Capítulo 30

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10 de maio de 2010

Jean

Na manhã seguinte à festa na casa de Marcos Antônio, acordo por volta das dez horas. O sol já está alto e brilha através das janelas, preenchendo o quarto com uma luz intensa que parece amplificar a sensação de cansaço que sinto. Há um desconforto persistente na cabeça e uma leve náusea, típicos de uma ressaca, que me fazem desejar ter tomado um pouco mais de cuidado na noite passada.

Apesar disso, não quero deixar que esse mal-estar estrague meu dia. O ritual matinal de correr na praia, algo que sempre me traz uma sensação de clareza e renovação, parece ser a melhor forma de começar o dia. Sinto uma leveza ao pensar na corrida, como se o movimento e o ar fresco da praia fossem capazes de dissolver, ao menos em parte, o peso da ressaca e as preocupações que ainda rondam minha mente.

Visto uma roupa confortável e calço meu tênis de corrida. O cheiro do mar começa a invadir o ambiente, prometendo uma experiência revigorante. O céu está limpo e azul, e as ondas quebram suavemente na areia, criando um som relaxante.

Ao sair de casa, sou recebido pela luz do sol e pela brisa fresca da manhã. A orla está tranquila, com poucos corredores e algumas pessoas aproveitando o dia. As palmeiras balançam suavemente, e me sinto imediatamente mais leve. Coloco meus fones de ouvido, ajusto a música e começo a correr, sentindo a areia sob os pés e a liberdade de me perder no ritmo da corrida.

Quando meu celular toca, fico surpreso ao ver que é a professora Sofia na tela. Paro para recuperar o fôlego antes de atender a ligação. "Professora?"

"Oi, Jean, o Paolo está com você?", pergunta ela, sua voz trêmula, carregada de preocupação.

Engulo em seco, sentindo um frio na barriga. "Aconteceu alguma coisa?"

"Quando fui chamar ele para o café da manhã, ele não estava no quarto e a cama estava arrumada", diz ela, a aflição evidente. Consigo imaginar seu rosto, com as sobrancelhas franzidas e os lábios pressionados em uma linha tensa, seus dedos provavelmente tremendo enquanto segura o telefone. "Acho que ele não passou a noite em casa."

"Ele não mencionou que sairia?"

"Não, ele não disse nada. O que é estranho, porque ele sempre avisa quando sai. Você não sabe de nada?"

Sinto um peso na garganta. "Não, não sei de nada, professora. Vou tentar descobrir se alguém mais sabe onde ele pode estar", respondo, tentando soar mais confiante do que realmente me sinto.

"Por favor, Jean, talvez ele esteja com alguém da banda. Não sei, ele e o Fábio estão namorando? Ou ficando, sei lá como vocês chamam hoje em dia", diz ela rapidamente, com as palavras saindo quase entrecortadas. "O Paolo tem estado estranho ultimamente e não tem contado mais nada pra gente."

"Vou ligar para ele, Sofia. Não se preocupe, se eu descobrir algo, te retorno na mesma hora."

"Por favor, Jean, estou muito preocupada. Ele não costuma fazer essas coisas."

O Paolo parecia estar bem quando o vi pela última vez. Ele parecia calmo e tranquilo, sem dar sinais de que algo estava errado. Achei um pouco estranho ele pedir que eu deixasse o Fábio em casa e fosse direto para a minha, mas não pensei muito sobre isso na hora. O Fábio estava podre de bêbado e precisava de cuidados, então segui o plano, sem questionar mais.

Continuo andando pela praia e envio mensagens para a galera da banda. Apenas Thayse e Manuela respondem. Como elas não foram à festa, pergunto se falaram com o Paolo. Explico que preciso falar com ele, mas ele não está atendendo minhas ligações. Elas me dizem que não falaram com ele. Então, digo que ele deve ainda estar dormindo e adiciono alguns emojis para tornar a mensagem mais leve.

SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010Onde histórias criam vida. Descubra agora