SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010

Capítulo 13

11 de março de 2010

Jean

Estamos no vestiário do colégio Dom Firmino, um espaço apertado com paredes brancas manchadas de anos de histórias de vitórias e derrotas. O piso de cerâmica fria está ligeiramente úmido, provavelmente por causa do nervosismo dos jogadores que transpiram antecipação. O ar está denso com o cheiro de linimento, misturado ao suor e à ansiedade, criando uma atmosfera carregada de expectativa.

Hoje é o primeiro jogo do campeonato municipal de futebol. Estou sentado no banco de madeira desgastado, observando a movimentação ao redor. Meus colegas de equipe estão se preparando, cada um à sua maneira. Alguns se alongam silenciosamente, outros conversam em voz baixa, trocando palavras de incentivo e estratégias de última hora. Mesmo que nossos adversários sejam conhecidos por serem os melhores em quadra, não estou tão preocupado com a partida. Nosso time este ano está excepcional. Treinamos duro, ajustamos nossas táticas e temos o melhor capitão de todos, que não é apenas um jogador talentoso, mas um líder nato.

"Faltam só trinta pessoas para nossa página no Facebook bater dez mil curtidas", exclamo para Gabriel, conferindo as notificações em meu celular. As luzes fluorescentes do vestiário refletem nas telas, adicionando um brilho ao ambiente já vibrante.

Ele está ao meu lado colocando suas chuteiras. O som dos cadarços apertando ressoa baixo no ambiente ruidoso. Ele levanta a cabeça, seus olhos encontrando os meus, um sorriso largo se formando em seu rosto. "Caralho, a School Flames está crescendo tão rápido!" A excitação evidente em sua voz.

Balanço a cabeça, compartilhando da mesma alegria. "Sim! E tenho certeza de que, depois que nós dermos a entrevista na rádio amanhã, esses números vão crescer ainda mais."

Gabriel puxa as meias com força, como se esse simples ato pudesse transferir toda a energia e determinação necessárias para o jogo. Então ele olha para mim e dá um tapinha leve no meu ombro. "E qual música vocês vão cantar?"

Fico em silêncio por alguns segundos, refletindo sobre as possibilidades. "Provavelmente uma versão acústica de Desafiando o Céu. Ou talvez Linhas Tortas, que é mais famosinha e a galera curte bastante", respondo, sentindo a animação borbulhar dentro de mim.

Ele sorri e acena com a cabeça, aprovando minha escolha. "Boa! Ambas são incríveis."

Respiro fundo e deslizo no banco, chegando mais perto dele. "Queria te pedir um favor, na real..."

Suas sobrancelhas levantam, o rosto curioso, esperando que eu continue.

"Lembra quando jogamos o jogo do compasso e a Manuela comentou que o Fábio compôs uma música?"

Ele balança a cabeça lentamente. "Mas ele disse que não era nada sério, era só uma letra que eles escreveram quando estavam chapados."

"É, mas não é uma música ruim, na real ela é muito boa. A Manu cantou um trechinho para mim e, acredite, precisamos dela para nossa banda!"

Ele suspira e desvia o olhar, ajustando a braçadeira. "Sua namorada é a melhor amiga dele, peça para ela conversar com ele."

"Não adianta, eles estão meio estranhos um com o outro ultimamente."

Sua testa franze, claramente tentando entender onde eu quero chegar. Então volta a olhar para mim. "E o que você quer que eu faça?"

"Converse com ele, diga que você se 'lembrou' daquele dia do jogo do compasso e peça para ele te mostrar a música."

"Mas eu? Por que você acha que ele mostraria para mim?"

"Porque você é o Gabriel..."