Violet Claire
Acordo tentando focar meus olhos em algum ponto no teto. Olho para a bancada ao lado da cama vendo alguns remédios que tomei para dormir espalhados. Eu não conseguia dormir, não depois das fotos e dos áudios de inúmeras pessoas que ando recebendo. Sempre que eu fechava os olhos as fotos e as palavras me ameaçando voltavam.
Fiquei quase que metade da noite dormindo acordada. Coço os olhos para tentar focar mas parecem lentes sujas, fico um tempo esperando a visão voltar ao normal. Quando pego o celular vejo mais mensagens chegando, mensagens de Olívia pedindo para que eu me encontre com ela o mais rápido possível. Isso me faz despertar. Estranho. Vejo que mais gente da equipe me manda mensagem.
Mais que porra tá acontecendo?
Lavo o rosto e escovo os dentes, ligo para Olívia mas ela não me atende. Vejo que minha mãe também me mandou alguma coisa. Jogo o celular na bancada da pia quando vejo o que está escrito. Mais que merda é essa?
"Eu vou te matar sua vadia nojenta". Cuspo a pasta de dente nervosa. Como assim?
Me assusto quando o celular toca alto, minha alma pula do corpo. Olívia. Agarro o celular, quase o esmagando na minha mao fraca.
— Violet? Violet! Larga o celular e me encontra agora.Invadiram o celular da sua mãe. - desligo o telefone, deixo tudo de lado para trocar de roupa o mais rápido possível.
Quando abro a porta do quarto percebo que há mais seguranças que o normal. Eu achava um exagero ter seguranças na porta do quarto quando o andar inteiro já está alugado para mim e para a equipe mas Olívia insistiu, e pelo jeito ela mandou mais deles.
Finalmente vou de encontro a ela e pergunto como e quando isso aconteceu. A mesma me abraça e ainda fala no telefone.
— Já estamos resolvendo, agora está tudo bem, Éric esta com sua mãe no telefone. - diz apontando com o queixo para o homem de preto que anota algumas coisas em um caderninho.
Ao me ver chegando ele automaticamente avisa minha mãe e me entrega o celular sem falar nada.
— Mãe?
— Ah Filha... - sua voz parece muito chorosa. Consigo visualizar ela.
— Mãe, o- o que? Como aconteceu? - nem sei o que devo perguntar primeiro.
— E-eu não sei. Me ligaram e quando eu atendi alguém falava coisas horríveis de você e de mim. Meu celular travou inteiro e um monte de mensagens começaram a aparecer. - explica e tenho certeza que está trêmula.
Sinto vontade de chorar novamente. Limpo a boca com a barra da blusa larga e tento pensar em algo para dizer, mas só uma coisa quer sair da minha boca-
— Me desculpa, Mãe... me desculpa. - tento não chorar mas é quase impossível com o nó se formando na minha garganta. Sinto meu rosto molhar, uma pressão na cabeça.
Ouço seu fungado do outro lado da linha.
— Isso não é culpa sua filha. - é sim, claro que é.
— É mãe... c-claro que é... isso tudo é culpa minha, se eu não tivesse sido tão burra-
— Você não é burra filha.
— Ainda assim a culpa é minha, você, O Bruno, nossa família, todo mundo está sofrendo com ataques por culpa minha. - tento engolir o choro, mas minha respiração já está descontrolada, mordo a mão para evitar fazer barulho mas um pigarreio atrás de mim, quando me viro dou de cara com Éric, que ajeita os óculos antes de se dirigir.
— Eu sei que isso é importante mas precisamos concluir o depoimento da sua mãe. - o loiro parece nervoso por mexer nos óculos a cada palavra que fala.
Concordo e peço um minuto, ele parece entender e não se afasta muito.
— Mãe? Preciso passar meu celular para Éric... Me desculpa... me desculpa de verdade. - falo e passo o celular antes de ouvir sua resposta. Éric no entendo, não pega o celular de primeira, apenas me encara.
Ele mexe nos óculos novamente, logo sua voz firme sai. "Não se culpe... a culpa de nada disso é sua" diz. Antes que ele tome o celular, abraço ele e ele corresponde. Éric está comigo a um tempo também, desde a último episódio da minha depressão. Nos soltamos e entrego a ele o celular.
Sento no sofá com os pés para cima, me balançando como uma criança. Enfio a cara nos joelhos e fico ali, apenas ouvindo as vozes dos presentes passando para lá e para cá. Minha mãe se tornou um alvo. Minha mãe.
Perco a noção de quanto tempo fico dentro do mundinho da minha cabeça, apenas lembro-me de sair quando ouço meu nome ser berrado.
— Violet? Precisamos conversar. - Ol chega mais próxima e se senta, tocando meus joelhos. — Acho melhor que você fique sem seu celular, eu vi algumas coisas bem preocupantes no direct das suas redes sociais, coisas que você não precisa ver. - mal sabe que eu já vi, e vi muita coisa.
— Olívia, vale a pena? - pergunto e me deparo com suas sobrancelhas juntas sem entender. — Vale a pena dar procedimento no projeto? - pergunto.
A mesma respira fundo, talvez ela pense como eu.
— Eu ainda não sei, não acho que vale a pena jogar tudo que trabalhamos tanto fora... desistir de tudo assim é... - a interrompo.
— Mas e se tudo piorar? Vai piorar Olívia! Eu falei com Bruno sobre isso e- agora ela corta minha fala.
— É Ele quer cancelar o contrato? - assustada.
— Não! Não... sou eu. Bruno pode estar tentando não ver o que está acontecendo, ignorando tudo que estão falando mas sei que dói, machuca. Minha mãe acabou de ser alvo de um hacker. - explico e sinto suas mãos no meu rosto.
Limpando-o.
— Se acalme, uma coisa de cada vez... vamos resolver isso primeiro e depois marcamos uma reunião para decidir tudo, melhor não é? - sua voz agora é baixa e sua cabeça afirma como sim.
Não a respondo, apenas abaixo novamente a cabeça para que não me vejam chorando. Uma porra de um aperto angustiante fica no peito. Enfio a mao por dentro da blusa e massageio o tórax, sinto minhas mãos tremer de novo.
Sinto uma mão no meu cabelo e outra me forçando a subir o rosto.
— Violet? Puta merda... - diz Olívia baixinho massageando meu cabelo e sinto seu braços em volta de mim. — Se acalme... vai ficar tudo bem Vi. - sussurra.
Sei que agora todos os olhares devem estar sobre mim, sinto minha pele queimar. Não que eu não confie em cada um da minha equipe, somos uma família mas eu odeio que me vejam nessa situação de novo.
Eu odeio ser tão fraca.
Essa fraqueza que sinto, essa angústia que parece fazer meu peito querer explodir, essa ansiedade, essa falta de ar, tudo me ocorreu no passado e voltou a me destruir. E voltou muito pior. Me sinto sem rumo.
Perdida.
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Redes sociais da autora: @AutoraMarieGray
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Em cima dos palcos
Novela JuvenilViolet Claire é uma cantora famosa que faz inúmeros espetáculos pelo mundo. Do outro lado, outro fenômeno da música Bruno Mars, a história de ambos se cruzam e assim uma nova Era nasce.