Capítulo 10: A Redenção

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Valentina Gonzalez

Após a saída de Raquel, a casa parecia se esticar para sempre, um labirinto silencioso. Explorei alguns cômodos,  mas a solidão me perseguia como uma sombra. Voltei para meu quarto e passei a noite encarando o teto branco, ouvindo os grilos cantarem. Meu estômago roncou, um lembrete rude da fome que me consumia. Desci para a cozinha, onde encontrei uma caixa de cereal e uma garrafa de leite.  Devorando o cereal, tentei ignorar o vazio que me rodeava. Depois de lavar a louça,  voltei para o meu quarto, desejando apenas dormir e esquecer de tudo.

Acordei no meio da noite com o som de passos pesados pelo corredor próximos ao meu quarto, meu corpo ficou em estado alerta e meu coração começou a bater mais rápido. Os passos eram pesados demais para ser a Raquel.

Levantei devagar,  caminhando em passos silenciosos até a porta.  Encostei meu ouvido na madeira,  mas o som havia sumido.  Respirei aliviada,  abrindo a porta apenas o suficiente para olhar para o corredor.  Ele estava vazio,  imensa e assustadoramente vazio.  Um alívio quente percorreu meu corpo,

Raquel: -̶  Posso ajudar? - A voz de soou atrás de mim,  fria como gelo.

Valentina: -̶  Minha nossa senhora! - murmurou, levando a mão ao peito.

Me virei rapidamente, encontrando-a parada atrás de mim, com uma expressão neutra no rosto.

Raquel: -̶  O que está fazendo acordada? - Sua voz seca e severa.

Valentina: -̶  Eu acordei com barulhos no corredor, achei que tinha alguém aqui. - Engoli seco.

Raquel: -̶  Era eu! Não passou isso pela sua cabeça, Gonzalez? - Respondeu, com uma pitada de sarcasmo.

Meu olhar, que antes estava em seu pescoço, se ergueu para seu rosto. A  pele estava manchada de roxo,  marcas de hematomas. Um corte  aberto no canto da boca sangrava  ligeiramente, e um pouco de sangue  escorria de seu nariz.

Valentina: -̶  O que aconteceu? - Pergunto apontando para seu rosto.

Raquel: -̶ Levei alguns socos, nada de mais. Algo a mais ou eu vou poder ir descansar? - Ela questionou, sua voz  ainda carregada de ironia.

Não lhe respondi, apenas me aproximei mais e, hesitante, toquei o corte aberto em seu lábio carnudo. Ela endureceu o corpo ao meu toque e dei um passo para trás olhando com as sobrancelhas franzidas.

Valentina: -̶  Desculpe, espera aqui, acho que deveria cuidar desses ferimentos.

Corri até o banheiro e abri o  armário, onde eu sabia que havia  uma caixinha de primeiros socorros.  Peguei a caixa e voltei para a sala,  encontrando-a sentada no sofás,  bufando impacientemente. Ela  ergueu o olhar para mim assim que  me sentei ao seu lado e abri a  pequena caixa.

Raquel: -̶  Não precisa se preocupar com isso. Eu cuido dos meus ferimentos sozinha.

Peguei uma gaze esterilizada e um pouco de água oxigenada, e gentilmente comecei a limpar as feridas em seu rosto, depois em outras áreas feridas, sem ouvir nenhum som de dor de Raquel. pego uma pomada e aplico com o mesmo cuidado, depois coloco um curativo da cor da pele, e passou pomada nos hematomas roxos do rosto dele. Depois de terminar, fechei a caixinha e a coloquei na mesa ao lado do sofá em que estávamos sentadas. Depois seguiu para as escadas de volta ao meu quarto quando sua voz me parou.

Raquel: -̶  Espera, Obrigada. Não precisava se incomodar, mas agradeço sua ajuda.

Minha sobrancelha franziu e tenho certeza que não consegui evitar a feição surpresa em meu rosto. Era a primeira vez em uma semana que ouvi Raquel falando algo sem sua voz fria e mandona pela primeira vez.

Raquel pode ter dito isso em voz alta. Ela não mostra misericórdia ou simpatia repentinamente. Ou ela estava bêbada ou bateu com força a cabeça em algum lugar. Escolhi a segunda opção porque não havia evidências de consumo de álcool em seu corpo estável. Talvez o golpe que recebeu tenha afetado seus neurônios.

Eu entrei no meu quarto e fui até a janela, a lua estava linda. Ao olhar para o horizonte, vejo as estrelas brilhando em contraste com a escuridão da noite. A calmaria do momento me faz sentir uma paz momentânea, mas logo sou inundado com pensamentos turbulentos sobre o momento que eu estou vivendo e sobre Raquel. Ela é uma pessoa complicada e imprevisível, e eu não sei ao certo qual é o meu papel nessa história.

Tento encontrar algum consolo nas cores suaves do céu noturno, mas a raiva ainda está fervendo em mim. É difícil entender como alguém pode ser tão fria.

Uma brisa fresca balança as cortinas da janela, trazendo consigo um leve aroma das flores.

Eu fecho os olhos e tento respirar fundo, deixando o cheiro suave preencher meus sentidos.

Olhando novamente para a lua, vejo a sua serenidade e lembro que a raiva e o rancor só trazem mais escuridão à minha vida.

Decido deixar de lado os pensamentos turbulentos e me permitir ser levado pela tranquilidade da noite. Aos poucos, consigo sentir a calmaria tomando conta de mim, substituindo a raiva e a amargura.

A lua brilha no céu, como um farol guiando meu caminho para a paz interior. Observo os detalhes do seu brilho suave e me perco em seus encantos.

As estrelas brilham em sintonia,A brisa suave continua a acariciar meu rosto, trazendo consigo o aroma delicado das flores.

A lua continua a brilhar no céu, trazendo conforto e esperança. Olho mais uma vez para ela, agradecendo por me lembrar de que, mesmo em meio à escuridão, sempre existe uma luz capaz de iluminar os caminhos mais sombrios.

Decido voltar para a cama, me acomodo na cama, fecho os olhos e me permito relaxar. Aconchegada entre os lençóis,sinto o cansaço físico e emocional tomando conta de mim.

BELA MÁFIA Onde histórias criam vida. Descubra agora