Capítulo 4: Entre a Esperança e a Desesperança

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Valentina Gonzalez

As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto vejo Raquel sair do quarto, cheia de raiva e ameaças. Nunca me senti tão vulnerável e impotente em toda a minha vida. Eu não quero me casar com ela, nunca quis me casar. Mas parece que não tenho escolha.

Suas palavras ecoavam na minha mente, me enfiando cada vez mais fundo nesse poço de desesperança. Meu coração está apertado e a sensação de medo toma conta de mim. Como cheguei a essa situação? Como meu pai pôde me entregar assim, colocando o dinheiro acima de tudo?

Mas eu não posso me render. Eu sou forte, determinada e não posso deixar que Raquel me quebre. Tenho que encontrar uma maneira de me libertar dessa situação, de proteger minha família e a mim mesma.

Decido tomar um banho para clarear a mente. O banheiro é luxuoso, com bancadas de mármore, piso e paredes claras, uma banheira enorme e um chuveiro espaçoso. Liguei o chuveiro a água quente do escorria sobre meu corpo, tentando levar embora a sensação que me sufocava. Meus pensamentos se aceleravam, buscando uma saída.

Ao sair do banho, me enrolei na toalha macia, pego uma roupa das pilhas que haviam sido guardadas no enorme armário que ocupava grande espaço do quarto, mesmo assim deixando espaço de sobra no cômodo.

Me visto com as roupas disponíveis no armário, escolhendo uma calça de moletom preta, blusa regata rosa claro e calço uma sandália slide.

E me preparo para enfrentar o que vier. Não posso desistir, tenho que ser astuta e estratégica como Raquel. Não posso controlar o que acontece comigo, mas posso controlar minhas ações e reações.

Vou até a janela observo o sol brilhando lá fora e me maravilho com sua beleza, sentindo um pouco de esperança brotar dentro de mim. Assim como o sol nasceu hoje, uma nova oportunidade também possa nascer para mim.

Pego a bandeja que havia sido deixada. O cheiro de café impregnava o ambiente, me deixando com cada vez mais com fome.

Me sento na cama e saboreio o delicioso café da manhã. Havia suco de laranja, bolo de cenoura com chocolate, frutas diversas e uma xícara de café. Não perdi tempo e comi de tudo um pouco, se tem uma coisa que não deixo passar é comida. Posso estar com vontade de arrancar o pescoço de alguém (como estou agora), mas basta um pouco de comida para acalmar meus nervos.

Eu saboreio cada mordida, sentindo a energia voltar ao meu corpo. Eu reflito sobre minhas opções e decido que preciso encontrar uma maneira de me libertar dessa situação o mais rápido possível.

Terminada a refeição, me senti um pouco mais forte. A porta se abriu e uma mulher de cabelos grisalhos e baixa estatura entrou no quarto. Seus olhos se encontraram com os meus, e ela esboçou um sorriso tímido.

Angelina:  ̶-̶  Sou Angelina. A senhorita deve ser Valentina Gonzalez. - Disse ela, com um tom gentil na voz.

Valentina:  ̶-̶  Oi Angelina, prazer em conhecê-la. Pode me chamar só de Valentina ou Tina. - Respondi, retribuindo o sorriso.

Angelina:  ̶-̶  Tudo bem, Valentina. Posso levar a bandeja? - Perguntou ela se aproximando.

Valentina:  ̶-̶  Claro, fique à vontade. - Respondi, entregando a bandeja para ela.

Angelina:  ̶-̶  Obrigada, volto mais tarde para deixar seu almoço. - Avisou, saindo do quarto e fechando a porta.

Fico curiosa e aguardo alguns minutos antes de levantar em um pulo. Vou até a porta e encosto meu ouvido, conferindo se Angelina já estava longe o bastante. Percebo que a porta não estava trancada, então me pergunto se essa seria minha chance de fugir. Não aguentaria mais Raquel mandando em mim por tanto tempo, e mal havia se passado um dia.

O corredor estava silencioso, respirei fundo, tentando controlar a euforia que me tomava. As pernas minhas tremiam, mas a vontade de voltar a ser livre era mais forte que o medo. Girei a maçaneta devagar, com cuidado para não fazer nenhum barulho. A porta se abriu silenciosamente, sem ranger. Um sorriso tímido se abriu em meu rosto, uma pequena vitória.

Dando uma olhada rápida ao redor para verificar se havia alguém vigiando, surpreendi ao ver que estava totalmente vazio. Andei na ponta dos pés com passos leves e silenciosos, em direção às escadas. As luzes estavam apagadas, a atmosfera era carregada de um suspense.

Ao chegar à sala, ouvi passos pesados ecoando pelo corredor. Meu coração disparou. Sem hesitar, me escondi embaixo da escada, me enfiando em um espaço estreito e escuro. Duas empregadas passaram por mim, carregando cestos de roupas limpas e dobradas. Observei seus rostos, sem expressões, apenas concentradas em suas tarefas.

Assim que elas desapareceram, me levantei e continuei minha fuga. Caminhei pelos corredores daquela mansão enorme, tentando encontrar uma saída. Cada porta que eu abria me levava a um novo cômodo, cada cômodo mais luxuoso e imponente que o anterior. Mas nada me interessava, nada me prendia. Só queria sair daquela prisão.

Encontrei um quarto diferente dos outros, a porta branca, sem detalhes, quase anônima. A curiosidade me dominou.  Me aproximei, a mão direita na parede, a esquerda quase tocando a porta entreaberta.

Angelina:  ̶-̶  Não deveria estar aqui. - Uma voz conhecida ecoou atrás de mim.

Me virei assustada, meu coração batendo forte no peito. Angelina estava parada ali, com a mesma expressão gentil, mas seus olhos demonstravam preocupação.

Valentina:  ̶-̶  Pelo amor de Deus, Angelina! - Exclamei, levando a mão ao peito, tentando recuperar o fôlego.

Angelina:  ̶-̶  Desculpa, não queria assustá-la. Mas realmente não deveria estar fora do seu quarto, se a Srta. Martinez a pegar aqui, não quero nem imaginar o que ela fará com você. - Disse, segurando meu pulso e me puxando de volta para o quarto.

Valentina:  ̶-̶  Espere, Angelina! Eu preciso sair daqui. Não posso ficar presa nessa situação para sempre. Você não entende o que estou passando? Por favor, me ajude a escapar! Não quero me casar agora, muito menos com ela. - Implorei, a voz embargada pelas lágrimas que insistiam em voltar.

Angelina:  ̶-̶  Você sabe que não posso fazer nada. Quando ela decide algo, ninguém consegue mudar. Sugiro que tente se acostumar com isso agora, duvido que um milagre aconteça para tirá-la das mãos dela. - Respondeu, com um olhar triste.

Sinto um misto de desespero e indignação ao ouvir as palavras de Angelina.

Valentina:  ̶-̶  O que ela quer comigo, Angelina? - Pergunto assim que paramos em frente ao quarto. - Perguntei, enquanto parávamos em frente à porta do meu quarto.

Angelina:  ̶-̶  Não posso lhe contar sobre uma coisa nem eu sei. Sinto muito, volto mais tarde com sua comida. - Ela disse, me empurrando levemente para dentro do quarto e trancando a porta em seguida.

Bufei, frustrada, e me joguei na cama. enfiando meu rosto no travesseiro. A sensação de impotência era insuportável.  Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar, antes que fosse tarde demais. Mas como?

"Ela não vai me deixar ir. Nunca mais vou ver minha família", sussurrei para mim mesma, sentindo o desespero me sufocar.

Olhei para a porta fechada, para a prisão que me cercava. As paredes desse quarto pareciam se fechar sobre mim, me apertando, me sufocando. A sensação de derrota me invadiu como uma onda fria.


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Continuem a acompanhar a jornada de Valentina, enquanto ela enfrenta os desafios impostos por Raquel e busca encontrar uma maneira de escapar

BELA MÁFIA Onde histórias criam vida. Descubra agora