Ana Flávia
- Você pode, pelo menos, me contar para onde a gente tá indo? - Pedi ainda sendo puxada pelo Gustavo.
Eu já quase cai umas 3 vezes e esse vagabundo continua me puxando igual um saco de batatas. Se ele estivesse puxando o meu cabelo ao invés de estar quase arrancando o meu braço, seria uma história completamente diferente.
- É uma surpresa. - Fez mistério.
Tudo que eu conseguia imaginar era ele sorrindo igual um idiota depois de ter falado isso. Enquanto ele me levava pelos corredores, eu observei algumas salas e uma em específico me chamou a atenção..
"Sala de Música"
- Vocês têm aulas de música?? - Perguntei interessada.
-Não.. - Respondeu Gustavo, pensativo. - Não mais.
Eu apenas assenti, um pouco decepcionada, e após subir mais uma escada e andar um corredor, o Gustavo parou. Observei as portas e o letreiro que estava a nossa frente com uma cara confusa. Um segundo depois, o meu rosto se distorceu de ódio, peguei o extintor da parede e me preparei pra jogar nele.
- Você me fez andar isso tudo pela droga de uma biblioteca??? - Reclamei irritada.
Estávamos no último andar do colégio, um lado das paredes era todo de vidro e dava uma bela visão para uma floresta que eu nunca notei. Era lindo de se ver. Antes que eu conseguisse acertar aquela cabeça idiota com o extintor, Gustavo recuou assustado.
- Se você jogar isso em mim, vai ser agressão contra animais. - Se defendeu rapidamente e eu fiquei ainda mais brava.
- Por que você é um cachorro? Um burro? Um cavalo? Uma mula? - Questionei andando na direção do Gustavo enquanto ele ainda recuava com medo.
É melhor ele sentir medo mesmo, porque eu vou espancar esse rostinho bonito dele.
- Eu ia falar "um gato" mas cavalos são pirocudos, então eu acho que também serve. - Ele riu da própria piada e eu puxei ele pelo moletom, trazendo ele mais pra perto e colando nossos narizes.
Isso foi um erro..
De perto, o sorriso idiota que enfeitava sua boca avermelhada e tentadora, parecia ainda mais charmoso e bonito. Os seus olhos castanhos penetravam nos meus com intensidade. O peito dele subia e descia lentamente e, ao mesmo tempo, irregularmente. Ele usou a mão que passou pela minha cintura para arrancar o extintor das minhas mãos frias e mortas, eu sai daquele encantamento todo, ficando ainda mais brava.
- Seu grande...
- Não esquece quem tem o extintor agora. - Ameaçou com um sorriso vitorioso e eu ri desacreditada.
- E você vai fazer o quê? Me pintar de branco? - Usei o sarcasmo.
- Então você quer recriar aquela cena do livro? - provocou com um sorriso de lado.
- Idiota. - falei bem próxima de seu rosto e o sorriso dele só aumentou
Gustavo se afastou de mim e colocou o extintor de volta na parede, logo se virando pra mim.
- Eu te trouxe aqui por um motivo. - Caminhei até ele, ainda com raiva. - A biblioteca é um dos únicos lugares que não fica trancado durante o fim de semana. - Explicou.
- Eu nem gosto de ler. - Protestei
- Você tava lendo um livro ontem. - Me lembrou e eu revirei os olhos.
Droga.. eu realmente preciso aprender a mentir melhor.
- De qualquer jeito, não estamos aqui pelos livros. - Falou e eu aumentei minha careta confusa.
E o que caralhos a gente veio cheirar aqui então? Esse menino quer o quê?! Minha mente já imagina mil possibilidades, todas impróprias.
- O que muita gente não sabe, é que a biblioteca tem uma pequena passagem secreta. - Contou abrindo as portas de vidro da biblioteca.
Ele me puxou mais uma vez pela mão, dessa vez, pra dentro da biblioteca. O cheiro agradável de livros invadiu as minhas narinas e eu tive vontade de pegar um livro e ficar cheirando pela eternidade, cheiro de livro novo é muito bom.
A gente deu tantas voltas que eu jurei que estávamos fugindo de algum psicopata.
De repente, Gustavo parou na frente de uma estante de livros, eu encarei aquela estante com uma careta e me perguntei quantas vezes eu já fiz essa careta confusa desde que cheguei nesse colégio de loucos.
- Eu não sou mágica, não sou fantasma, não sou bruxa, muito menos vampira pra atravessar paredes. - Falei irritada já.
Ele me deu um sorriso e caminhou até a janela que estava ao lado da estante de livros, destrancou e abriu a mesma, se virando pra mim.
Eu ignorei ele e caminhei até a janela. Se ele tá sugerindo suicídio, eu quero saber se a queda vai me matar mesmo ou apenas me deixar paraplégica, eu não vi só uma queda absurda, mas também uma escada.
- Não que minha vida seja tão preciosa mas se eu vou arriscar ela só pra seguir você, eu quero saber o que tem no final da escada. - Falei e o Gustavo mordeu o lábio inferior para esconder o sorriso.
- O terraço.
CONTINUA...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Colégio Interno - miotela
FanfictionAna Flávia Castela é uma garota problemática que sempre se envolve em qualquer encrenca possível. Ela vê seu mundo ficar de cabeça pra baixo, quando seus pais decidem colocá-la em um colégio interno, após Ana Flávia ter "acidentalmente" incendiado o...