Capitulo 18

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Passei a noite inteira me remexendo sem conseguir dormir com a última caixa que recebi

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Passei a noite inteira me remexendo sem conseguir dormir com a última caixa que recebi. No total, já são 5 e a última, de fato, está me assombrando. A pessoa tem me seguido, tirado fotos e eu nem sequer notei. Mas meu relógio apita e me levanto.

Infelizmente, minha vida não vai parar, e ficar na cama não vai adiantar. Tomo meu banho, visto uma calça de couro com boca de sino e um tênis branco. Coloco uma blusa social branca e por cima um moletom preto. Penteio meu cabelo, passo perfume, no rosto apenas um pouco de corretivo e blush, uma máscara de cílios e finalizo pegando minha bolsa.

Saio às pressas, desço do prédio pelas escadas e corro para o ponto de ônibus, chegando a tempo de pegá-lo.

Entro e encontro um lugar vazio e corro para me sentar. Durante o caminho, me pergunto o que vai acontecer com Gabriel e quem ficará no lugar dele. Percebo que o ponto onde desço é na próxima parada e me levanto. Um homem se aproxima para se sentar no meu lugar, mas não antes de espirrar bem na minha direção. Eu reclamo:

-- Mas que merda, não sabe colocar a mão na boca, seu imundo.

O homem reclama, mesmo estando errado. Furiosa, desço do ônibus sem perceber que meu ponto seria o próximo e xingo furiosa:

-- Ah, filho da puta de merda, vai queimar no inferno.

Abaixo a cabeça frustrada por ter que andar um quarteirão. Mas, assim que atravesso a rua, um carro para com tudo na minha frente e fico paralisada. O carro, que está a centímetros de mim, continua parado. Olho o farol vendo que está vermelho, então o errado é o carro. No entanto, ninguém desce para pedir desculpas ou ver como estou. O carro preto continua parado, mas nem sequer consigo ver a pessoa, pois os vidros são muito escuros.

E se for meu perseguidor?


Corro para a calçada e o carro corre dando uma volta na minha direção e passando lentamente por mim e logo em seguida correndo indo embora. Começo a surtar, sentindo falta de ar. Encosto na parede e fecho meus olhos, tentando controlar meu ataque de pânico e digo para mim mesma:

--É tudo minha culpa, minha culpa.

Coloco as mãos em meu rosto, mas sinto alguém me segurar e abro os olhos, encontrando Noam. Meu peito sobe e desce numa velocidade quase impossível, e meu ar já quase não existe. Noam segura meu rosto e pede:

--Se concentra em mim, Maya, eu estou aqui com você, certo?

Noam coloca minhas mãos em seu coração e pede:

--Conta quantas batidas meu coração faz a cada 60 segundos.

Com as mãos no peito de Noam, vou me acalmando conforme conto as batidas. Quando finalmente consigo voltar a respirar, Noam me puxa e diz:

--Vamos.

Entramos no carro e Noam me pergunta:

--O que é sua culpa, Maya?

Balanço a cabeça e respondo:

--Não posso, Noam.

Noam balança a cabeça, compreendendo, e torna a perguntar.

-- Isso acontece sempre?

Olho para minhas mãos no meu colo e respondo.

-- Só quando eu tenho gatilhos.

Noam coloca suas mãos nas minhas e pergunta.

-- Desde quando?

Torço o nariz, incomodada pelo assunto, mas Noam sempre consegue me acalmar e, de alguma forma, sempre está por perto, me fazendo sentir culpada por não lhe contar nada. Dizer o básico não faria ele descobrir meu terrível passado.

-- Há 3 anos.

Viro meu rosto para Noam e encaro seus olhos, tentando descobrir quais pensamentos passam por sua cabeça, mas Noam me surpreende ao me agarrar em seus braços. Noam usa uma camiseta social cinza e uma calça, e como não sentir seu cheiro? Eu amaria ficar entre seus braços grandes, mas me solto e agradeço.

-- Obrigada, Noam.

Dou um meio sorriso e Noam dirige o carro, chegando logo à empresa. Afim de evitar o constrangimento, pergunto.

-- O Gabriel não vai voltar ou vai?

Noam se vira, me encara, me dá um selinho e diz:

-- Eu jamais permitiria ele perto de você, marrentinha.

Fico em choque com o selinho de Noam e lhe dou um soco, dizendo:

-- Pirou? Alguém pode nos ver, seu louco.

Noam dá uma gargalhada e diz:

-- Esqueceu que eu sou o dono, então foda-se se alguém ver. E voltando ao assunto, contratei uma amiga minha para ficar no lugar do Gabriel.

Me viro ainda brava e digo:

-- Não importa, você e eu vamos ser profissionais aqui, ouviu? Apenas chefe e funcionária, ou eu pego minha chave de volta.

Caminhamos até o elevador e, antes que as portas se fechassem, uma mulher linda e loira entra no elevador, cumprimentando Noam com um abraço e um beijo, e arqueio uma sobrancelha. A mulher se vira para mim, me encara de cima a baixo e diz para Noam.

-- Vi vocês dois saírem do carro, vocês dois estão juntos?

Antes que Noam pudesse responder, tomo a frente e digo:

-- Não somos apenas amigos e moramos no mesmo prédio. Prazer, Maya. E você, quem é?

A mulher revira os olhos por eu ter respondido em vez de Noam e me diz com um tom de arrogância:

-- Eu sou Tiffany.

Noam se vira para mim e diz:

-- Ela vai ser sua nova chefe, Maya.Tenho certeza de que você vai amar a Tify.

O apelido que Noam deu me deu enjoo, e tenho certeza de que amar Tiffany era uma palavra extremamente forte. O elevador se abre no meu andar, e vejo que Tiffany não sai; ela vai para o lado e diz:

-- Pode ir, querida. Eu vou tomar um café com meu amigo aqui, certo, Noazinho?

Solto um sorriso tentando evitar demonstrar minha irritação, e Noam me diz:

-- Bom trabalho, Maya.

Fecho a cara para Noam enquanto as portas se fecham e fico louca de fúria querendo socar Noam e a loira aguada, mas respiro fundo e me sento em minha cadeira, ligando meu notebook e começando a trabalhar.

Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora