Capítulo 38

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Narrações intercalada

Clara narrando

Fui andando pra casa e ligando pro Walace e ele de ruim não atendia. O meu coração sambava dentro do meu peito. Cheguei na rua da minha casa e de longe eu já vi o bloco todo formado.
Fui chegando perto me tremendo todinha.
Quando eu me aproximei  eu vi o cacau em cima de uma moto.
Entrei na sala e vi o Walace sentado no sofá, com um cigarro nos lábios, me olhou de cima a baixo e voltou a olhar para tv.

— eu te liguei várias vezes e você com celular do lado, não quis me atender. — sentei ao lado dele, tentando não demonstrar o meu nervosismo. Fiquei esperando a resposta e ele simplesmente não disse nada. — eu estou falando com você. — balancei a perna dele. — quando você vier falar comigo eu não vou te responder também. — levantei do sofá e subi para o quarto.

Entrei dentro do banheiro para tomar banho. Tirei a minha roupa e já fui entrando no boxe, abri a torneira e a água começou a escorrer pelo meu corpo, peguei o sabonete líquido no suporte coloquei um pouco na minha mão e fui passando pelo corpo. Passei por toda parte e quando chegou na minha parte íntima, por incrível que pareça, acabei  me lembrando do beijo do cacau. Aquele beijo foi digno de Hollywood, nunca dei um beijo tão gostoso em toda a minha vida. Uma pena que tem que ficar no esquecimento.
O Walace já matou duas pra matar a terceira e rápido demais, tá repreendido!

(...)

Walace

De poucas coisas que eu me arrependo nessa vida, uma delas foi ter agido daquele jeito com a clara, deixei a paranóia do passado se fazer presente no meu relacionamento.
Agir por impulso e eu odeio isso, porque tudo na minha mente tem que ser de caso  pensado, pra depois não se arrepender e nesse caso eu fiquei muito arrependido.
Eu não deveria ter feito o que eu fiz com ela, me arrependi tanto, que tentei rever a merda que eu fiz. Devolvi a liberdade dela que eu nunca deveria ter tirado.
Quando a clara chegou a minha mente focou em tudo que coisa menos na presença dela, não ouvi nem o que ela falou de bolada ela subiu.
Esses últimos dias a minha mente está completamente atordoada com lembranças do meu passado e ele veio com tudo. Hoje seria o aniversário da Alane e pra ser sincero? eu ainda lembro muito dessa maldita, uma vez ou outra ela vem na mente e tudo o que a gente viveu  se faz presente na minha vida e tudo que eu fiz com a clara foi com medo que ela fizesse a mesma coisa que a Alane me fez. A maldita da alane, foi  a primeira mulher que eu me apaixonei na vida, fiz de tudo por ela, tirei ela da miséria que ela vivia no México, assim que eu bati o olho nela eu me apaixonei.

flashback

Guillermo: Nuestras vitaminas llegarán pronto
— bateu no meu braço e sentou em um banco.

— o que isso? — fazia apenas três dias em que eu tinha entrado para o tráfico e não entendia muito bem as coisas que eles falavam. Olhei para o meu pai pra ele traduzir.

Pai: ele disse:  que daqui a pouco as nossas vitaminas vão chegar. — sorriu e esfregou as mãos. — eu estou necessitando dessas vitaminas, eu preciso ficar forte! O meu pai e um dos braços direito do comando dessas áreas.

Guillermo: La comadre Mariana dijo que mandaría mejores, ya se me hace la boca agua. — olhei pro meu pai já ficando nervoso, não consigo entender quase nada que esses homens falam.

Pai: a comadre mariana disse que iria mandar umas melhores, a minha boca já está salivando. — olhou a hora no relógio. — fica tranquilo arturo, daqui dóis ou três meses você já vai conseguir entender melhor. Arturo e o meu segundo nome.

Guillermo: puedes enviarlos. — falou no rádio transmissor. — llegaron las vitaminas. — levantou do banco e já foi acendendo um cigarro.

Olhei pra porta e vi umas oito garotas entrando, todas estavam com a cabeça abaixada.

Pai: escolhe uma dessas arturo e vai pro quarto. — olhei fixadamente para uma de cabelo loiro e apontei. — Levanta la cabeza tú que llevas ese vestido rosa. — assim ela fez, apontei com a cabeça pra ela subir as escadas.
— coloca ela pra cheirar cocaína.

(...)

Quando eu conheci a Alane, ela estava se prostituindo, ela me disse que estava sendo forçada a fazer essas paradas por causa de uma dívida. E desde esse dia a gente nunca mais se separou na época ela tinha treze anos e eu quinze. Mas nada, o que fiz por ela foi o suficiente, e  na primeira oportunidade de me apunhala pelas costas ela fez.
A minha família sempre gostou muito dela e principalmente a minha mãe que sempre apoiou o nosso relacionamento.
A mãe e brasileira mas o meu pai e mexicano, então graças a isso eu tive acesso aos dois lados e em ambos os lados eu conheci o errado.
Quando eu saí do Brasil pela primeira vez eu tinha dez  anos de idade, a gente foi morar em uma comunidade chamada Chiapas que era e é dominada pelo tráfico de drogas e meu pai já fazia parte disso a muito tempo.
E hoje em dia ele está preso e vai morrer dentro da cadeia, as leis do México são mais rigorosas do que as do Brasil que é uma merda em todos os sentidos. Mas pra ser sincero eu não sei qual país em relação a crime organizado e o pior, se o Brasil ou o México, mas pensando bem, nessa comparação o México ganha por causa do cartel de Sinaloa, esse cartel é sinaloa muito sinistro.

Esses últimos dias, foi muito cansativo por causa das  operações que estavam tendo aqui, veio dar uma amenizada hoje, nessa guerra de polícia contra bandido e uma parada que eu tenho total certeza e que o governo ou seja lá quem for das autoridades incompetentes,  porque competente eles não tem nada, porquê  o tráfico não vai acabar nunca. Tudo isso é um sistema de dinheiro, até porque tem muito político por trás envolvido e muita lavagem de dinheiro.

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