Capítulo 5

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13 de fevereiro de 2010

Fábio

Ao sair do banheiro, encontro todos sentados no chão da sala, cercando a mesa de centro. O clima parece ter mudado, devem ter erguido o mastro com a bandeira da paz, pois agora estão rindo e se divertindo. Cada um segura seu próprio copo de bebida. Talvez eu tenha passado mais tempo discutindo com Manuela do que imaginei. E lá está ela, com sua bunda magrela, sentada ao lado de Jean, como se nada tivesse acontecido. Não posso ficar aqui nem mais um segundo.

"Fábio", exclama Thayse, olhando para mim por trás do sofá. "Venha, vamos jogar um jogo."

Forço um sorriso e caminho em direção a eles.

"Junte-se aos bons!" Ela se move um pouco para o lado e dá alguns tapinhas no chão, convidando-me a sentar entre ela e Jean.

"Na real, minha mãe acabou de me ligar", murmuro, evitando olhar nos olhos de qualquer um. "Tenho que ir..."

"Não", Jean me interrompe, me pegando de surpresa. "Você não pode ir agora!"

Dou uma olhada rápida para Manuela, que está concentrada na mesa. Sigo seu olhar e vejo um tabuleiro redondo de madeira, com cerca de cinquenta centímetros, sobre o vidro transparente. As letras em ordem alfabética, de A a Z, estão dispostas no círculo, abaixo delas os números de um a doze, como num relógio. Meu estômago se revira e sinto um nó subir pela garganta ao ler mentalmente as palavras Sim gravada na parte superior e Não na inferior.

"Aqui, tome um golinho." Jean levanta o copo para mim.

"O que é isso?" pergunto, curioso.

"Experimente e você saberá!"

Pego o copo da mão dele e levo-o aos lábios. Dou uma cheirada discreta e o aroma forte de energético é o primeiro a se destacar. Tomo um gole generoso, sentindo o sabor doce que logo é seguido por uma leve queimação de uísque na garganta.

"Você gostou?", pergunta Jean enquanto devolvo sua bebida.

Dou de ombros e afirmo com a cabeça.

"Sente aí, vai, só mais um pouquinho..." Ele acena para o tapete e depois se levanta.

"Vou fazer um copo para você!"

"É, Fábio, precisamos de você", diz Thayse.

Olho ao redor, sentindo que algo não está certo. Ou eles já estão bêbados, ou decidiram ser gentis comigo de repente... alguma coisa está estranha!

"Então vocês querem invocar espíritos com o jogo do copo?", pergunto, sentando-me.

Thayse esboça um sorriso, ligeiramente irônico. "Quem sabe um capeta consiga me convencer a formar uma banda com vocês?"

"Jean ainda não conseguiu?"

"Ele é um capeta razoável, mas precisa melhorar na lábia se quer me arrastar para esse inferno musical."

"Então, como isso funciona?", pergunta Gabriel, a voz tingida de uma curiosidade genuína enquanto ele se inclina para a frente, os olhos fixos no tabuleiro.

"Bem, é parecido com o jogo do copo", explica Thayse, adotando uma voz teatralmente macabra, como se estivesse narrando uma história de terror. "Mas aqui, só uma pessoa é o 'receptáculo'. Essa pessoa segura o compasso de ferro entreaberto com o dedo indicador e mantém a agulha bem no centro do tabuleiro. Aí, nós fazemos algumas perguntas e... esperamos que algum ser sobrenatural nos dê um sinal." Ela faz uma pausa, deixando a expectativa no ar, antes de continuar em um sussurro conspiratório. "Nunca se sabe o que pode acontecer. Talvez descubramos segredos ocultos... ou invoquemos algo que nem imaginamos."

SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010Onde histórias criam vida. Descubra agora