Em cima dos palcos

15 Fora do anonimato

~ Violet Claire~

Gritamos em comemoração a notícia que acabamos de receber, cacete. Duas músicas.

— Ao sucesso dessas duas estrelas - grita Olívia brindando e juntando as taças de nós todos.

Sorrio sentindo Bruno me abraçar pelas costas, estou feliz e ele também. Que bom que esse projeto está dando continuidade, vai dar certo. Todos bebem um gole deWhisky, faço uma careta sem encostar a taça nos lábios e puxo Peter pela mão, chamando-o para perto novamente. Ele não entende de primeira quando chego agarro a taça na sua mão e despejo disfarçadamente o líquido amarelo em seu recipiente.

Olho para com rindo vendo seu sorrisinho de canto. Não despejo tudo para não acharem que eu virei tudo de uma vez, deixando apenas um pouquinho. Me afasto colocando a beirada da taça na boca e fingindo beber. Mars ri silenciosamente dando de fato um gole. Puta merda, precisamos mudar essas bebidas de comemoração.

— Precisamos sair para comemorar. - diz o assessor de Bruno, que automaticamente me olha surpreso, por estávamos falando de sair esses dias.

Não demora muito para quase todo mundo falar que não iria, sinceramente uma vontade incrível de dormir a noite bate em mim. Encaro Olívia e indicando com o queixo a mesinha com bebidas um pouco afastada de todos que conversam antes de ir embora. Vejo que Bruno conversa com alguns da equipe e chego por trás puxando de novo sua mão, ele se afasta um pouco dos outros e jogo o resto de bebida alcoólica na sua faca.

— Obrigada. - digo dando tapinhas em seu ombro e indo até Olívia, ouvindo apenas sua risada abafada.

Puta merda. Mal me aproximo e vejo minha amiga virar mais um gole de uma vez, ela se assusta ao olhar para mim, talvez quisesse que ninguém visse isso.

— Ah, oi. - diz sem graça.

— Oi. - falo colocando mais um pouco de bebida na taça e Olívia me olha estranho.

Rodeio o beirada e olho para a mesma, nos entendemos por olhar e caímos na gargalhada, tentando se conter para que os outros não percebam.

— É... vocês dariam um bom casal. - falo um pouco alto e os olhos dela se arregalam. — Sua oportunidade tá aí. - dou uma piscadinha.

— Sua safada! Pensa que eu não consegui ver com quem você estava conversando antes de me expulsar? - fala não tão baixo.

Reviro os olhos bufando. Que loucura.

— Homens e mulheres podem ser amigos sabia ? - questiono indignada e vejo ela balançar a cabeça negativamente e rindo, entrego-lhe a taça com uísque para que Olívia cale a boca, mas ela não o faz.

— Podem, é claro que podem, mas... não acho que seja o caso. - diz mirando os olhos para alguém que se aproxima.

Bruno e Dylan, seu assessor e futuro peguete de Olívia, se aproxima rindo juntos. Observo o comportamento robótico da minha produtora, que agora parece querer explodir ou vomitar. Vejo a longa olhada que eles trocam, dou um leve sorrisinho, até sentir um olhar me queimar.

— E então ? Está fechado? Vocês vão sair? - pergunta o loiro, virando-se para mim Olívia parecer ter os olhos fora de órbita.

Batuco os dedos.

— Bom... e-eu não s-digo ao lembrar que preciso verificar a agenda, com certeza Olívia poderia ir sem mim caso eu não pudesse; mas antes que eu possa falar ela me corta.

— Sim, fechado... quando?

— Hoje a noite? - Dylan parece com medo de perguntar então faz uma careta, como se temesse que voltássemos atrás

— Ah... tudo bem, fechado - sorrio com sua animação.

Percebo que eles se envolvem em um assunto entre os três, e tento me afastar para sentar. Eu sempre fui bem quieta e observadora, gosto de ficar no meu cantinho vendo as pessoas, lembro-me do meu surto quando comecei a ganhar fama e exposição. Por isso mantenho minha vida pessoal rigidamente privada, no meio artístico isso é bem difícil.

Acredito que Bruno também tenha, ou pelo menos tente. Tomo um leve sustinho ao ver sapatos na minha frente e quando levanto a cabeça, óculos coloridos. O mesmo se senta ao meu lado e põe uma perna por cima da outra, deixando a visão de seu corpo jogado no sofá.

— Tentou fugir de hoje à noite, não é? Esperta você Vi. - falou debochado bebericando um pouco do líquido.

Não era bem essa a intenção. Abro a boca mas nada sai, e isso arranca um sorriso dele. Penso em algo para responder, algo para sair desse assunto. Do lado de fora, uma gritaria se forma, cortando meus pensamentos, ah merda! O que diabos está acontecendo?

Olho para a janela e sinto Mars me olhar intrigado, quando junto nossos olhares, eles parece entender. Antes de mim, Olívia sai de sua conversa tão profunda com Dylan e corre até a janela.

— Cacete. - ouço Olívia dizer, antes que eu levante, a mesma se vira para mim e faz um sinal para eu parar. O que caralhos está acontecendo?

— O que ? O que houve? - Bruno questiona também se levantando e ignorando o pedido de Olívia, seu assessor também tenta o impedi-lo.

Ignoro ambos e me aproximo, tentando enxergar por cima do ombro e me apoiando em Olívia e Bruno, que rapidamente tira a minha mão e tenta me empurrar para traz. Tiro suas mãos de mim e me estico mais. São algumas pessoas, não muitas mas uma proporção considerável gritando e levantando o punho com cartazes. Não consigo entender o que eles dizem, novamente Olívia tenta me puxar junto com Bruno e não consigo tirar ambas as mãos de mim.

— O que caralhos eles estão falando ? - pergunto já irritada pelos empurrões.

da boca de Olívia nada sai.

— Não sabemos direito, mas parecem irritados, fiquem aqui... vou mandar os seguranças para verificar- diz Dylan saindo da a sala de reunião da gravadora.

Olívia diz que tudo irá se resolver e sai, deixando apenas eu e Bruno e alguns da equipe, que se afastam o máximo para olhar os celulares. Peter parece irritado pelo jeito que mexe nos óculos e passa a mão no bigode. Chamo sua atenção para mim estalando os dedos.

— Ei, você conseguiu ver, o que está acontecendo? - questiono vendo sua voz hesitar. Insisto, vendo seu medo nos olhos, caralho.

— Pelo visto descobriram que estamos trabalhando juntos. - disse rápido. Ah.

— Me pareceram irritados... o que estavam dizendo ?

Um bufo, uma irritação, um semblante confuso.

— Nada, não estavam falando nada de relevante. - responde. Estavam falando algo de mim, não é uma novidade. Porque não quer me falar? Me tratar como criança não ajuda.

Eu já aguentei muito ódio na internet, agora não é nada novo.

— Eu já aguentei e aguento muito ódio na internet, não é novidade. - comento vendo seu rosto mais irritado.

— É diferente. - caminhou até as cortinas, as fechando.

Mais que merda