Capítulo 25

19 3 5
                                    

28 de abril de 2010

Fábio

Eu precisava tentar consertar as coisas com Gabriel. Somos perfeitos juntos, um complementa o outro. Ele é calmo, tranquilo, centrado, sabe exatamente o que quer da vida, eu sou basicamente tudo isso só que ao contrário! Minha cabeça está sempre a mil, sou impulsivo, inconstante, sempre em busca de algo que nem sei definir direito.

Como não podemos ser vistos juntos, decidi convidá-lo para um café bem afastado do centrinho do bairro, um lugar discreto e aconchegante, com pisos de madeira escura e uma iluminação suave. Escolho uma mesa no canto mais isolado, onde podemos conversar sem sermos interrompidos. A janela ao lado dá vista para um jardim pequeno, com flores coloridas que talvez ajudem a acalmar a atmosfera tensa entre nós. 

Sento-me primeiro, ajustando nervosamente a toalha da mesa e esperando que ele chegue. Gabriel finalmente aparece alguns minutos depois, pontual como sempre. Ele veste uma camisa simples, preta como de costume, e um jeans escuro, sua expressão serena contrastando com minha ansiedade. Quando ele se aproxima, sinto uma mistura de alívio e nervosismo, um turbilhão de emoções que só ele consegue provocar em mim.

Ele se senta na minha frente, seus olhos verdes me analisando com cuidado. Ficamos em silêncio por alguns instantes, o som suave da música ao fundo preenchendo o vazio entre nós.

"Biel, eu sei que as coisas parecem estar complicadas, mas precisamos resolver isso", digo, com um tom suave. "Eu sinto sua falta e... eu sei que sou difícil, mas vou tentar mudar. Você é a parte que me equilibra, e eu não posso perder isso."

Ele me olha por mais alguns segundos, depois solta um suspiro e se ajeita na cadeira. "Eu sei que você está tentando, Fábio. Mas precisamos encontrar uma forma de lidar com tudo isso sem nos machucar mais."

"É o que eu mais quero..."

"Boa tarde", interrompe um garçom um pouco mais velho que nós. "Você quer fazer o pedido?"

Sorrio olhando para ele. "Eu vou dar mais uma olhada no cardápio e já te chamo!"

Ele acena e dá de costas.

Pego o cardápio e olho a variedade de bolos que fazem minha boca salivar. Um pedaço generoso de cuca de goiabada cairia bem com um café com leite extremamente doce, bem do jeito que eu gosto!

Gabriel observa enquanto folheio o cardápio. Sinto seus olhos em mim, mas ele permanece em silêncio, dando-me o espaço que preciso. Finalmente, coloco o cardápio de lado e encontro seus olhos novamente. "Desculpa, eu só... eu fico nervoso e a comida me distrai."

Ele sorri de volta, um sorriso pequeno, mas sincero. "Eu sei, Fábio. E eu também sinto sua falta. Não quero que a gente se perca por causa dos nossos problemas. Mas precisamos de um plano."

"É, claro, precisamos de um plano", digo, respirando fundo. "Vamos tentar definir algumas coisas. Eu posso começar sendo mais paciente e quando eu não estiver me sentindo bem, a gente senta e conversa sobre. O que você acha?" 

"Sim, precisamos ser claros um com o outro. Eu acredito que o diálogo seja a base para qualquer relacionamento funcionar. E eu prometo ser mais paciente também. Sei que às vezes sou rígido demais."

Deixo escapar um sorrisinho. "Biel, você é a pessoa mais paciente que eu já conheci em toda minha vida. Sério! Eu amo isso em você."

Ele sopra uma risadinha e discretamente pega minha mão. "Você sempre sabe como me fazer sorrir."

"O garçom está voltando", digo, notando a figura familiar se aproximando. "Você vai pedir alguma coisa?"

"Não, eu não sabia que viríamos a um café, acabei comendo em casa antes de vir. Mas peça algo para você."

SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010Onde histórias criam vida. Descubra agora