Capítulo 16

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19 de março de 2010

Jean

O que eu sinto pelo Gabriel é algo totalmente diferente de tudo o que já senti. É como se ele trouxesse um novo significado para minha vida, um brilho que eu não sabia que existia. Quando estou com ele, sinto uma paz profunda, como se o mundo ao nosso redor desaparecesse e só restasse a sensação de estar completo.

Cada momento ao lado dele é mágico. O jeito que ele sorri, o brilho em seus olhos verdes, a maneira como ele me entende sem precisar de muitas palavras, tudo isso me faz sentir especial de uma forma que nunca experimentei antes. É como se ele fosse uma extensão de mim, alguém que entende minhas dores e alegrias, que celebra minhas vitórias e me consola nas derrotas.

Estar com ele, mesmo que como amigo, já é um privilégio. Ele me inspira a ser uma pessoa melhor, a enfrentar os desafios com coragem e a ver a beleza nas pequenas coisas da vida. Ele é meu porto seguro, meu confidente desde sempre, meu melhor amigo e o amor que guardo em silêncio. Com Gabriel, não há medo ou dúvida, apenas a certeza de que estamos juntos para o que der e vier.

Ainda assim, o peso desse segredo é enorme. Às vezes, a vontade de confessar é quase irresistível, mas então lembro de como é precioso o que temos e me assusta perder isso. Estou preso entre o desejo de expressar meu amor e o medo de afastá-la. E assim, continuo vivendo essa dualidade, guardando para mim o que sinto e torcendo por sua felicidade, mesmo que não seja ao meu lado.

O que é totalmente o oposto do que sinto por Manuela. Com ela, os momentos eram agradáveis e confortáveis. Podíamos rir juntos, conversar por horas, e eu sabia que podia contar com ela. No entanto, ao mesmo tempo, sentia que estava sendo injusto por não conseguir retribuir o amor que ela sentia por mim na mesma medida. Ela sempre foi maravilhosa, e me sentia bem ao seu lado, mas é como se faltasse alguma coisa, uma chama, sei lá, que só Gabriel consegue despertar em mim.

Então, quando Manuela terminou comigo, parte de mim se sentiu aliviado pela decisão ter partido dela. A culpa que eu carregava por não conseguir amá-la da mesma forma se dissipou um pouco, como se eu tivesse sido liberado de uma obrigação que não conseguia cumprir plenamente. No entanto, também estou triste. É uma mistura de alívio e tristeza. Alívio porque agora posso ser honesto comigo mesmo sobre os meus sentimentos, sem a necessidade de fingir. Tristeza porque ela, que foi uma parte importante da minha vida, não estará mais ao meu lado como minha namorada.

"E o que ela disse?", pergunta Thayse, olhando diretamente nos meus olhos enquanto deita a cabeça sobre os braços cruzados na mesa, sua expressão cheia de curiosidade e preocupação.

Solto um suspiro pesado e forço um sorriso. "Ela disse que está confusa sobre o que sente. Precisava de um tempo para pensar melhor sobre nós... sobre tudo, sei lá."

Thayse franze as sobrancelhas, a confusão estampada em seu rosto. "Então vocês só estão dando um tempo?"

Balanço a cabeça lentamente, sentindo um nó se formar na garganta. "Não. Eu não acredito nesse lance de 'dar um tempo'. Para mim, é só uma maneira de adiar o inevitável. Então, terminamos mesmo. É definitivo."

"Entendi..." Ela se endireita na cadeira, a expressão suavizando um pouco enquanto processa a informação. "Deve ser difícil para você. Vocês pareciam felizes, ou, sei lá, algo parecido com isso!"

"Pois é! Mas talvez esse seja o melhor caminho para nós dois, mesmo que doa agora."

Ela estende a mão e segura a minha, oferecendo um sorriso reconfortante.

Ficamos assim, em silêncio por um momento, compartilhando o peso da decisão tomada e a incerteza do que virá a seguir. É estranho pensar que Manuela e eu não estamos mais juntos, especialmente agora que a banda está firme e forte. A música meio que nos uniu, mas agora somos apenas colegas de banda, sem aquela cumplicidade e paixão que um dia nos ligou tão intensamente.

SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010Onde histórias criam vida. Descubra agora