What You Mean To Me

7.

Lena

— O que eu fiz com a Lizzie? — Kara pergunta com aquela expressão de sonsa que ela sempre carrega. — É sério que você está me perguntando isso? Você está me perguntando o que eu fiz com a Lizzie?

— Antes de eu sair para trabalhar, fui até o quarto dela e ela estava bem. Como pode de uma para outra ela ter ficado doente a ponto de ser internada?

— Eu também não sei o porquê ela ficou doente, por isso eu a trouxe para o hospital — Ela fala como se fosse óbvio.

Sinto uma raiva enorme crescendo no meu peito. Me sinto culpada por ter deixado Lori e Lizzie com uma pessoa desqualificada para cuidar delas.

Só de pensar que pela manhã quando voltei para casa para avisar que precisaria fazer uma viagem emergencia e vi que Kara parecia chateada com alguma e pensei em perguntar como ela estava... Sendo sincera, cheguei a perguntar para Sam se tinha alguma coisa errada com ela, pois ela parecia diferente, parecia distante e bastante chateada de uma maneira que eu não tinha visto antes. Deve ser por isso que minha filha veio parar no hospital, por causa da sua distração.

— Lena, se acalma, agora não é hora e nem lugar para discussão. — Sinto a mão de Sam no meu ombro esquerdo, mas estou tão cega de raiva que me desvencilho do toque e me aproximo mais de Kara.

— Calma nada, Samantha. Minha filha estava bem. — Solto uma risada desacreditada, ainda olhando para Kara. — Eu sabia que não podia confiar em você. Antes de sair de casa, eu disse pra você me avisar se acontecesse alguma coisa e só fui saber sobre a Lizzie já no fim da tarde.

— Eu tentei falar com você o dia inteiro, liguei até mesmo para Samantha e mandei mensagens e nenhuma das duas me atenderam. — Ela aponta para mim e para Sam. — O que você queria que eu fizesse? Mandasse um telegrama, pedisse a um pombo-correio que te entregasse um recado? Eu fiz o que estava no...

— Você... você é uma irresponsável — digo indignada pela situação. Estou pronta para falar bem mais coisas, mas escuto a voz de Lori.

— A Kara não fez nada, mamãe, ela cuidou direitinho da Lizzie.

Meus olhos recaem sobre Lori, ela está com os braços em volta de Kara e parece cansada.

— Vai embora, Danvers. — Aponto com a cabeça em direção a porta. — E não precisa voltar mais.

— Não, mamãe, não faz a Kara ir embora.

Acho que nunca vi Lori defender alguém que não fosse a Lizzie ou eu. Fico com pena por ela ter presenciado essa discussão, mas a última pessoa para quem eu quero olhar é a Kara Danvers.

— Vem com a mamãe, Lori. — Estendo a mão para ela pegar.

Lori fica sem saber o que fazer e levanta a cabeça para olhar para a Kara.

— Vai com a sua mãe — Kara diz a Lori com um tom gentil.

Minha filha vem até mim e eu coloco as mãos sobre seus ombros. Kara continua me olhando com um enorme ponto de interrogação bem no meio da sua testa. Seus olhos bem azuis ainda estão com a mesma sombra de chateação que notei mais cedo, mas dessa vez não me interesso em saber o porquê e nem sinto pena.

Kara tira do bolso de seu casaco a chave do carro e estende em minha direção.

— Os documentos estão no porta luvas.

Essa é a última coisa que ela diz antes sair do quarto.

Mesmo sem a sua presença, o clima ainda fica tenso. Quando encaro Sam, ela me olha com total desaprovação. Aposto que se fosse ela no meu lugar, não agiria diferente.