Em cima dos palcos

03 Cartazes

~ Violet Claire~

Falta poucos minutos para que eu suba até o palco e inicie o show no Rio. Minhas mãos tremem com medo do que pode acontecer, limpo a garganta e faço exercícios com a voz. Minha amiga de cachos saltitantes chega e diz que tudo dará certo e que as pessoas já esqueceram isso. Claramente mentira. Não faz nem 10 horas do ocorrido na sessão de fotos, imagina agora.

Ouço berros com meu nome e me animo , dou um beijo na bochecha da morena e agarro o microfone. Subo ouvindo os gritos se intensificarem e as palmas também. O nervosismos de repente some e eu me sinto mais viva do que nunca, com a melodia da música levando meu corpo.

— Boa noite, Rio de Janeiro! - grito sorrindo e as pessoas começam a cantar junto a música.

Vejo casais se beijarem, mães e filhos sorrindo, e isso é a minha força para continuar. Seguro o microfone o levando até o show e me levanto novamente curtindo as batidas da canção. Sigo perfumando com uma das dançarinas do meu balé, ela agarra minha cintura dançamos juntas.

O público parece ir a loucura quando todos os dançarinos  se juntam em cima de mim e fazemos uma performance linda. Na plateia vejo até mesmo alguns famosos cantando junto conosco. Me dirijo até a plataforma que me fará flutuar e começo a cantar minha música lenta, confesso que não contenho as lágrimas quando essa toca.

É uma música muito significativa para mim pois diz muito sobre minha pessoa e sobre minha trajetória. A plataforma começa a subir e me senti na ponta dela com as pernas para fora. As luzes ficam baixas apenas em vermelho e canto sussurrando. Abaixo minha cabeça enquanto canto para evitar que vejam minhas lágrimas rolaram pela minha face. Quando limpo as mesmas na blusa, o público está chorando, estão chorando junto comigo.

Talvez emocionados pela história, talvez pela vibração ou energia. Avisto bem ao longe, um homem se abaixar e pedir sua amada em casamento. Me emociono e aponto para o casal, alguns tem os olhos tão pregados na plataforma flutuante que mal se viram para olhar. A câmera mostra a cena no telão a menina parece explodir de alegria ao ver que está sendo filmada sendo pedida em casamento.

Um pouco mais próximas do palco, duas garotas chorando selam os lábios e fazem juras de amor uma para a outra. Sinto meu coração se aquecer.

— Eu amo vocês - digo quando sou posta novamente em terra firme.

Todos gritam. Caminho pela passarela e vejo algumas coisas que fãs jogaram na mesma, pego a bandeira do Brasil e me cubro cantando mais uma canção. Pulando pelo palco me vejo suar horrores. Termino mais uma a corro para tomar uma água rápida.

— Galera... que show lindo da porra - digo cobrindo a boca após falar o palavrão, o povo ri. — Mãe, me desculpe por isso, ela com certeza está assistindo. - digo fechando a garrafa.

Em questão de segundos, uma pessoa passa correndo pelo palco segurando um cartaz e uma faca vindo em minha direção. Mal dando tempo de me mexer, um segurança se joga na minha frente, o cartaz estava em inglês justamente para que eu possa ler. "Vadia! Estamos com Bruno"

Um segurança tenta conter a mulher que me dirige inúmeras palavras, com certeza a porra de palavrões. A plateia parece desesperada e começam a gritar com a garota loucamente. A loira foi contida e expulsa do ambiente. Assustada, Olívia corre em minha direção me tirando da visão das pessoas e me pergunta se está tudo bem:

— Como você está ? Ela bateu em você ? Foi tão rápido - fala rapidamente.

Aceno que não e digo que preciso voltar ao cenário. As pessoas ainda gritam pedindo para que eu volte. Olívia traduz tudo o que acabara de acontecer para que eu possa raciocinar. Pergunto a equipe como ela entrou com uma arma dessas e eles dizem que irão resolver as coisas.

Pego novamente o instrumento de trabalho e volto a falar com o público. Já cansada dessa história, resolvo eu mesma me pronunciar.

— Galera... Ainda estou um pouco assustada com o que acabou de acontecer mas... eu gostaria de deixar uma coisa clara aqui. Porra... Parem com essa história de Rivalidade entre as pessoas, eu não briguei com ninguém e não estou disputando nada com ninguém. Todas essas matérias que saíram com meu nome são falsas, não acreditem no que vocês veem na internet. Minha intenção nunca foi ferir ninguém, muito pelo contrário, eu apenas queria que fosse uma experiência incrível para vocês e para mim. - termino ouvindo berros de aprovação e palmas altas.

Com todo o ocorrido, finalizo o show como estava planejado e me despeço do Rio.

— Independente de tudo o que aconteceu nessa noite. Muito obrigada por tudo, vocês são maravilhosos. - mando beijos e saio dali.

(...)

Ainda indignada, Olívia parece querer virar a noite comigo no quarto falando o quão absurda a proporção do assunto chegou. Pergunto o que fizeram com a mulher e apenas me disse que ela foi expulsa do evento e levada a delegacia mais próxima.

Abro minhas redes e agora vejo novas histórias inventadas. Que eu sou uma falsa por falar tudo aquilo mesmo depois te ter dito que odeio o havaiano. Que eu sou uma golpista. Que sou uma aproveitadora. Que sou corajosa por ter que encarar tudo isso. Entre outros.

Estranho quando minha amiga finalmente fica quieta então volto a encarar. Seu queixo parece no chão e me posiciono ao seu lado para ler o quê seja lá esteja nesse celular.

— Ele se pronunciou, já faz tempo, deve ter sido na hora que aconteceu... só não vimos. - arranco o celular de sua mão e leio o que estava na publicação.

Ali, o cantor pede para que parem de inventar histórias patéticas sobre nós e desmente tudo o que está circulando,me pede desculpas por tudo e diz que adoraria me conhecer pessoalmente para que talvez façamos até um som juntos. Fico um pouco sem reação mas fico contente pelo seu pronunciamento.

Jogo o celular na cama e os olhos grandes da minha produtora nada profissional me encaram.

— Que bom, talvez agora que vocês dois se pronunciaram o povo pare com essa fanfic. Achei que ele não falaria nada e deixaria o assunto morrer. - diz ela baixinho.

— Espero que finalmente se convençam da verdade e- sou interrompida pelo barulho de notificação, agora vindo do meu celular.

Pego o mesmo e rolo a tela para ver o que estava acontecendo, simplesmente me deparo com uma mensagem de texto de Bruno Mars em minha caixinha.

Surto e quando abro o mesmo pede inúmeras desculpas pela repercussão que isso tomou, lamenta por não ter se pronunciado antes pois estava ocupado e não estava sabendo o que estava acontecendo e diz que é verdade que gostaria de me encontrar. Olívia se joga em cima de mim gritando e sorrio.

— Ele quer mesmo te conhecer! Imagina que foda seria uma música de vocês dois. - falou ainda sobre mim.

— Mas... mas pode ser apenas a assessoria dele, não é? - questiono a chutando daqui.

— a mensagem está muito informal, ele mesmo escreveu. Anda logo garota! Responde - diz.

Aceito seu convite?
Afinal, por que não aceitar ?