11 Conversando com a Lua

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~ Bruno Mars ~

Hoje é o dia. Já se passaram dias desde a última vez que nos falamos, e agora recebo uma foto da mesma sentada em um carro e dizendo que está ansiosa. Sorrio e ajeito os óculos. Estou tão nervoso quanto, passei noites pensando em letras e letras para que a música seja um sucesso, sei que vai ser, Violet é uma mulher extremamente talentosa.

Vejo meu motorista me olhar pelo retrovisor e rio da sua intromissão.

— O que ?  - pergunto deixando o celular de lado e olhando para o mesmo a frente.

— Está ansioso? - responde com outra pergunta. Caralho está tão aparente assim?

— Estou exalando ansiedade assim? - avalio meu comportamento e não vejo nada demais.

Ele ri abafado com a voz de fumante, riu da sua risada.

— Sua perna não para de balançar. - diz tocando meu joelho atrás do seu banco.

— Quero fumar - respondo e ele diz que tudo bem se eu acender um aqui no carro, porém é muito fechado e não quero chegar com a roupa fedendo a fumo na gravadora.

Continuamos conversando ate finalmente chegar no local onde a assessoria de Vi já se encontra. Não resisto a vontade e procuro um lugar reservado mas aberto para que eu desconte essa ansiedade no tabaco. Procuro um lugar tranquilo e enquanto ando ouço barulhos de alguém quebrando alguma coisa, mas que porra é essa?

Me aproximo do barulho e avisto ninguém mais e ninguém menos que Violet Claire espancando a máquina de salgadinhos. Ela chuta o pé da máquina e choraminga, percebo que seu pacote ficou preso e rio baixo vendo que ela não percebe minha presença. Quando pigarreio Vi toma um pequeno susto e parece desconcertada.

— Está tudo bem aí? - questiono guardando o maço no bolso antes que a mesma veja.

Um sorriso engessado toma seu rosto repleto de vergonha. A mesma veste uma calça solta preta com uma blusa curta e um casaco pequeno por cima, seus tênis raivosos são brancos combinando com a estampa da camiseta.

— Ah oii, c-como é bom te vê pessoalmente- disse vindo ao meu encontro educadamente.

Nos abraçamos rápido e sinto o cheiro de seu perfume caro e de seu cabelo ondulado. Percebo seu nervosismo pela forma que gira o anel no dedo mindinho e pelo jeito que seu rosto ficou ruborizado. Cacete porque ela está tão nervosa.

— Finalmente saímos das telas - comento passamos pela mesma e pegando seu salgado que antes estava preso na máquina.

Entrego para a mulher que me agradece a caminhamos lado a lado até a sala de gravação, onde com certeza nossos assessores já conversam.

— Estou animada para começarmos, passei a noite pensando em letras - comentou abrindo o biscoito e me oferencendo, nego e continuamos  a conversa.

— Porra, eu te entendo! Eu trouxe algumas anotações no meu caderno, por favor não ria da capa - digo abrindo a porta para que ela passe e logo o jogo de cumprimentos começa.

Sorrio ao ver Olívia que Claire falava, ela é engraçada e com certeza bem menos tímida que Vi, que agora parecia estar. Sentamos nas poltronas e começamos a debater questões importantes sobre o projeto. Depois de muita conversa, decidimos ser uma música romântica, uma música com sentimento pare que a mistura de vozes cause um efeito profundo para quem for ouvir.

Mas, ainda penso na possibilidade de mais uma música só que agitada, com um clipe foda como em uma balada ou algo do tipo. Vi começa a soltar mais e encaro a mesma quando começa a falar sobre o que se passa em sua cabeça, gosto de suas ideias de trazer trechos de músicas antigas para a atual, apenas uma menção ou uma referência.

A vendo pessoalmente reparo em coisas que antes não era possível de notar, como a forma que sempre passa os cabelos para trás da orelha antes de se posicionar para nós, a mania de rodar o anel no dedo mindinho e a implicância direta com Olívia as torna além de uma relação de trabalho.

— Que tal vermos como a voz deles ficam juntos?
- perguntou Olívia quase pulando da cadeira. Meu assessor ri e concorda.

Eu e Vi vamos até os microfones e colocamos os fones, ela pergunta qual música e eles nos olham sem saber o que responder. Toco em seu braço a fazendo olhar para mim e sussurro para que ela me siga. Pergunto se posso começar e tomo iniciativa.

I know you're somewhere out there, somewhere far away. I want you Back , I want you Back - canto o começo de Talking to the moon e aponto para a mesma que segura o fone e ri.

You take me to heaven in your mouth, as hot as a burron... Talking to the moon... - ela canta uma parte de sua música e logo depois coloca mais um trecho da minha.

Apontando arminhas para mim sorrio com sua empolgação, vejo os rostos de nossos amigos pelo vidro testando vários efeitos na melodia que toca em nossos ouvidos. Ainda seguindo a linha de Talking to the moon, coloco a letra de Marry you.

Hey baby... I think I wanna marry you... Is it the look in your eyes or is it this dancing juice? - olho para ela que solta uma gargalhada ao se deparar com a letra da música.

Drunned in a bar, we danced together and ran away to the moonlight - termina com um pequeno agudo.

Batemos nossas mãos empolgados e tiramos os fones para ouvir as opniões dos outros. Saímos da grande cabine e voltamos ao sofá. Todos parecem um pouco estranhos e não entendo, olho para o assessor sem entender e ele e Olívia se entreolham, parecendo se entender por telepatia.

Violet me olha confusa e também não entendo essa reação.

— Ficou ruim? As vozes não se encaixaram? - perguntou apertando forte o fone.

Olívia então pula em cima da amiga e todos começam a comemorar. Porra. Solto o ar preso nos pulmões e comemoram, Claire e eu nos abraçamos novamente também comemorando a iniciada do projeto.

Eu gostei de como nossas músicas se encaixaram na melodia de Talking to the Moon. A energia da produtora está nos céus e tenho grandes esperanças desse ser um dos sucessos das nossas carreiras. 

— E se fizermos um álbum? - solto de repente deixando meus pensamentos intrusivos me vencerem, Olívia tosse e Vi me olha assustada.

— Um álbum? Inteiro? - questiona sua produtora.

— Sim? - explico, por mais que essa possibilidade seja uma em um milhão.

Um silêncio se instala. Novamente roda o anel.

—Poderíamos pensar nessa possibilidade não é? - questiona Claire quebrando o silêncio, que não demora muito a se instaurar novamente.

Nós olhamos tentando compreender o que os outros pensam. Merda, sei que será difícil mas não é impossível.

— Podemos avaliar- diz meu assessor junto com Olívia, em uníssono.

Vi dá um tapinha em meu braço e ri vitoriosa.

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