Kara
— Como descobriu meu endereço? — pergunto à Lena.
— Sam.
— O que quer aqui?
— Podemos conversar?
— Agora quer conversar? Não acho que há nada para ser conversado.
— Por favor.
Eu não deveria conversar coisa alguma com Lena, não depois das coisas que ela me falou no hospital. Naquele dia, estava desesperada e mal sabia como agir com uma criança doente e outra criança que também estava sob a minha responsabilidade, ainda assim, fiz o que achei melhor para que Lizzie ficasse bem. Nem pude me despedir de Lori e Lizzie e isso me doeu mais do que as palavras da mãe delas.
Não sei dizer como isso é possível, mas aquelas crianças preencheram meus dias e estar há quase uma semana sem vê-las tem me deixado mal. Ficar com elas não era nem um sacrifício como achei que poderia ser, mas lidar com Lena foi um grande pesadelo desde o dia em que nos esbarramos a primeira vez.
Sinceramente, não sei porque Lena tem tanta raiva de mim. Sei que da maneira que nos conhecemos não foi legal, afinal, ela me atropelou e naquele momento eu estava nervosa demais. Mas depois, não sei porque continuou a me tratar como se eu tivesse ofendido até a quinta geração dela. Não é possível que eu a ter chamado de toupeira e doida a ofendeu tanto assim.
Como eu ia dizendo, eu não deveria conversar coisa alguma com Lena, mas acabo dando espaço para ela. Lena passa por mim, deixando o rastro de seu perfume amadeirado para trás. Como sempre, ela está vestida impecavelmente, nem sabia que era capaz de uma pessoa ficar chique vestindo jeans e uma camisa branca de botões. Enquanto isso, visto minha roupa de corrida, da qual acabei de voltar.
Lena entra no apartamento observando tudo. Não falo para ela sentar ou ofereço alguma coisa, isso é feito para pessoas que são bem-vindas em minha casa e Lena não é uma dessas pessoas neste momento. Parando no meio da sala, ela se vira e me olha.
Todas as vezes que nos encontramos nos últimos dias, Lena sempre me destinou o mesmo olhar; parecia que sempre queria avançar em mim. A única vez em que não fez isso foi quando me pediu para ficar com as crianças para ela viajar. Se eu soubesse como tudo seria depois desse pedido, teria negado. Se eu tivesse negado, talvez ainda pudesse estar preenchendo meus dias cuidando das duas.
Dessa vez, não consigo decifrar a maneira como Lena me encara. Pelo menos quando ela tinha raiva de mim, eu sabia e não saber me deixa ansiosa.
— O que quer conversar? — pergunto, cruzando os braços na frente do peito.
— Me desculpa — ela diz sem rodeios.
Certo, isso foi surpreendente, não sabia que ela conseguia falar estas palavras.
— Por...?
— Por tudo. Me desculpa pela maneira que venho te tratando, pelas coisas que te falei e por ter duvidado de você.
— Está me pedindo desculpa por sente que me deve desculpas ou porque acha que é o que eu quero ouvir?
Nem em mil realidades imaginei que Lena viria à minha casa me pedir desculpas, mas não fico convencida com isso.
Sempre fui ensinada que existem dois tipos de desculpas: a que a pessoa pede por saber que é o que você quer ouvir e a que vem acompanhada de uma mudança de comportamento. Acho que não adianta a pessoa querer o teu perdão e dois minutos depois fazer exatamente a mesma coisa, agir da mesma novamente da maneira que te magoou.
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What You Mean To Me
FanfictionKara Danvers aceita ser a babá temporária de Lori e Lizzie, filhas da CEO da Luthor Textile&Clothing, Lena Luthor. A princípio, as duas mulheres não se dão bem, mas aos poucos as diferenças vão sendo deixadas de lado e elas descobrem que suas vidas...