Capítulo 30: Sobrevivendo

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  Questiono a mim mesmo em que momento eu soltei Miyuke para ela sumir.

- Eu não sei nadar!

As palavras dela me vieram à mente mais rápido que meu corpo podia processar, olhei em volta, sem conseguir ver nada devido à escuridão.

Mergulho, vendo Miyuke com os olhos fechados e os braços acima da cabeça. Nado em sua direção, sentindo uma dor em meu peito, algo que eu nunca tinha sentido antes. Deveria ter avisado ela antes de nos jogar na água, mas a verdade é que não havia dado tempo de processar já que o bote estava prestes a explodir.

Pego seu pulso, puxando para mim, seu cabelo se soltou em algum momento do dia, a puxo contra o meu corpo, virando para levarmos para fora da água.

Puxo o ar com tudo assim que saímos, olho para o lado, batendo meu corpo para ficarmos inertes, Miyuke não acordava e eu não sentia o seu peito subir e descer.

Nado em direção à praia, onde não tinha ninguém, nem mesmo os guardas do Zhao.

Empurro nossos corpos o mais forte que eu conseguia, assim que sinto a areia nos pés, me levanto, puxando Miyuke para cima, passo seu braço sobre meu ombro, minha mão segura a sua cintura com força, as roupas estavam passando nossos corpos, mais que o necessário.

Ando, ficando o mais longe possível da água e da visão dos navios em nós, escondo os nossos corpos no meio da mata, olhando em volta para conferir se não fomos seguidos.

A jaqueta da Miyuke estava aberta, revelando a camiseta branca, abro mais ainda a jaqueta e começo a fazer pressão sobre o peito dela, várias vezes num ritmo rápido e esperando que ela volte a respirar, uma vez, quando estava numa ilha, procurando o Avatar, vi uma enfermeira fazendo isso, logo pedi para ela me ensinar. Continuo fazendo pressão no peito, desejando muito que ela abra os olhos azuis que me atormentou desde o momento em que a vi, dias atrás.

Aqueles olhos azuis me atormentavam de um jeito estranho, não de um jeito ruim, mas também não era de um jeito bom.

Prendo a respiração quando percebo que ela não abre os olhos e muito menos retorna a respirar, meus braços estão dormentes e com eles o cansaço dos meus músculos, paro de fazer pressão, colocando minha mão sobre a bochecha dela, tão fria e, ao mesmo tempo, tão...

Não queria dizer as palavras, não queria que eles fossem verdades ao ponto de não conseguir respirar. Olho para cima, olhando as estrelas brilharem mais do que a lua naquele dia.

A Lua!

Penso severamente nela, em como não estava visível, assim como a respiração dela, me ajoelho mais perto dela, seguro o seu rosto com as duas mãos, fazendo os olhos ficarem na minha direção.

Engulo em seco para o que eu estava prestes a fazer, prendo a respiração, abro seus lábios, o suficiente para entrar o ar, assim que aproximo meus lábios nos dela, envio ar para dentro, me afasto olhando para seu rosto, ela tossiu cuspindo água para cima, seus olhos se apertam, a ajuda a se sentar, ela abre os olhos e me encara, seus lábios se abrem mais ainda, puxando o ar que estava no local, a nossa volta.

Ela me abraça, com força, retribuo o seu abraço, com força também.

- Desculpa, eu deveria ter falado antes de nos jogar para fora. - digo, com um tom baixo.

Ela se afasta para me encarar, olhando em meus olhos, ela nega.

- Tudo bem, eu que deveria ter avisado antes. - ela diz no cochicho.

Nego com a cabeça, segurando seus ombros, ela olha para os lados, desviando o nosso olhar, acompanho o seu olhar, olhando para a floresta em que nos enfiamos, Miyuke se levanta, olhando para onde a trouxa.


Acompanho o seu olhar, ficando ao seu lado e de pé, vejo o bote pegar fogo, se eu não tivesse nos jogado para fora, Miyuke estaria queimando.

