26 Em risco?

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( leia até o final)

~ Violet Claire ~

Pela primeira vez o silêncio entre nós dois é realmente desconfortável, mas... paro de pensar nisso quando minha cabeça começa a pensar demais em outras coisas. Quando me dou conta, Bruno sai do carro com um óculos, puxa um boné do banco de trás e agora para em frente a minha porta. O mesmo abre e me encara, como se me tirasse do transe.

— Vamos? - pergunta como se nada tivesse acontecido.

— O- o que? Você está louco? Não podemos sair assim. - o olho indignada mas ele apenas dá de ombros.

— Porra achei que o meu disfarce tivesse convincente. - diz olhando para si mesmo.

Observo mais um pouco e vejo que estamos parados em frente a um Bar, não muito luxuoso e bem vazio. Esse são os melhores.

— Eu não tenho um óculos, nós podemos ser atacados sabia? Nem devíamos ter saído do estúdio! - cruzo os braços esperando alguma reação mas ele só se aproxima, quase entrando no carro e subindo em cima de mim.

Quando chega perto da um sorrisinho e abre o porta luvas, que revela um óculos enorme masculino e um lenço, que Peter provavelmente usava como bandana e por algum motivo está aqui. Nego com cabeça é o mesmo aponta com os olhos, como se implorasse para que eu pegue.

Respiro fundo e agarro o lenço, amarrando por cima do cabelo, o óculos provavelmente é de seu motorista por ficar enorme em meu rosto. Porra, sei que fazer isso é quase loucura e até um pouco injusto com nossa equipe que está se matando para reverter a situação, mas... uma bebida vai descer bem.

Vejo sua mão estendida para mim e abafo o riso, mas sei que ele me viu rindo e ri junto. Ignoro sua mão e me dirijo a porta do Bar. Quando entramos vejo um atendente segurando um caderninho olhar para nós, e em seguida voltar a olhar para o nada.

— Tem certeza que isso aqui é a melhor coisa a se fazer ? - pergunto irônica vendo outro funcionário parecer um pouco confuso enquanto disfarça o seu olhar sobre nós, sem a certeza do que está vendo.

— A bebida daqui é a melhor. - diz ignorando a minha pergunta e indo a caminho de uma mesa afastada, perto do balcão.

Pedimos uns drinks e nos sentamos, não demora muito até a bebida chegar. Dou o primeiro gole e sinto a garganta arder com o gosto do álcool. Afogar as lágrimas em um bom copo de bebida alcoólica é com certeza a pior coisa a se fazer mas... a melhor.

— Cacete... se arrependimento matasse acho que eu nem teria chegado a fase adulta. - digo dando mais uma golada e ouvindo ele rir.

Peter rodeia o copo antes de dar um gole na bebida. Talvez esteja pensando no que falar ou falando consigo mesmo.

— Eu queria seguir a vida normal... fazer meus shows... sentir a sensação de novo. - comento e percebo que talvez esteja parecendo insuportável, então me calo.

Bruno rapidamente me olha, e se encosta na cadeira de novo.

— Sensação? - disse, sei que ele entende... quer apenas continuar o assunto.

— A vibração... as pessoas cantando... cacete... sinto falta disso. - digo nostálgica, bebendo mais um pouco do líquido.

— É incrível... sabe, sinto falta de estar nos palcos também. Pretendo voltar com as turnês. - sei que Bruno ama estar em cima dos palcos e fazendo o que mais gosta, eu vi alguns vídeos de seus shows, é transparente sua empolgação.

— E para onde pretende ir? - pergunto, percebendo o ar pesado indo embora como água em um riacho.

— Brasil... com certeza, Brasil. - o Brasil é de fato uma terra mágica, todo mundo que vai, gosta e volta.

Eu não pretendia levar a turnê para lá por que não sabia que era tão querida no Brasil, mas vi vários vídeos nas redes sociais de pessoas me chamando. Cacete, em um show meu, uma menina na plateia gritou sobre em outro idioma... ela chamou minha atenção e eu comecei a conversar com ela. Ela me contou que todos me aguardavam no Brasil e eu disse um pouquinho dos meus planos.

Quando a turnê estava próxima de acabar eu tive a certeza que voltaria, que levaria a  próxima para lá, mesmo sem nem ter um álbum novo ainda, eu apenas quero voltar para aquela terra tão calorosa. Mas agora...com certeza ninguém lá me quer me seu país. Porra...  e isso dói.

— Eu iria levar a próxima turnê para lá, mesmo que tenha acabado que fechar outra no Brasil... queria apenas voltar. - conto.

— Iria? Por que não vai mais? - quase me engasgo com sua pergunta.

Sorrio amarga, afinal é uma pergunta bem óbvia.

— Nós estamos vivendo no mesmo mundo? - pergunto irônica e ele junta as sobrancelhas. — Não é uma turnê se os shows estiverem vazios - explico e percebo sua feição mudar na velocidade da luz.

— Porra... pare de falar assim! Muita gente te ama sabia? Não é como se o mundo inteiro tivesse tacando pedras na gente. - sei que está sendo apenas gentil, ou talvez está tentando evitar encarar a realidade.

— Definitivamente não estamos no mesmo planeta, Mars. - faço piada e pauso ouvindo-o bufar, tentando segurar a risada. — e sim... todos estão tacando pedras em mim. - jogo a realidade e só um silêncio não tão constrangedor se faz.

Meu copo agora está vazio, merda.

— Bom, mais bebida. - digo me levantando e indo até o balcão.

A realidade é uma merda, chata e maçante, que infelizmente precisa ser enxergada. Sinceramente, não entendo como Bruno ainda não desistiu desse projeto, desde que foi vazado, ou melhor... especulado, os ataques tem sido frequentes.

Talvez o certo deve ser cancelar tudo e se distanciar, tirar um tempo da vida pública  e deixar que Bruno seguir sua carreira, sem se atrelar com uma pessoa de tão má fama. Chega a ser injusto para ele continuar preso nesse trabalho comigo. Mal ouço quando o atendendo coloca o drink na minha frente e posso ver ele se afastando.

Volto a me sentar na mesa e agora Peter está muito calado, olhando fixamente para o chão. Talvez esteja repensando tudo. Sinto um nó se formando na minha garganta, a vontade de perguntar quase me sufocando. Pigarreio para limpar a garganta, quero perguntar mas tenho receio.

— Bruno... hm, eu vou entender se cancelar o contrato... é a melhor-  crio coragem mas logo sou interrompida.

— O que? De que porra você está falando? - indaga, sua expressão transborda irritação, mas sua voz está baixa.

— Bruno? Qual o sentido de continuarmos em um projeto fadado ao fracasso? - riu por que chega a ser engraçado.

— Violet, não vamos cancelar o contrato. - diz batendo o dedo indicador na mesa e trancando o maxilar.

Em um movimento rápido ele tenta agarrar minha taça mas a pego primeiro. Não sei se estou mais indignada com sua persistência ou por sua cara de pau. Abro a boca indignada e ele ri de mim.

— Obrigada. - agradeço dando um gole.





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Gentis leitores!! Me perdoem a demora para as postagens, ultimamente tenho andando um pouco insatisfeita com minha escrita, peço que me deem o Feedback do que estão achando. Amo ler os comentários de vocês, isso me motiva para caramba. Obrigada estarem aqui.

INCLUSIVE! Realizei um sonho em ir ver o Bruninho. Sim, eu fui no show!. Uma das melhores experiências da minha vida, se não a melhor. Amamos esse baixinho.

Um beijo e boa leitura.

Em cima dos palcos Onde histórias criam vida. Descubra agora