What You Mean To Me

29.

Lena

Quando amamos muito uma pessoa, nosso instinto é de tentá-la proteger de tudo. Eu não queria esconder de Kara o que Lex fez, nunca passou pela minha cabeça manter isso em segredo. Eu sei o quanto tudo o que aconteceu com os seus pais ainda atormenta a sua vida. Eu apenas queria contar em um momento onde ela pudesse processar melhor a situação e que fosse um momento depois do aniversário de morte de seus pais.

Eu quis tanto proteger a Kara dessa dor, que não pensei que ela poderia descobrir o que meu irmão fez de outra maneira. Não analisei nenhuma outra possibilidade do que poderia acontecer ao ir com ele naquela delegacia. E só fui com ele para que Kara finalmente pudesse descobrir toda a verdade. No fim, fiz tudo errado.

Para colaborar com todo mal que causei a ela, fui uma tonta de falar que fiquei com pena dela. Não era isso que eu queria dizer, mas eu estava tão nervosa que foi o que saiu da minha boca.

Nem quando Kara e eu não nos davamos bem, ela me olhou com tanta raiva. E agora, a vejo sair pela porta da minha casa após dizer que não me perdoa pelo que fiz.

Honestamente, também não me perdoaria.

Não tenho outra reação com toda essa situação, senão chorar desesperadamente. Eu deveria ir atrás dela, obrigá-la a me ouvir, a entender que o que eu fiz foi para protegê-la, mas não consigo. Minhas pernas não movem um milímetro para ir em sua direção. Talvez minhas pernas saibam que o melhor é deixá-la ir e tentar conversar com ela depois. Ou isso é só mais uma covardia da minha parte de não querer encarar esse problema.

Um soluço escapa pela minha garganta. As lágrimas não param de descer pelo meu rosto nem por um segundo. Tudo já está ruim e ficar pior quando eu ouço:

— Por que vocês brigaram, mamãe?

Ao olhar para a escada, vejo Lori apoiada no corrimão com queixo sobre as mãos.

No meio da discussão, cheguei a esquecer que minhas filhas estavam em casa. Pouco tempo antes de Kara chegar, elas decidiram que iriam jogar enquanto esperavam por ela.

— Lori, há quanto tempo você está aí?

Ela dá de ombros.

— Vim buscar água e ouvi vocês brigando. — Ela termina de descer as escadas e vem em minha direção. — Por que você brigaram?

— Eu fiz uma coisa que deixou a Kara muito triste — digo, me ajoelhando em frente à Lori para ficar do tamanho dela.

— Por isso ela saiu chorando?

— Sim.

— Por isso você também tá chorando?

— Sim.

— Você pediu desculpa pra ela? Você me faz pedir desculpas pra Lizzie quando a gente briga.

— Comigo e com a Kara as desculpas não vão adiantar, meu amor.

— Por que?

— Você é muito nova pra entender. — Coloco uma mecha de seus cabelos atrás da orelha. — E... E... a Kara pode não voltar mais por causa do que eu fiz.

Eu sei o quanto Lori e Lizzie são apaixonadas pela Kara e acho que quanto mais cedo eu for sincera sobre a sua volta, melhor vai ser para as minhas filhas.

— É claro que ela vai voltar.

— Lori...

— Ela vai voltar, mamãe. Ela me prometeu que sempre vai voltar.

— Mas dessa vez é diferente, filha.

— Não é, não — ela fala com a convicção que uma criança pode ter. — Ela me prometeu que sempre vai voltar. Ela não vai abandonar a gente.