- Mais que ideia mais idiota. - Miyuke quase grita. - Tentar matar o Príncipe do Fogo com fogo. - ela vira o rosto para mim. - Como esse cara se tornou um General? - me questiona.

Dou de ombros, olhando para ela, vejo o navio do Zhao perto do meu, ignoro aquilo, indo mais para dentro da floresta, Miyuke estava mais à frente, sempre olhando sobre o ombro para conferir se eu ainda a seguia, ela para e se ajoelho, acompanho o seu movimento.

- Temos que dar um jeito de voltar para o navio. - ela sugere.

Faço ela me olhar, nego com a cabeça.

- Não, você vai voltar para o Avatar, eu vou me infiltrar no navio do Zhao, assim que chegarmos lá, vou atrás de vocês. - digo, sem ao menos deixar ela discordar.

- O quê? - ela questiona.

- O Avatar disse que iria vir atrás de você, você tem que encontrá-lo antes que ele encontre o Zhao e o Zhao descubra que você estava comigo. - explico.

- Isso se ele já não souber. - murmura para si, mas consegui ouvir.

Concordo com um movimento de cabeça.

- Tá! - ela olha sobre as plantas que nos cercavam. - Eu sei exatamente para onde Aang está indo, se eu tiver sorte, encontrarei com ele no meio do caminho.

- Certo!

Algo a puxa para trás, ela cai de costas, ergo o olhar e vejo uma chama surgir da mão do soldado. Um segundo segura meus ombros e me puxa para longe dela, ele soca o meu rosto, me fazendo cambalear, um grunhido feminino faz meu coração disparar. Consigo desviar do segundo golpe, juntando minhas mãos e lançando o meu poder no rosto do mesmo. Percebo que ele está desmaiado e com o rosto queimado, me viro para Miyuke, o cara ainda estava sobre ela, com as pernas em volta do seu corpo, segurando os seus pulsos em cima da cabeça dela, ela se debatia para se soltar e tentava usar os poderes para isso.

Avanço sobre ele, o puxando para longe dela, coloco minha mão na frente do seu rosto, o queimando, Miyuke surge do meu lado e o soldado arregala o único olho que não estava queimando, Miyuke estica o indicador e encosta nos olhos dele, o congelando, o corpo cai, metade queimadura e metade gelo.

A olho, ela ainda estava olhando para o soldado, puxo-a para longe dele, a virando de costas para ele, ela me encara, com um olhar distante e perdido, suas mãos tremiam, as seguro para afastar aquela tremedeira.

Ela me olha, arregalando os olhos, com eles se enchendo de lágrimas.

- Tem que ir, agora! - peço. - Antes que mais deles apareça. - minha voz quase saiu como um súplico.

Ela concorda, puxando o ar e olhando para mim, ela me dá as costas e corre na direção oposta, olho para os dois corpos no chão, me aproximo do que derrubei e começo a tirar sua armadura e a vesti-lo, ignoro os dois e caminho por uma trilha que dava para a praia, onde mais dois soldados aguardava os dois que eu e Miyuke matamos, eles me encaram.

- Cadê o Fir? - questiona o da esquerda.

Dou de ombros.

- Deixa para lá, ele deve ter desmaiado de bêbado em algum canto.

O cara bêbado, foi o que tentou estuprar Miyuke, os dois guardas à minha frente me dão as costas e entram no bote, vou atrás, me sento e começo a remar, ajudando o guarda que me questionou do homem.

Chegamos logo no navio do Zhao, ainda ao lado do meu, caminho para o único posto que eu poderia imaginar que era o do homem, mesmo assim, nenhum deles me interrompeu.

Não sabia mais o que fazer, apenas aguardava pelos próximos passos do meu tio. 

A PROTETORA DO AVATAR - [ZUKO]Onde histórias criam vida. Descubra agora