Capítulo 29

20 3 11
                                    

09 de maio de 2010

Paolo

Por um momento, eu chego a cogitar a ideia de não comparecer à festa na casa de Marcos Antônio. Festas cheias de estranhos nunca foram minha praia. Eu sou o tipo de pessoa que se sente mais à vontade em encontros mais íntimos, onde a companhia é conhecida e o ambiente é descontraído. Comemorações entre amigos, onde a conversa flui naturalmente e as risadas são espontâneas, são mais o meu estilo. 

No entanto, eu sei que a presença na festa de Marcos Antônio é importante para o meu próprio estado de espírito. A pressão do momento, a expectativa de interagir com novas pessoas e a necessidade de descontrair após um período tenso me empurram para fora da minha zona de conforto. Eu respiro fundo, me dou uma última olhada no espelho, e percebo que, apesar de todo o nervosismo, é hora de enfrentar a noite e ver o que o futuro reserva.

Eu não me dou ao trabalho de caprichar muito no visual. Optei por uma calça jeans clara, de corte confortável e com bolsos laterais práticos, ideal para uma noite em que eu quero apenas relaxar. Combinei com uma camiseta básica branca, sem estampa, que se ajusta perfeitamente ao desejo de uma aparência simples e despretensiosa. Para completar, escolhi um par de tênis comuns, que garantem conforto durante a noite. Adicionei apenas um colar pesado, um toque sutil que quebra a simplicidade do conjunto e reflete um pouco da minha personalidade, sem exagero.

Chamo um táxi e desço as escadas do meu quarto. Minhas mães estão lá embaixo, uma na cozinha, preparando o jantar, e a outra na sala, assistindo TV. Ultimamente, sempre que elas estão juntas e eu apareço, elas me olham com um sorriso largo e um tanto exagerado, como se estivessem escondendo algo. Por mais que tentem esconder de mim, sei que não estão passando por um bom momento no casamento. Eu não consigo entender como tudo mudou tão rapidamente, elas pareciam bem, e agora há um clima estranho e desconfortável entre elas.

Não consigo imaginar como seria minha vida se elas decidissem se separar. O peso da incerteza e a angústia da situação estão me consumindo. Talvez, por isso, eu tenha decidido ir a essa festa. A necessidade de escapar, de me distrair e de encontrar algum alívio momentâneo é o que me impulsiona a sair de casa. 

Ando nas pontas dos pés, tentando evitar fazer barulho e garantir que elas não percebam minha saída. Cada passo é dado com cautela, tentando não atrair a atenção para mim. O som do meu tênis suave contra o chão parece ressoar mais alto do que o normal, e eu me esforço para manter o movimento o mais silencioso possível. O olhar atento e a tensão no ambiente fazem com que qualquer pequeno ruído se sinta amplificado.

Chego à porta e a abro com cuidado. Dou uma última olhada para trás, sentindo um misto de culpa e alívio. As luzes da sala e da cozinha estão acesas, e mesmo que eu tenha tentado ser discreto, o ambiente ainda parece me vigiar, como se esperasse algo que não consigo decifrar.

Fecho a porta com suavidade e respiro fundo, sentindo o ar fresco da noite. A sensação de estar fora de casa é um alívio imediato. O táxi está a poucos minutos de distância, e eu me apresso para alcançá-lo, quase como se quisesse deixar para trás não apenas a casa, mas também a tensão e a incerteza que me acompanham.

Enquanto me aproximo do carro, olho para trás mais uma vez, como se esperasse ver uma mudança no ambiente ou algum sinal de que o clima em casa não é tão pesado quanto parece. Não vejo nada, apenas a fachada familiar e imperturbável. Entro no táxi e me recosto no banco, sentindo o peso das preocupações um pouco mais leve.

A casa que Marcos Antônio alugou para passar as férias é grande, mas não extravagante. É uma casa comum, com um tamanho considerável que a distingue das residências típicas. As luzes estão acesas, projetando um brilho acolhedor por todo o exterior, e a música alta vaza de dentro, criando um ambiente vibrante e animado.

SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010Onde histórias criam vida. Descubra agora