novo com um sorriso ladino, se gabando.

Eu fiquei desconfortável ao lado da porta do quarto de Tom, ele olhou para mim.

- Pode vir, eu não vou te morder ou algo do tipo - Ele disse olhando para mim de forma engraçada.

- Mas eu já to aqui - eu disse encarando o chão.

Eu não conseguia olhar para ele. Agora que todo o drama acabou, eu recapitulei tudo o que aconteceu e lembrei que ele me estuprou. Tom tirou minha virgindade, me agrediu e achou que ia ficar tudo bem? Óbvio que não! Eu não conseguia nem olhar pra ele, eu me sentia desconfortável com ele, a voz dele me causava arrepios.

- Você vai sair hoje? - Bill perguntou.

- De noite - Tom disse - Os médicos queriam que eu ficasse em repouso por mais uma semana. Foda se o que eles disseram, eu não confio neles. Eles provavelmente me drogariam e depois me matariam, livrariam uma alma ruim deste mundo- Tom riu - Eu não vou ficar aqui preso dentro de casa -

- Não vou nem dizer nada - Bill disse com uma risada.

Eu suspirei com a conversa deles, eu só queria sair dali, mas eu tinha que inventar uma desculpa rápida.

- E-eu vou...- A primeira palavra que saiu da minha boca fez com que Tom olhasse para mim instantaneamente, fazendo com que eu congelasse. Seu olhar estava sobrio, eu não conseguia pensar em nada.

- Café - Merda - Quer dizer.. eu vou tomar café - Que desculpa mais bosta hein.

Eu estava nervosa e assustada. Me virei e rapidamente saí pela porta, batendo no quadro na minha saída.

- O que que deu com ela? - Bill perguntou assim que eu saí.

Andei devagar pelo corredor, eu tremia e me segurava enquanto lembranças de Tom me abusando passavam pela minha mente.

Suas calças, a maneira como ele se movia em cima de mim. Aquilo me deixava com nojo de mim mesma, eu me sentia quebrada. Mas também aliviada. Eu sei, é estranho o que eu acabei de falar, mas eu desejava o corpo do Tom por muito tempo, e parecia que eu finalmente tinha conseguido aquilo.

Ele sempre me provocava, brincando com meu corpo como se estivesse ameaçando a me provocar. E aquilo sempre me causava um tesão absurdo por ele. Aquele toque indecifrável, que podia me fazer sentir amada, e ao mesmo tempo poderia me abusar, me estrupar, me matar.

Ele era tão misterioso, podia ter duas personalidades ao mesmo tempo. Alguns podem dizer que tenho sorte de ter experimentado o Tom gentil, mas acho que sou muito azarada, porque é muito mais doloroso ver o homem que você ama te amando e te maltratando no segundo seguinte.

- Espera, eu amo o Tom? - Eu parei no meio do corredor, incrédula com os meus pensamentos sobre ele. Eu esfreguei meus olhos antes de balançar a cabeça.

- Ah óbvio - Ri ironicamente - Certeza que eu amo aquele filho da puta - Eu murmurei antes de voltar a andar.

- Ei! - Eu ouvi Bill me chamar atrás de mim. Eu parei e virei.

- Bosta...- Ignorei ele.

- Ta bom. 1°, é feio ignorar alguém quando é chamado. 2°, é estranho falar sozinho - disse Bill com uma mão no quadril com desaprovação.

- Você ouviu o que eu falei? -

- Não, eu vi seus lábios se movendo enquanto você andava ai sozinha. Mas eu to pouco me fudendo pro que você disse, você continua sendo estranha falando com ninguém - disse Bill olhando em volta como se tivesse medo de ser visto com a maluca que fala consigo mesma.

- O que você quer Bill? - Eu perguntei cruzando os braços.

- Eu queria conversar com você sobre uma coisa -
ele falou serio.

- Então fala - Eu disse, me esforçando para não sair dali correndo. Eu não queria falar com ele.

