Capítulo 11: O intruso

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- Pode estar em qualquer lugar. - digo, olhando para o mapa, com minhas mãos apoiadas sobre a mesa. - Mas seguiu pro norte, saindo da Ilha Kyoshi.

Ergo o olhar para o meu tio que estava de frente para mim.

- Ele precisa parar para comida e água. - meu tio explica. - Pode até ser o Avatar, mas ainda precisa comer e beber. - ele ergue o copo de chá e o bebe, sorrindo.

Reviro os olhos e nego discretamente com a cabeça para ele, jogando minha cabeça um pouco de lado, cruzo os braços.

- Ele deve parar em cidades. - a voz do Zhao me faz lembrar que ele está ali, ouvindo a minha conversa com a do meu tio.

Meu tio olha para ele, faço o mesmo, ele bebe algo que está no copo, não está olhando para mim, mas sim para a estante atrás de mim.

- Posso acionar meus contatos... - me olha.

- Não! - o corto. - Eu já falei isso, ninguém pode saber da existência dele. - digo, com raiva.

Ele coloca o copo sobre uma pequena mesa ao seu lado, volta a me encarar.

- Sim, senhor, mas, com todo respeito, nós só temos essa vantagem enquanto o Avatar estiver nessa região. - ele se levanta e caminha na minha direção, ele para do meu lado e aponta para uma região específica no mapa.

Olho para onde ele está apontando, coloco os braços para trás do corpo e respiro calmamente.

- Se subir demais pro norte... - ele circula sobre o mapa novamente.

- Há tropas da Nação do Fogo por lá. - meu tio concorda. - Eles vão descobrir.

Olho para o meu tio, pensando na mesma linha de raciocínio que ele, desço o olhar e fixo em algo, ouvindo os dois.

- É por isso que eu sugiro que o senhor permita que eu acione algumas fontes confiáveis. - ele pede novamente.

Puxo o ar pesado, meu tio me olha, com os olhos arregalados, ergo o olhar para ele, travo meu maxilar.

- Elas não têm que saber mais do que o necessário. - ele continua com a desculpa de chamar ajuda para ele.

Meu tio me olha, ergue as sobrancelhas e joga a cabeça para o lado, fazendo com que eu pense na proposta. Não tenho saída, ou eu descubro onde o Avatar está, ou ele vai usar para conseguir o que quer.

Mordo o canto da boca, olho para ele lentamente, de canto, concordo lentamente com a cabeça, travo o maxilar e volto a encarar o mapa, concordo sem olhar para ele, com o arrependimento já batendo em mim.

- Pois bem. - ele passa por trás de mim.

Com a cabeça baixa, penso seriamente em cancelar aquilo e eu mesmo me virar em achar o Avatar, mas agora que estava tudo indo de acordo com o plano do Zhao, se ele me traísse, seria o primeiro que eu iria atrás.

- O navio do comandante acabou de chagar. - o Tenente do meu navio chega, anunciando.

- Bem na hora. - ele fica do lado do Tenente, que não olha nos meus olhos. - Pela Nação do Fogo. - se curva para mim e novamente para o meu tio.

Ele sai, me deixando sozinho com o meu tio e o Tenente.

Reviro os olhos, junto as mãos e me apoio sobre a mesa, travando o maxilar, cansado daquela farsa minha e a dele.

- Eu não gosto dele... - comento.

Meu tio solta uma risada.

- Ele tem uma natureza desagradável. - meu tio diz.

- Falei com a tripulação dele. - o Tenente começa a falar.

Baixo a cabeça mais um pouco, fechando meus olhos, com a voz do Tenente vindo até mim e a dor de cabeça latejando.

- Dizem que o Zhao reprovou no treinamento de oficiais três vezes. - ele comenta, como se fosse uma conversa entre amigos.

- Por acaso, eu pedi a sua opinião? - grito, abrindo os olhos e olho para ele.

Ele fica ereto, olhando para baixo, ignorando meu olhar.

- Eu peço desculpa. - ele fala.

Ouço o seu tom de medo quando ele fala, ele se curva e sai, me deixando com o meu tio e com a minha raiva, baixo a cabeça, volto a ficar ereto, olhando para o meu tio, com o copo ainda em mãos.

- Ele só estava tentando ajudar. - ele me orienta.

Me pergunto, se aquilo era sério? Mesmo assim, talvez ele esteja certo.

- Ele está espalhando boatos sobre um oficial superior. - corrijo meu tio, que joga a cabeça de lado e me olha com dúvida.

- Um oficial de quem você não gosta. - ele completa.

- Não, não é por isso! - tento argumentar. - Existe uma ordem que deve ser seguida. - respiro, antes de continuar. - Regras. - ergo o olhar para o meu tio, voltando a falar. - Nós somos a Nação do Fogo, até mesmo aqui. - completo.

Meu tio concorda, desço o olhar e abaixo a cabeça, para não encontrar o seu olhar de questionamento, o mesmo que ele sempre fazia quando eu dizia algo que ele me ensinou, olho para o mapa, vendo por onde o Avatar passou e percebo que só teria um lugar, um próximo elemento que ele poderia dominar.

- Principalmente aqui.

Olhando para o mapa, a única cidade próxima era Omashu, onde o rei, assim como o seu povo, são dobradores de Terra, se o Avatar quisesse dominar todos os elementos, ele teria que começar pelo lugar mais próximo a ele.

Ergo o olhar para o meu tio, que ingere o chá, ainda com o copo nos lábios, me olha.

- Já sei a onde vamos. - completo, saindo da sala.

Avanço pelo corredor, indo em direção à sala de comando. O tenente está lá, de cabeça baixa, assim que me vê, fica novamente ereto.

- Trocar de rumo para Omashu. - ordeno, sem olhar para ele e sim para frente.

- Sim! - ele concorda.

Ele olha no mapa à sua frente, move o leme e começa a virar o barco em direção a Omashu. Assim que vejo a direção que estamos indo, dou as costas para ele e desço para o meu quarto, antes que eu chegue nele, meu tio está com algumas roupas diferentes, ele joga algumas para mim.

- Omashu, onde a Nação do Fogo é o inimigo! - ele explica. - Coloque isso, se disfarça assim como eu irei. - ele mostra a roupa, erguendo para que eu veja.

Ele passa por mim, olho para a roupa em minha mão e nego com a cabeça, entro no quarto, me trancando logo em seguida, com o livro que roubei na biblioteca aberto sobre a minha cama, na página que contava a história da Nação do Gelo.

A PROTETORA DO AVATAR - [ZUKO]Onde histórias criam vida. Descubra agora