SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010

Capítulo 12

06 de março de 2010

Thayse

Ontem foi uma noite doida. Depois daquele encontro nada confortável com Manuela no Rota da Música, voltei para casa me sentindo um turbilhão de emoções. Continuei com a mesma regata, mas troquei a calça por um short jeans desfiado mais confortável, a jaqueta de couro marrom por uma preta mais estilosa e os saltos por um bom e velho All Star. Sentia que precisava lavar o rosto para acalmar meus pensamentos, mas não queria estragar minha maquiagem. Em vez disso, optei por virar um shot de tequila, o que foi em vão, pois além de tudo, estava ansiosa esperando por Jean.

O relógio parecia se arrastar, cada minuto passando mais devagar que o anterior. Minha mente estava em um redemoinho, tentando decifrar as intenções de Manuela e o que aquilo tudo significava. A tequila não ajudou muito, mas ao menos aqueceu um pouco o peito. Caminhei até a janela e olhei para a rua, observando os carros que passavam e tentando me distrair.

Quando a campainha tocou, o som me tirou completamente do transe, fazendo meu coração quase saltar pela boca. Respirei fundo, tentando acalmar os nervos. Olhei no espelho e decidi soltar meu cabelo. Ajustei-o rapidamente e caminhei até a porta. Quando a abri, lá estava ele, parado ali, com um sorriso no rosto e o capacete embaixo do braço. Tão lindo, vestindo uma camiseta branca, calça jeans escura e jaqueta de couro combinando com a minha. Seus cabelos levemente bagunçados, como de costume, e seu olhar de raposa faziam-me estremecer.

Ele me entregou um capacete e ajudou a colocá-lo, suas mãos tocando brevemente meu rosto. Aquele toque, ainda que sutil, enviou uma onda de eletricidade pelo meu corpo. Jean sempre teve esse efeito sobre mim, um misto de segurança e excitação. A proximidade de seus dedos, a leve pressão contra minha pele, tudo contribuía para a tensão crescente entre nós.

Caminhamos juntos até a moto, estacionada na frente da minha casa. Subi na garupa, envolvendo meus braços ao redor de sua cintura, sentindo o calor de seu corpo contra o meu. O motor roncou e logo estávamos ziguezagueando pelas ruas da cidade. A noite estava quente e o calor de nossos corpos, junto com a adrenalina do passeio, aquecia ainda mais.

O vento batia no meu rosto, levando embora as preocupações que tinham me atormentado mais cedo. Cada curva, cada aceleração fazia com que eu me sentisse mais viva. Era uma sensação de liberdade que contrastava intensamente com o peso dos acontecimentos recentes. A cidade passava em um borrão de luzes e sombras, criando uma tapeçaria de movimentos e sons que me envolvia completamente.

Chegamos a um loteamento com várias pessoas da nossa idade e uma fileira de motos, onde Jean desligou a sua. Desci, tirando o capacete e olhando ao redor, tentando entender onde estávamos. Havia uma vibração no ar, uma mistura de excitação e antecipação que parecia contagiar a todos.

Jean iria participar de uma corrida e por algum motivo queria que eu estivesse ali com ele. Não muito depois que chegamos, ele me entregou uma bandeira xadrez e me pediu para dar a largada. Senti um misto de nervosismo e frenesi enquanto caminhava até a linha de partida. Seis motos estavam em seus postos, os motores roncando alto, e eu bem em frente, segurando a bandeira. Podia sentir a energia dos pilotos, todos preparados, os olhares fixos no asfalto.

A contagem regressiva começou, todo mundo gritando e a euforia tomou conta de mim. Cada número diminuindo aumentava a intensidade do momento. Quando finalmente a bandeira tocou no chão, os pilotos passaram em alta velocidade por mim, e o vento que fez meu cabelo voar deu espaço a um sentimento que eu nunca havia experimentado antes.

A galera ao redor gritava e aplaudia, criando uma onda de som que parecia elevar ainda mais a adrenalina. Eu observava as motos se afastarem, cada uma lutando por posição, e meu coração batia tão rápido quanto os motores. Era um espetáculo fascinante, e saber que Jean estava ali, no meio de tudo, fazia meu pulso bater ainda mais rápido.