Bill olhou em volta novamente e eu estava prestes a sair dali, quando ele agarrou meus braços e me levou para um escritório e fechou a porta.

- O que você tá fazendo? - Eu disse em choque quando ele empurrou um homem que estava ali pra fora do local.

- Espera meu bem - Ele disse enquanto estava de costas para mim trancando a porta.

- Agora - Bill começou, se sentando e pediu para eu sentar ao lado dele - Tom queria que eu te explicasse uma coisa -

Eu fiquei apreensiva, aquelas memórias horríveis do Tom voltaram na minha mente.

- E-ele te c-contou...? -

- O quê? - Bill disse, parecia confuso - Me contou o que? -

Um peso enorme caiu dos meus ombros, ele não sabia de nada.

- Nada, esquece - eu disse olhando pro chão.

- Tá, eu não sei como te dizer isso, eu nunca disse a ninguém antes, então eu não sei como explicar direito... mas Tom tem uma problema. Ele tem dupla personalidade. Uma hora ele pode ser normal, então ele muda completamente como se fosse outro alguém controlando ele. Aí depois ele volta ao normal como se nada tivesse acontecido... -

Bill falou casualmente, me assustando com o quão normal ele parecia enquanto falava sobre algo que eu não entendia.

- Entendeu? - Ele me perguntou.

- Hm, pode me explicar desde a parte em que você ia explicar o problema dele? - eu disse, tentando não rir porque eu não tinha entendido.

- Tom tem crises de raiva. Ele pode estar agindo normalmente, mas do nada ele enlouquece, vira agressivo e maldoso - Eu prestava atenção em tudo o que ele dizia.

- Quando isso acontece ele foge com e a gente não sabe o que ele pode fazer, mas quando ele sai logo depois sai noticias de que ele matou varias pessoas e se meteu em muitas brigas. A gente não consegue entender ele, ele só muda do nada. Normalmente ele leva mais de 5 horas pra ficar bem de novo, porque é quase impossível ver ele bem. As únicas pessoas que viram ele do jeito bom dele foram apenas nós dois.

Ele ficou quieto por uns dois minutos pensando, enquanto eu apenas o encarava.

- Eu não sei por que Tom queria que eu te dissesse isso, mas de acordo com ele era importante você saber disso, o que significa que ele confia muito em você pra saber disso...se não é facil pra você, imagina pra ele Taylor -

Fiquei atordoada, fazia muito sentido, eu tinha visto Tom desse jeito quando quando ele matou a Yumi e me estuprou. Ele parecia estar muito alterado quando isso aconteceu.

E daquela vez quando ele se machucou no hospital e veio atrás de mim, ele foi tão gentil comigo, ele me tratou como se se importasse comigo.

- Não me diz o que eu tenho ou não o que fazer, não sou uma criança - eu disse ao Bill, olhando para o chão.

- Então para de agir como uma! - Ele disse - Tom fez de tudo por você e você trata ele como merda -

Minha mão estava fechada e eu me levantei com ódio.

- O QUE ELE FEZ PRA MIM?! -Eu gritei enfurecida com suas palavras - Tom não fez nada, ELE SÓ ESTRAGOU A MINHA VIDA! - Meus olhos se encheram de lagrimas - ... ele me bateu, ameaçou me matar inúmeras vezes, ele quase me matou... ELE ME ESTUP— - Eu parei de falar quando percebi que iria dizer que Tom me estuprou.

Bill parecia chocado, seus lábios estavam pouco abertos enquanto seus olhos escuros olhavam para mim me lembrando os de Tom, mas seu olhar era calmo, delicado.

- Eu queria que ele tivesse me matado desde o dia em que ele me conheceu, eu preferiria morrer jovem do que ter que viver O RESTO DA MINHA VIDA COM AQUELE FILHO DA PUTA! - Eu gritei antes de ir até a porta, me sentindo culpada por ter perdoado um pouco aquele homem, Tom Kaulitz.

My Living Nightmare - Tom Kaulitz (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora