Em cima dos palcos

29 no limite do esgotamento

Leia até o final

~ Violet Claire ~

Quando adentro o ambiente, todos os olhos desesperados caem sobre mim. Olívia que estava fazendo buracos no chão quase deixa o celular cair assim que me vê. Cacete.

— V-Violet! Ai meu Deus... onde você se meteu? - perguntou agarrando meus braços apavorada, como uma mãe vendo uma filha voltar do aeroporto.

Os seguranças olham desesperados e um homem da equipe pega o celular, pelo visto fala com a polícia.

— Acionamos a polícia! Achei que tivessem te sequestrado! - fala cada vez mais alto. — onde estava? - travo encarando seus olhos arregalados. Tenho certeza que ela me xinga em português porque começa a dizer coisas que não entendo muito bem.

— E-eu dei uma volta com o ... Bruno. - digo.

— Isso eu sei, ele também desapareceu... para onde? Vocês foram vistos? - fala tão rápido que mal consigo entender.

— Fomos... a praia e demorados um pouco. - outras pessoas da equipe se aproximam e informam que já avisaram a polícia.

Ainda assim Olívia me faz um milhão de perguntas que mal tenho tempo de responder antes que ela me sufoque com outra. Quando tento pegar o celular de sua mão a mesma o esconde atrás dela.

— Ah, é... n-não é uma boa ideia - diz finamente mais devagar e voltando a piscar normalmente.

— Me de, eu preciso falar com a minha mae. - exijo mas ela nega.

— Nós podemos avisar, relaxe um pouco... - sei que ela acha que vou abrir as redes sociais mas quero realmente apenas falar com minha mãe e com Bruno.

— Olívia, é sério. Eu preciso do celular. - Ainda tentando relutar ela me entrega. 

Outros fazem outras milhares de perguntas mas apenas digo que posso explicar tudo amanhã. Livia corre atrás de mim para entrar no elevador mas não respondo nenhuma de suas perguntas mais e a porta se fecha antes que ela entre.  Subimos em silêncio, um silêncio muito barulhento.

Quando a porta do elevador se abre em outro andar, duas mulheres conversam alto. Os seguranças se fecham a minha volta e elas ficam em silêncio quando notam nossa presença. Ouço alguns cochichos como um "Meu Deus" "ela que está se aproveitando do Bruno Mars? Está viralizando" "Ele também está se pendurando nela".  Sem nem fazer questão de esconder elas dão risadinhas e outra puxa o celular. Rapidamente o homem ao meu lado fecha o elevador.

Meu sangue ferve e travo a mandíbula forte, sinto vontade de sair correndo desse hotel. O elevador finalmente chega no meu andar certo e dou graças a Deus por ele não ter parado em nenhum andar mais. Bato a porta do quarto e tento ignorar a conversa no corredor que perambula pela minha cabeça. Eu tento de verdade não ligar, antes eu realmente não ouvia, mas depois de um tempo... é inevitável não ligar.

O quarto está escuro e frio. Me sento na beirada da cama, procuro minha mãe e ligo, não demora nada para ela me atender.

— Ah. graças a Deus! Aonde você se meteu Violet Claire? Sabe o quanto é perigoso sair sozinha, ainda mais na situação de agora! Eu não acredito no susto que você me deu! - fala sem parar e sinto uma forte angústia no peito por tê-la deixado assim, seu rosto vermelho e inchado.

Meu olho treme um pouco e aperto os olhos. Parece que todo o bom humor foi aterrado. Que merda. Porra mais que merda.

— Me desculpe... aonde você estava ? - questiona de novo, um pouco mais tranquila.