26.

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Kara

Me sinto incomodada por não saber onde já vi o irmão de Lena. Sei que eles são irmãos e têm uma similaridade, mas não é por isso que eu tenho a sensação que já o vi antes. Conforme o café da manhã segue, a cada segundo uma inquietação terrível vai aumentando em meu peito. Nem lembro a última vez que fiquei assim. Quando o café termina, voltamos para a sala e tudo o que eu mais quero é sair correndo daqui.

Lena e Lex começam a conversar sobre algo que não consigo prestar a atenção. Enquanto isso, Lori e Lizzie brincam no tapete com um jogo de cartas que Lex trouxe para elas. As duas tentam me envolver na brincadeira e, ainda que eu tente, não consigo parar de me perguntar de onde eu conheço o irmão de Lena.

Os minutos passam e a inquietação fica pior. Fica tão pior que parece que as paredes começam a me sufocar. Não queria estragar o momento de Lena com o irmão, ela parece contente em vê-lo, mas não consigo mais ficar aqui.

De repente, atrapalho a conversa entre os irmãos e peço para falar com Lena. Nos afastamos um pouco da sala.

— Você está bem, Kara? — ela pergunta preocupada. — Você está tremendo.

Olho para minhas mãos e vejo que Lena tem razão.

— Kara, você está bem? — ela segura as minhas mãos.

— E-eu... eu... eu preciso ir.

— Por que? Aconteceu alguma coisa?

— Não estou me sentindo muito bem.

Lena toca o meu rosto e procura nele o que pode estar errado comigo.

— O que você está sentindo?

— Preciso ir embora, Lena.

— Se você não está bem, não vou deixar você ir embora.

— Eu preciso ir — digo e minha voz sai extremamente trêmula.

— Vai para o meu quarto, vou mandar meu irmão ir embora e eu vou lá ficar com você.

Nego com a cabeça.

Eu preciso ir embora da casa de Lena. Não sei se isso vai chateá-la, mas não consigo mais ficar aqui. Não quando o ar começa a faltar nos pulmões e, embora a casa seja enorme, parece que ela vai me engolir.

— Eu preciso ir embora daqui, Lena.

— Kara, não vou deixar você sair assim. Você está nervosa e nem sabe explicar o que há de errado.

Minha garganta fica seca, como se eu tivesse andado quilômetros e mais quilômetros no deserto. Meu coração começa a palpitar mais rápido, me fazendo ficar ofegante.

— Eu preciso ir — repito de novo.

— Kara...

— Eu vou ficar bem. Só preciso ir embora.

Abraço Lena tão forte que acho que chego a machucá-la. Ela retribui o braço na mesma intensidade e tenho a sensação de que faz isso para me impedir de ir embora.

— Eu te amo — digo antes de soltá-la e sair da casa o mais rápido que consigo.

***

— Alex! — grito, batendo na porta da casa de Alex. — Alex, você tá aí?

Não falei com Alex nos últimos dois dias, não tenho certeza se ela está em casa ou decidiu fazer alguma coisa com a Kelly e a Esme ou se está trabalhando. O que sei é preciso dela.

What You Mean To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora