What You Mean To Me

30.

Kara

— Quando... Quando você voltou? — Lena vem em minha direção, mas para a uma distância considerável de mim.

— Pouco mais de um mês.

— E agora é jornalista na Catco?

— Sim.

— Fico feliz por você. De verdade.

— Obrigada.

Lena e eu ficamos nos encarando por um tempo. Ela parece bem, muito melhor do que a última vez que a vi.

Meu estômago se contorce e meu coração acelera. Achei que seria mais fácil estar na presença de Lena depois de sete meses, mas não é. Mil coisas passam pela minha cabeça e há tanto a ser dito. Talvez fosse melhor não ter deixado Sam me persuadir a fazer essa entrevista. Talvez fosse melhor esse reencontro não ter sido de maneira profissional.

Por que sempre tenho que escutar a Samantha?

— Podemos começar? — digo quando consigo desviar o meu olhar do de Lena.

— Claro, sente-se. — Ela aponta para o sofá no canto da sala.

O local de trabalho de Lena pode ter mudado, mas muitas coisas são de seu antigo escritório, como o sofá, por exemplo. Esse sofá é o mesmo em que abracei Lena pela primeira vez. A lembrança daquele dia me atinge em cheio e naquele momento, eu já tinha um precipício por ela.

Sento no sofá e Lena senta ao meu lado, mas há um espaço enorme entre nós.

— Aceita uma água ou um suco.

— Não, obrigada. — Uso o celular como gravador e pego meu bloco de notas. — Está pronta?

— Estou.

Fiz inúmeras perguntas para Lena. Perguntas que nem estavam planejadas. Tudo isso porque eu queria ficar mais tempo na presença dela. Algumas vezes, a observei atentamente enquanto ela falava e nem mesmo prestei atenção no que ela dizia.

É possível alguém ficar mais bonito com o passar do tempo? Pois Lena está muito mais do que eu me lembrava.

Fico mais de uma hora a entrevistando. Infelizmente, minhas perguntas acabam e isso significa que está na hora de eu ir.

— Mais alguma pergunta? — Lena pergunta.

— Acho que você já me respondeu tudo o que era necessário. — Guardo as coisas na minha bolsa, sentindo meu corpo todo tremer. Espero que Lena não note que estou nervosa. — A entrevista deve sair antes da inauguração da empresa. Te envio a matéria por e-mail.

— Tudo bem. — Ela dá um sorriso fraco.

Lena e eu nos levantamos do sofá ao mesmo tempo. Assim como antes da entrevista, ficamos nos olhando por um tempo sem dizer nada.

— Tenho que ir.

— Te acompanho até a porta.

O caminho até a porta não é longo. Foram poucos passos que fizeram Lena andar ao meu lado e fiquei atordoada com o cheiro de seu costumeiro perfume.

Lena abre a porta e eu a encaro.

— Muito obrigada pela entrevista.

— De nada.

Dou um passo para sair da sala, mas volto e encaro Lena mais uma vez.

— Precisa de mais alguma coisa?

— É... Bom... E-eu... eu posso visitar a Lori e a Lizzie?

Depois que liguei a primeira vez para casa de Lena e falei com as crianças, passei a fazer isso toda semana. Não conseguia ainda falar com Lena, mas não podia deixar de falar com Lori e Lizzie.