Acordo e me levanto da cama com minha cabeça doendo. Vou direto tomar um banho e, quando olho para o celular, vejo que estou atrasada. Visto a primeira roupa que vejo e saio do quarto correndo. Assim que abro a porta, dou de cara com Noam, que está impecável em seu terno, e apenas digo sem olhar:
--Bom dia.
Saio correndo pelo corredor na esperança de não perder meu ônibus. Empaco no elevador, mas ele não quer subir para mim. Meu tempo é curto, então me viro direto para a escada e começo a descer sem parar. Quando finalmente chego no ponto de ônibus, descubro que meu ônibus já passou e bufo irritada por ter perdido a hora. Sento no banco esperando o próximo ônibus, quando uma Mercedes para no ponto. Sei bem que é o dono, Noam. Ele abaixa o vidro e diz:
--Olha, eu sei que não somos mais amigos, mas eu odiaria ver uma funcionária minha chegar atrasada. Vem.
Tento resistir a não entrar no carro de Noam, mas como uma boa capricorniana, odeio atrasos e bufo:
--Droga.
Entro no carro de Noam e ele responde:
-- Bom dia, Maya. A propósito, você saiu mais rápida que o Flash.
Dou-lhe um meio sorriso e apenas observo os carros que ficam para trás na estrada. Noam se vira para mim e pergunta:
-- Já tomou café da manhã?
Mesmo odiando conversas logo cedo, respondo:
-- Não deu tempo, mas tudo bem.
Quando Noam vai me responder, um Lancer entra na nossa frente com tudo, sem dar seta, e quase nos faz bater. Dou um grito:
-- AAAAAAH!
Agarro o braço de Noam, sinto minha respiração sumir e começo a me desesperar, sabendo o que vem em seguida. Noam para o carro, me olha assustado e tenta me acalmar:
-- Calma, Maya, respira fundo, está tudo bem, certo?
Assim que minha respiração volta ao normal e Noam desce do carro e vai direto no Lancer que está parado. O cara que já desceu do carro olha para o para-choque traseiro e xinga claramente irritado. Noam vai até o cara e do carro consigo escutar:
-- O que você pensa que está fazendo, cara?
O homem vai para cima de Noam e responde:
-- Olha o que você fez com meu carro, imbecil.
Noam dá risada e diz:
-- O errado aqui é você, que entrou na minha frente sem dar seta, nem esperou eu reduzir. E caso venha dizer que não, eu tenho uma câmera bem ali que está gravando tudo.
O homem se irrita e vai para cima de Noam, que não recua. Automaticamente, saio do carro correndo, tentando separar a briga, e entro no meio dos dois, tentando puxar Noam. Mas ele tem o triplo de força que eu, ou até mais, porém não desisto. Em meio a tudo, o homem me empurra, me jogando no chão, e me fazendo bater a cabeça. Digo:
-- Ai.
Coloco a mão no lugar em que está doendo e vejo sangue na minha mão. Logo em seguida, Noam larga o homem, que está no chão, e segura minha cabeça, dizendo:
-- Droga, eu vou te levar para o hospital, minha mini marrentinha.
Noam me ajuda a me levantar, me coloca no carro e começa a dirigir rápido. Minha visão fica turva e seguro seu braço, dizendo:
-- Não corra, por favor.
Noam desacelera e pergunta:
--Como você está, minha mini marrentinha?
Franzo a testa pergunto:
--Mini o quê?
Noam para e me olha, ele pega algo no banco de trás e coloca no corte da minha cabeça. Quando percebo, é uma camiseta dele que está sobre o corte e digo:
--Vai sujar sua camiseta e tenho medo do valor que ela tem, porque não vou conseguir pagar.
Noam dá uma risada, passando por um farol vermelho, e diz:
--Você sempre fala o que pensa, né? Eu acho isso incrível, sabia.
Fico quieta, me sentindo tonta, e meus olhos se fecham.Assim que acordo, sinto algo segurar minha mão e dou de cara com Noam sentado em uma poltrona, apertando tão forte minha mão que é quase como se estivesse me esmagando. Digo:
--Pode parar de me apertar, está doendo.
Noam pula da poltrona e diz:
--Ainda bem, marrentinha, você finalmente acordou.
Fecho a cara e digo:
--Pare de me chamar disso, saco.
Noam abre um enorme sorriso que me faz querer sorrir também, mas me contenho. Ele se abaixa e beija minha testa, depois sussurra em meu ouvido.
-- Mas isso é injusto, já que você me chama de bombadinho irritante.
Me levanto da cama, me sentando com os olhos arregalados. Esse cara consegue escutar meus pensamentos?
-- Como você?
Noam, todo orgulhoso, diz:
-- Eu peguei seu celular para ligar para Lana e percebi que meu contato estava como "bombadinho irritante", engraçado, não é?
Mostro a língua para Noam e, assim que a conversa acaba, percebo que estou em um lugar do qual odeio. Levanto-me pronta para ir embora, mas Noam percebe e diz:
-- O que você está fazendo, Maya?
Me viro e respondo:
-- Eu quero sair daqui.
Noam segura minha mão e diz:
-- Mas você não pode, o médico disse que precisa ficar em observação, que você teve uma concussão.
Arranco o acesso do meu braço e digo:
-- Está certo, mas não aqui.
Noam me segura em seus braços e questiona:
-- O que está acontecendo, marrentinha?
Ignoro o apelido, pois meu pânico está quase me deixando louca, e agarro Noam, enfiando meu rosto em seu peitoral, e digo:
-- Não posso ficar aqui, por favor, me tira daqui.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto e minha respiração falha. Noam percebe e responde:
-- Ei, tudo bem, nós vamos para casa.
Noam me pega no colo, enquanto continuo com os olhos fechados, mas reclamo:
-- Ainda consigo sentir o cheiro desse lugar.
Noam pega minhas coisas, empurra minha cabeça para seu pescoço e diz:
-- Se concentra no meu cheiro, marrentinha.
Concentrar-me no cheiro de Noam é algo tão fácil de fazer que eu amaria ter esse cheiro só para mim. Droga, eu estou enlouquecendo, só pode.Assim que saímos do hospital, Noam me coloca no carro, entra e pergunta:
-- Por que você odeia hospital, Maya?
Balanço a cabeça, me esforço ao máximo para não chorar e apenas digo:
-- Isso nunca aconteceu certo e, por favor, não vamos falar sobre isso.
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Sombras do Passado
Roman d'amourMaya é uma mulher super rabugenta que não deixa ninguém entrar em sua vida, porém seu novo vizinho, que também é o CEO da empresa onde ela trabalha, tenta de todas as formas se aproximar dela e, no final, acaba conseguindo. Porém, Maya tem um passad...