❥ 𝓐 𝓐𝖒𝖆𝖓𝖙𝖊 | 𝔍𝔢𝔫𝔩𝔦𝔰𝔞

❥ 𝟭𝟱. 𝙿𝚊𝚛𝚌𝚎𝚒𝚛𝚊 𝚍𝚎 𝚙𝚊𝚛𝚝𝚘

Lisa não tinha certeza de como ela acabou nisto.

Ela estava sozinha dentro do elevador com a pessoa que ela tinha certeza que irradiava energia negativa. Elas estavam em extremos opostos, a grande lacuna entre elas representando o vazio que separava o coração que não conseguia perdoar e o coração que queria cuidar.

Jennie estava com sua legging preta e um pulôver solto que tinha uma estampa de Pikachu na frente, alheia ao amor de Lisa pelo personagem. Lisa zombou de desgosto ao ver seu personagem favorito sendo usado por sua pessoa odiada. Lisa estava encostada na parede do elevador, segurando a bolsa de Jennie com força. Mais uma vez, Grace teve a audácia de convencê-la duramente, forçando-a a entrar na situação que exigia estar com Jennie.

— Dê um descanso para esta velha, ok, Lisa? — Grace havia dito. Então ela concordou, antes que Grace ameaçasse outro alimento de sua lista.

Lisa ouviu a risada insultuosa de Grace enquanto olhava para os números vermelhos brilhantes que brilhavam na tela acima. A viagem até o saguão foi dolorosamente lenta e silenciosa. Foi a primeira vez que ela se arrependeu de ter escolhido morar no 38º andar, depois de ver o número 20.

Depois do incidente do sorvete dias antes, estar perto de Jennie, só as duas, para dizer o mínimo, ainda era raro, angustiante e estranho. Notavelmente, não foi por causa do caso, mas pelo tratamento que Lisa deu a ela. Suas palavras foram humilhantes, chamando-a de 'vagabunda' e 'chippie', mas nem uma vez ela ouviu a outra mulher reclamar, não que ela esperasse que ela fizesse isso. Jennie estava morando com ela e, afinal, recebia o necessário para o bebê.

Cinco meses se passaram desde a chegada de Jennie à sua porta. No momento em que a viu pela primeira vez, Lisa nunca sentiu desejo, a necessidade de fazê-la sentir cada partícula de ódio que sentia pela amante. Mas com o passar do tempo, Lisa viu como Jennie lidou com uma pessoa que poderia facilmente destruí-la. Ela viu como Jennie passou a amar seu filho ainda não nascido. E Lisa, ela se agarrou ao ódio.

Foi a coisa mais fácil de fazer.

Mas depois de ver as cicatrizes nas costas, a curiosidade começou a substituir o sentimento de ódio. Ela tinha a sensação de que precisava saber, ou era apenas um comportamento humano normal ficar curioso sobre algo que não conhece?

E finalmente o tão esperado 'Ding!' ressoou dentro do espaço confinado. Assim que as portas se abriram, Lisa saiu primeiro, mergulhando no mar de gente dentro do saguão. Todo o andar estava lotado, tendo um evento realizado dentro do prédio convocando toda uma massa de gente. Empurrando com os ombros, ela fez um bom caminho em direção à limusine que as esperava lá fora. Por mais que pressionasse, ela pediu desculpas às pessoas, mas ela realmente precisava passar. Ao ver as portas de vidro, quase deu um pulo de alegria.

Quase. Isso até que ela olhou para trás.

Jennie estava cercada por uma multidão, ciente de sua baixa estatura e nada mais além dos estranhos ao seu redor. Pelos pequenos espaços entre as pessoas, ela viu como a mulher lutava para passar. Lisa começou a respirar com mais dificuldade. Eles não a veriam e ouviriam tão facilmente. Eles iriam colidir com ela. Ela odiava a mulher. Ela deveria deixá-la em paz. Mas imediatamente seus pés a levaram até Jennie, forçando seu braço nos espaços que levavam até ela.