SCHOOL FLAMES - TURMA DE 2010

Capítulo 26

01 de maio de 2010

Thayse

Finalmente chegou o dia tão esperado. Hoje, vamos gravar nosso primeiro videoclipe e a expectativa está no auge. O galpão onde vamos filmar algumas das cenas está transformado para servir de cenário para um teatro abandonado. O espaço é vasto e um pouco escuro, com grandes janelas cobertas por poeira e vigas de madeira expostas. As paredes são de um tom cinza desgastado, com restos de papel de parede caindo e rachaduras que adicionam um toque de decadência ao cenário. No centro, há um palco improvisado de madeira, cujas tábuas gastas e desbotadas sugerem um passado de intensa atividade. As bordas estão desgastadas, com lascas faltando em vários pontos

Os equipamentos estão espalhados por todo o galpão – câmeras de filmagem, luzes estroboscópicas e cabos emaranhados criam uma cena que é ao mesmo tempo caótica e fascinante. A equipe está ocupada montando e ajustando as luzes, criando efeitos que darão vida ao cenário. O cheiro de tinta fresca e cimento mistura-se com o aroma antigo e empoeirado do espaço, um lembrete constante do contraste entre a nossa visão e o ambiente real.

"Thay", exclama Mayra se aproximando, com os olhos arregalados. Ela examina meu figurino com um entusiasmo genuíno. "Você está..." Ela para por um momento, parecendo encontrar as palavras certas, e então solta: "Terrivelmente linda!"

Sopro risadinha e desvio o olhar para o enorme espelho à minha frente. A imagem que vejo é um contraste marcante com suas palavras. Estou usando uma regata branca velha, que parece ter passado por muitas aventuras, e uma calça jeans completamente rasgada em vários pontos. A sujeira e as manchas ao longo do meu figurino só adicionam à aparência desleixada. Meus cabelos estão bagunçados, com fios soltos e despenteados que se misturam ao cenário do galpão abandonado.

"Terrivelmente linda?", murmuro, arqueando a sobrancelha esquerda. "É a primeira vez que alguém me descreve assim!"

Mayra ri, balançando a cabeça, com um brilho de diversão nos olhos. "Você sabe o que quero dizer." Ela se aproxima ainda mais de mim, e antes que eu possa reagir, ela me beija suavemente nos lábios.

"Hey, já chega com essa lesbianidade", brinca Jean, brotando ao nosso lado com um sorriso travesso. "Como eu devo te chamar, Thay? Miss, cunhada, irmã, melhor amiga, bonitinha...?"

Eu olho para ele, tentando manter a compostura, mas não posso evitar uma risada. A maneira como ele introduz o assunto com tanta leveza sempre consegue desarmar qualquer tensão.

"Ah, você sabe como é, japa", digo, dando uma leve cotovelada nele. "Ainda estou tentando me acostumar com esses títulos todos. Mas acho que 'melhor amiga' funciona bem por agora."

Ele ri, com um brilho malicioso nos olhos. "Ótimo! Porque 'cunhada' parece um pouco cedo."

Jean também está vestindo roupas velhas, uma calça jeans surrada e uma camiseta branca suja e com alguns rasgos. Seus cabelos escuros estão bagunçados, como sempre, com fios em todas as direções, dando-lhe um ar de despreocupação e charme natural.

Nós dois estamos mais próximos do que nunca depois daquela conversa profunda e sincera na escola. A intimidade que desenvolvemos se revelou ainda mais quando eu finalmente me abri sobre o retorno inesperado da minha mãe.

Eu realmente pensei que tinha superado tudo, que havia encontrado uma maneira de seguir em frente. Mas, de repente, ela ressurgiu, não como uma fênix renascente das cinzas, mas mais como uma ratazana vinda do esgoto. A volta dela trouxe de volta uma avalanche de sentimentos e confusão.

Eu me sentia como se tivesse dado alguns passos para trás, como se todo o progresso que havia feito para superar o passado tivesse sido em vão. As emoções que estavam se acumulando, o alívio que eu tinha sentido por finalmente ter uma rotina estável, tudo parecia desmoronar diante da aparição dela. A realidade de enfrentar minha mãe novamente, agora sob uma luz que mostrava suas verdadeiras cores, era muito mais dolorosa do que eu tinha imaginado.