Kara
Acho que Lena está com a intenção de me matar.
Não matar literalmente, claro, mas matar.
Nos últimos dias, toda oportunidade que Lena tem, ela está sempre me tocando, ou quando temos um tempo a sós — quando as crianças já foram dormir ou estão em alguma aula durante a tarde — ela me pede para sentar ao seu lado no sofá e me abraça. Algumas vezes ficamos caladas, outras vezes ela puxa alguma conversa e algumas vezes eu que procuro saber sobre a sua vida.
Quando conheci Lena, não podia imaginar que ela era tão carinhosa. Achei que além das suas filhas, ela era alérgica a qualquer tipo de contato humano, era essa a impressão que ela passava. E o problema não é ela estar sendo carinhosa comigo, eu adoro que tudo esteja sendo assim. A questão é que meus pensamentos em relação a ela estão ficando cada vez menos inocentes.
Não sei quantas vezes pensei em arriscar tudo e simplesmente beijá-la, mas nunca acho que é a hora certa. Sempre fico com medo das crianças nos flagrarem ou não ser o que Lena quer naquele momento. Ela pode muito bem estar precisando apenas de um carinho e eu com meus pensamentos impuros, fico querendo ir além de um abraço.
Estou sendo muito forte, pois por muito menos já joguei tudo para o ar e me arrisquei. Acho que meu receio também tem a ver que Lena não é qualquer pessoa para mim, ela passou a ter uma importância, um significado e ela vem com duas crianças na bagagem, das quais eu amo muito e não quero me afastar.
Enfim, fico sempre em dúvida sobre o momento certo ou não, mas enquanto ele não chega, tenho certeza que Lena ainda vai me matar.
Apesar dessa minha paixão por Lena está se arrastando por algum tempo, não comentei com ninguém sobre isso. Hoje, no entanto, sinto que preciso falar sobre isso com alguém e nada melhor do que conversar com alguém que também a conhece.
Toco a campainha da casa de Sam e espero impacientemente para que ela me atenda. Passa das oito da noite, mas esse é o horário que tive para vir falar com ela.
— Kara, o que faz aqui? — Sam pergunta assim que abre a porta.
— Podemos conversar um pouco?
— Claro, entra.
Entro na casa de Sam, encontrando Ruby jogada no sofá, mexendo no celular. Tenho a impressão de que toda vez que vejo Ruby, ela está sempre maior e isso me faz me senti um pouco velha. Peguei essa menina no colo e agora ela está perto de entrar naquela pior fase da vida: a adolescência.
— Oi, tia — ela diz, mas sem desgrudar os olhos da tela do aparelho.
— Oi, meu amor.
— Ruby, vou conversar com a sua tia, pega a comida quando chegar, por favor.
— Tá bom, mãe.
Sam e eu andamos mais um pouco até a cozinha. Por sua casa ter um modelo mais antigo, a sala de jantar e a cozinha são conjugadas, mas a sala de estar fica em outro cômodo, isso nos dá um pouco mais de privacidade.
— Cerveja? — Sam pergunta.
— Por favor.
Sento em um dos bancos que tem na ilha da cozinha, Sam me serve uma cerveja e se senta ao meu lado.
— Então, o que quer falar comigo e te fez vir até minha casa a essa hora?
— É sobre a Lena.
— Não vai me dizer que ela te colocou pra correr de novo? — pergunta com humor. — Ela me disse ontem que estava tudo bem com vocês.
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What You Mean To Me
FanficKara Danvers aceita ser a babá temporária de Lori e Lizzie, filhas da CEO da Luthor Textile&Clothing, Lena Luthor. A princípio, as duas mulheres não se dão bem, mas aos poucos as diferenças vão sendo deixadas de lado e elas descobrem que suas vidas...