Capítulo 9

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O resto do caminho ficamos em silêncio. Apenas Noam fez algumas ligações, como para o trabalho, avisando que eu não iria e ele também não. Depois, ligou para meu médico, que orientou que eu ficasse de repouso por 2 dias. Assim que chegamos ao nosso prédio, Noam me ajudou a subir e a entrar no meu apartamento, mas apenas me levou até a sala. Sentei-me no sofá e ele fez o mesmo. Sem graça, digo:

--Obrigada, Noam, por tudo. Você pode ir agora, eu vou ficar bem.

Noam passa a mão pelos cabelos e diz:

--O médico disse que você não pode ficar sozinha, e eu não vou te deixar aqui sozinha.

Suspiro cansada e respondo:

--Estou cansada, Noam. Pode ir para sua casa. Qualquer coisa, eu te chamo. Ou melhor, embaixo do tapete tem uma chave reserva do apartamento. Pode pegá-la para você, certo?

Noam parece pensar, então se levanta do sofá, beija minha cabeça e sai sem dizer nada. Eu simplesmente apago no sofá.


Acordo e passo meus olhos ao redor da sala, vendo que já escureceu e Lana ainda não chegou. Pego meu celular e vejo uma mensagem de Lana.

Mensagem: Amiga, me desculpe, vou ter que ficar na clínica essa noite. Amanhã nos vemos.


Lana é enfermeira em uma clínica especializada em tratamento de câncer e quase sempre ela substitui outras enfermeiras, já que está guardando dinheiro para se casar.
Me levanto pronta para ir tomar um banho quando minha cabeça lateja e reclamo.

-- Aquele filho da pula, onde já se viu me empurrar? Eu espero que o bombadinho tenha dado uma surra nele.

-- E eu dei.

Pulo e caio no sofá.

-- AAAAH, MERDA.

Noam dá risada e finalmente vejo ele sentado na poltrona em meio à escuridão e pergunto.

-- Tá fazendo o que aqui?

Noam se levanta e vem em minha direção, depois se senta na beirada do sofá onde estou e diz.

-- A Lana me avisou que não iria poder vir para casa e me pediu para te alimentar, e aqui estou eu.


Desde quando virei um animal? Me alimentar?


Bufa irritada e respondo:

-- Eu não sou nenhum bebê, posso me cuidar.

-- Mas você bateu a cabeça por minha causa e precisa de repouso.

Me sento e fico ao lado de Noam e digo:

-- A culpa não é sua, Noam. Se eu não tivesse ido lá tentar separar vocês, ele não teria me empurrado.

Noam se vira para mim e diz:

-- Aliás, por que você saiu?

Olho para o teto já sabendo a resposta e digo:

-- Sei lá, eu só me preocupei com você.

Noam agora dá um sorriso de orelha a orelha e diz:

-- Você se preocupou com quem?

Me irrito e digo:

-- Esquece, certo, mas o que aconteceu ontem, Noam?

Noam me olha com a sobrancelha arqueada e diz:

-- Você bebeu todas e depois eu te trouxe para casa, mas você nem conseguia abrir a porta, então eu abri, você entrou e eu fui para minha casa. Por quê?

Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora