Capítulo 13

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Ana Flávia

  - O terraço.

  - Ai amor, eu juro que se você tivesse me convidado pra essa morte certa no sábado, eu teria aceitado, mas acontece que eu prometi pra minha amiga imaginária que eu dava banho no peixe dela. - Falei começando a recuar e o Gustavo gargalhou.

  - Vamos fazer assim, eu vou primeiro e se eu cair e morrer você pode ir embora. - Negociou e eu ri desacreditada.

  - Você sabe que eu posso te empurrar e depois ir embora, né?! - Ameacei, me aproximando dele enquanto mordia o meu lábio inferior. 

  - E você sabe que eu podia te puxar comigo, não é, amor ? - Entrou no jogo se aproximando também com um sorriso de lado.

  - Eu provavelmente cairia em você e sobreviveria. 

  - Você quer mesmo brincar com fogo? - Perguntou e eu abri mais ainda o meu sorriso.

  - E você sabe com quem está falando? - Debochei.

  - Com a garota que colocou fogo em 5 diretorias? - Me olhou e eu arregalei os olhos levemente surpresa. - Foi fácil descobrir isso, na verdade foi a primeira coisa que eu vi quando estava lendo a sua ficha escolar. - Confessou indo até a janela.

  - Você o quê? - Perguntei indignada e ele apenas riu.

  Eu olhei pra Gustavo desacreditada e caminhei até ele, que já estava do lado da janela pronto pra pular.

  - Você leu a minha ficha de estudante? - Questionei, puxando o braço dele.

  - Se você quiser, eu deixo você ler o meu mapa astral.. - Sugeriu com um sorriso.

  - Eu duvido que tenha um signo com a idiotice no seu nível. - Insultei com os olhos semicerrados.

  - Ei! O que era pra isso significar, supostamente? - Perguntou chocado.

  - Eu vou primeiro. - Empurrei ele, pulando a janela.

  - Ana, não, espera, TEM UM DEGRAU QUE.. 

  *Lição número três: se um garoto que enfia pepinos na bunda convidar você para pular de uma janela, não aceite.*

  Eu sorri, pisando no segundo degrau e Gustavo me olhou bravo.

  *Pelo menos se você não tiver tanta sorte quanto eu*

  - Puta merda, você não tinha o direito de me assustar assim.. - Falou pulando a janela também e pisando na escada.

  - Ah, eu te deixei assustado? Tava com medo de ser o culpado da minha mortew - Brinquei vendo ele fechar a janela com cuidado.

  - Você que vai ser a culpada da minha morte, eu quase tive um ataque cardíaco. - Reclamou, me encarando.

  Eu me virei e comecei a subir a escada de ferro, com um sorriso idiota no rosto. Quando cheguei cheguei no fim da escada, encarei o terraço gigante que estava a minha frente com a boca levemente aberta.

  Era simplesmente maravilhoso...

  O vento batia forte, era como se eu finalmente conseguisse respirar direito. Tinha visão para cada lugar dessa cidade e do colégio, era como estar no topo do mundo. Me virei para encarar o Gustavo e ele me olhava com um sorriso ainda na escada.

  - Vamos? - Estendeu a mão para me ajudar a sair. 

  [...]

  Me joguei na cama e suspirei aborrecida mas, ao mesmo tempo, estranhamente feliz. Eu ainda preciso pensar em um jeito de sair daqui. Puxei  a camiseta do Luan de baixo do meu travesseiro e, quando a mesma veio, um pequeno pedaço de papel caiu do travesseiro. Outro bilhetinho? 

  "Os seus olhos roubaram as minhas palavras."

  Ok, isso tá ficando estranho...

  [...]

  Sai do meu dormitório assim que terminei de colocar o meu uniforme e um moletom preto. Virando o corredor, dei de cara com a diretora.

  - Ana Flávia. - Chamou ela com um sorriso.

  Eu não vou poder usar a desculpa que a diretora era uma vagabunda quando eu sair daqui, vou? Falando em sair daqui...

  - Fui eu! - Falei rapidamente e ela me encarou confusa.

  - O que você fez? - Perguntou ela, desconfiada.

  - Qualquer coisa que tenha acontecido, fui eu. - Voltei a dizer, sem fazer a mínima ideia do que poderia ter acontecido.

  - Então você entupiu a privada do banheiro masculino no andar 5? - Perguntou com um sorriso.

  -  Isso vai me fazer ser expulsa? - Questionei de volta, esperançosa, e a diretora riu.

  - Eu vim falar exatamente sobre isso com você. - Começou. - Eu falei com seus pais. 

  - Eu aposto os meus únicos 2 reais, que eu roubei da Gabi, que eles soltaram fogos quando a senhora ligou pra avisar que eu fiquei de castigo. - Ri.

  - Na verdade, eles ligaram. - Contou e eu olhei pra ela, confusa. - Eles ligaram na sexta, preocupados pra saber se você ainda não tinha sido expulsa porque, aparentemente, uma semana é bastante tempo pra você. - Riu.

  - Pelo menos eles me conhecem. - Dei de ombros.

  - Eu não vou te perguntar o motivo de você continuar tentando ser expulsa, porque vocÊ deve ter uma boa razão. - Suspirou. - Mas ainda tem outro assunto que eu queria falar com você.

  - Fui eu! - Falei rapidamente, voltando a prestar atenção na conversa.

  - Ana Flávia. - Chamou a diretora, rindo. - Você zerou todas as avaliações de matemática.

  - Ah, isso. - Comentei desanimada.

  - Se você continuar assim, tendo notas tão baixas e não entregando nenhum dever pro professor de Matemática, eu vou ser obrigada a te deixar mais aulas com ele. - Avisou a diretora e eu encarei ela com os olhos arregalados.

  - Como você pode me odiar tanto? Logo eu, a sua aluna mais fofa e educada. - Respondi indignada e ela riu.

  - As aulas são tão ruins assim?

  - Claro que sim, eu tive que aprender que alguns números podem ter outros números por cima. - Comentei triste e a diretora gargalhou.

  - Você vai se formar esse ano...

  - Isso é o que você acha. - Apontei com um sorriso.

  - Nesse caso, eu vou ser obrigada a te oferecer aulas com um aluno mais avançado que você.

  - E quem seria? 

  - O meu filho, Gustavo. 

  CONTINUAA....

  

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