What You Mean To Me

10.

Lena

Gosto muito do meu trabalho e gosto ainda mais de saber que a filial da empresa da família em National City vem dando bastante lucro. Apesar disso, venho pensando em começar a trabalhar um pouco menos. Todos os dias estou sempre atarefada, sempre em reuniões e não venham tendo muito tempo, principalmente no último um ano e meio. Nos últimos 18 meses, me afundei no trabalho e não venho dando muita atenção ao resto, especialmente às minhas filhas.

Mesmo com duas crianças em casa, eu nunca deixei de trabalhar, a diferença é que não levava trabalho para casa ou ficava um expediente inteiro enfornada, até além dele, em um escritório. Ultimamente, tenho deixado um pouco de lado o trabalho para ficar mais com Lori e Lizzie e vejo que isso está bom para mim e para elas.

Consigo tomar café da manhã com elas, chego a tempo do jantar, consigo brincar com as duas e depois as coloco para dormir. Aos fins de semana, tenho as levado em alguns lugares e vejo como tem sido importante. Por todas essas coisas, venho pensando em colocar a Samantha em meu lugar. Ela é meu braço direito, está comigo desde que abrimos a filial e não vejo ninguém melhor para assumir o meu lugar. Claro que ainda vou fazer parte de tudo, mas muito menos do que agora.

Preciso parar de usar o trabalho como válvula de escape e só vou conseguir isso se eu puder ter alguém de confiança em meu lugar.

No entanto, antes de nomear Samantha para qualquer coisa, vou esperar o fechamento de uma grande fusão que estamos fazendo. Por causa dessa fusão em andamento, estamos em uma reunião com os acionistas. Estamos há horas aqui, discutindo e argumentando sobre o que vai acontecer.

Um dos acionistas está falando alguma coisa da qual não estou dando muita atenção. Ele não gosta muito da ideia de uma mulher na presidência da empresa, então sua opinião não me serve nada. Minha mente volta para a sala de reuniões quando Jess entra e vem até a mim.

— Senhorita Luthor, desculpa atrapalhar, mas Kara Danvers disse que quer falar com a senhora.

Meu coração dá uma cambalhota ao ouvir o nome de Kara e tudo de ruim passa pela minha cabeça. Em dois meses de trabalho, ela nunca apareceu na empresa e se quer falar comigo agora, deve ser algo muito sério.

— Já estou indo, Jess. — Inclino meu corpo em direção à Sam e sussurro para ela: — Kara está aqui, pode tocar a reunião sem mim?

— Claro.

Saio da reunião de pressa e ando o mais rápido possível para chegar em minha sala. Não sei o que esperar sobre essa visita de Kara, mas espero que não seja nada de ruim com as minhas filhas. E nem com ela.

Assim que entro em meu escritório, Kara está em pé, próxima da janela olhando a cidade. A luz que entra pela janela faz seus cabelos loiros ficarem ainda mais claros.

— Kara, aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupada. — Lori e Lizzie estão bem?

Kara se vira para me olhar e sorri. Pelo seu sorriso está claro que não aconteceu nada das mil situações ruins que passou pela minha cabeça desde que Jess anunciou a sua presença.

— Elas estão bem — diz, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Deixei as duas na escola faz um tempinho. Espero não ter atrapalhando nada vindo aqui.

— Não atrapalhou.

Atrapalhou, mas eu não estava mesmo afim de ouvir aquele velho chato falar, então posso considerar que ela me fez um favor, na verdade.

— Senta. — Aponto para o sofá, onde acabei de me sentar, e ela se junta a mim. — Quer beber alguma coisa?

— Não, não, apenas quero conversar com você sobre algo.