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Kara

Faz três semanas que me mudei para National City e posso sentir o tédio me consumindo aos poucos.

A minha rotina tem sido a mesma: acordo, tomo café da manhã, vou correr no parque da cidade, volto para casa, assisto TV, faço almoço, faço alguma coisa que não seja assistir TV, volto para a TV e depois eu durmo. Não estou mais acostumada com dias tão monótonos assim, mas desde que cheguei à cidade, me sinto totalmente parada no tempo.

Ao menos aos fins de semana eu tento fazer algo diferente disso, mas é difícil fazer coisas legais quando você conhece um total de três pessoas na cidade, sendo duas delas casadas e as três tendo filhos.

É noite de quinta-feira, estou jogada no sofá de casa, assistindo Irmãos à Obras. Os gêmeos acabaram de dar a péssima notícia para a família de que tem amianto nas paredes da casa. A família parece estar completamente devastada.

Desgrudo os olhos da TV quando a campainha toca e vou sem nenhuma pressa atender.

— Eu trouxe pizza — Samantha, minha prima e melhor amiga, diz com um sorriso largo no rosto. — É a sua favorita.

Sam não espera eu convidá-la para entrar, apenas me entrega a caixa de pizza e passa por mim, indo se sentar no sofá.

— O que faz aqui a essa hora?

— Eu estou muito bem, Kara, muito obrigada por perguntar. E de nada pela pizza.

Olho para Sam, semicerrando os olhos. Eu sabia bem o aquele sorriso que ela deu quando me viu e a caixa de pizza significavam alguma coisa.

— Desembucha logo, Sam — digo, me sentando ao seu lado. — Mas já aviso que não vou roubar nenhum banco com você.

Sam ri e aproveita que abri a caixa da pizza para pegar um pedaço.

— Dessa vez não é para isso, mas um dia te convenço.

— O que é então? — Dou uma generosa mordida na pizza de pepperoni.

— Preciso da sua ajuda com uma coisinha.

— Algo me diz que eu não vou gostar dessa conversa.

Me lançando o mesmo sorriso de quem vai aprontar alguma para cima de mim, Sam começa:

— Uma amiga minha está com problemas com as duas filhas pequenas, elas não estão aceitando as babás e a última quase morreu porque elas colocaram pimenta na comida dela e a moça era alérgica.

Quase me engasgo, pois não consigo conter uma risada.

— Kara, isso não tem graça!

— Desculpa, não é engraçado a moça quase ter morrido, mas é engraçado — falo, tentando conter o riso. — O que eu tenho a ver com as filhas da sua amiga?

— A mãe delas está desesperada querendo alguém para ficar com as duas por um tempo até arranjar outra pessoa definitiva.

Quando você cresce com alguém, você passa a conhecê-la profundamente e por conhecer Samantha muito bem, tenho mais do que nunca a certeza de que ela vai me envolver na mais pura enrascada.

— Eu ainda não entendi como eu poderia te ajudar.

— Você é excelente com criança e não está fazendo nada da vida...

— Ei! — protesto. — Eu corro no parque todo dia e assisto TV.

— Como eu ia dizendo, você não está fazendo nada, então, eu meio que recomendei você para a mãe delas — Sam diz rapidamente as últimas palavras...

What You Mean To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora