Valentina Gonzalez
A luz do dia, tênue e filtrada pelas nuvens cinzas, mal conseguia penetrar o quarto. O ar frio me fez arrepiar e, ao me virar na cama, senti a dor latejando na minha bochecha. A marca dos tapas da Raquel era um lembrete cruel da noite anterior.
Olhei para o espelho. Meu reflexo era um retrato daquela noite: rosto inchado, olhos vermelhos, a pele ainda ardendo. Um nó se formou na minha garganta.
A porta rangeu ao se abrir. Raquel entrou, seu olhar gélido pairando sobre mim. Aquele olhar me cortava como um bisturi.
Raquel: — Olha, a princesa acordou. Já estava quase ligando para a funerária para encomendar o caixão. - sua voz, irônica.
Valentina: — Bom dia para você também - respondi, minha voz seca e cheia de sarcasmo.
Raquel: — Duvido que o dia melhore, então apenas dia para você. - ela retrucou, sorrindo de forma cruel.
Ela se aproximou de mim, seus dedos finos e frios de Raquel tocaram meu rosto, me causando um arrepio.
Raquel: — Não pense que esqueci do que fez ontem, Gonzalez. Eu com certeza não irie deixar uma pessoa trair minha confiança e sair impune. - ela disse, a voz baixa e ameaçadora, o sorriso de canto.
Valentina: — Vai me matar assim como fez com meu pai? - perguntei, a voz quase um sussurro.
Raquel: — Como eu disse antes, apenas matar será rápido e chato. Prefiro vê-la sofrendo de pouco em pouco, isso com certeza será bem mais divertido. - ela respondeu, um sorriso cruel, os dentes brancos brilhando.
A porta se fechou com um baque, e eu fiquei sozinha, envolta em um silêncio pesado, o medo me aprisionando. Sua fúria, o poder que ela exercia sobre mim, me deixava impotente.
Bufei incrédula e segui para o banheiro, água quente do chuveiro, quase escaldante, me fez sentir um alívio momentâneo. O vapor quente envolvia meu corpo, escondendo as marcas da violência, mas a sensação de humilhação, a dor daquela noite, ainda me assombravam.
Respirei fundo, tentando me acalmar. Aquele era meu destino. Estava nas mãos daquela mulher, e eu precisava encontrar uma forma de sobreviver.
Sai do banheiro, os pés descalços tocando o frio chão de madeira.
Caminhei até o armário, escolhendo uma camisa branca, a textura suave do tecido me confortável. Vesti a camisa, deixo os botões desabotoados na parte superior, e peguei um short jeans. Prendi o cabelo em um coque alto, e calcei uma sandália slide, passei um pouco de perfume.
Sair do quarto, desci as escadas, o barulho dos meus passos ecoando pelo corredor vazio. No andar de baixo, a casa parecia ainda mais fria.
A lembrança da participação de Angelina na minha tentativa de fuga, me fez gelar. Ela me ajudou, arriscou tudo por mim, e agora eu estava com medo de que ela fosse demitida.
Segui em passos rápidos até a cozinha estava vazia. Me aproximei da porta, com o coração batendo forte no meu peito. O cheiro do café fresco ainda pairava no ar, mas Angelina não estava.
De repente, um barulho de gavetas batendo veio da despensa. Meu corpo relaxou, um alívio percorrendo minhas veias. Angelina estava ali.
Entrei na despensa, e a encontrei mexendo em um armário, resmungando para si mesma.
Angelina: — essa gaveta não fecha direito, a Raquel precisa comprar uma nova.
Valentina: — Bom dia, Angelina - disse, um sorriso frágil formando em meus lábios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
BELA MÁFIA
RomanceEm um mundo obscuro e perigoso, uma poderosa chefe da Máfia se encontra afundada em amargura e desilusão com a vida que levou. Em uma tentativa de fugir de sua realidade sombria, ela decide sair para um bar, em busca de um momento de descontração e...