Capítulo 23

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𝓐𝓷𝓪 𝓕𝓵𝓪́𝓿𝓲𝓪

  ... 𝐨𝐮𝐯𝐢 𝐯𝐨𝐳𝐞𝐬 𝐝𝐢𝐬𝐜𝐮𝐭𝐢𝐧𝐝𝐨.

  Foi inevitável não escutar de quem eram as vozes e o que elas falavam.

  - Eu estou dando o meu melhor! - Ouvi a voz desesperada de Gustavo.

  - Eu sei, mas o seu melhor não é suficiente! - Foi a vez da diretora falar.

  Não acredito que ela disse isso pra ele..

  Um silêncio preencheu o local e, em seguida, ouvi uma cadeira ser arrastada e passos até a porta. Arregalei os olhos e corri para o início do corredor.

  𝐋𝐢𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐧𝐮́𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐜𝐢𝐧𝐜𝐨: 𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐬𝐞𝐣𝐚 𝐩𝐞𝐠𝐚 𝐧𝐨 𝐟𝐥𝐚𝐠𝐫𝐚. 𝐀𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐢 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐩𝐞𝐠𝐚 𝐛𝐞𝐛𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐢𝐫𝐞𝐭𝐨 𝐧𝐚 𝐛𝐨𝐜𝐚 𝐝𝐚 𝐠𝐚𝐫𝐫𝐚𝐟𝐚 𝐝𝐞 𝐚́𝐠𝐮𝐚..

  Quando o Gustavo abriu a porta, parecia completamente enfurecido, tive vontade de abraçá-lo quando seu olhar perdido encontrou o meu. É estranho ver ele sem aquela droga de sorriso bobo idiota. Coloquei um sorriso no rosto e fingi que estava chegando agora. Ele não falou nada, apenas passou por mim e eu entrei na diretoria.

  - Ana Flávia.. - Cumprimentou a Jussara assim que me viu, a voz parecia cansada.

  A briga deve ter sido longa...

  - Deixa eu adivinhar, o professor de Matemática te acusou de mais uma barbaridade? - Se forçou a sorrir enquanto eu me sentava. - Assaltar as coisas dele? Desenhar coisas inapropriadas? Ou talvez ameaçar ele? 

  - Na verdade, ele me pediu pra te entregar isso. - Contei entregando o ficheiro que tinha o meu nome.

  A diretora, confusa, abriu o ficheiro e arregalou os olhos surpresa.

  - Uau.. isso é incrível! - Sorriu. - Como você conseguiu tirar a nota mais alta da turma? 

  - O Gu me ajudou. - Contei e ela arregalou ainda mais os olhos.

  - O Gustavo? - Repetiu surpresa.

  - É. - Encarei ela. - Ele tem passado praticamente a semana toda estudando comigo na biblioteca. Eu aprendi mais com ele essa semana do que na minha vida toda estudando. - Contei.

  - O meu filho fez isso? - Perguntou ainda em choque, ela parecia surpresa.

  - Fez sim, ele é uma boa pessoa e um ótimo aluno e professor. - Comentei e ela soltou uma risada anasalada.

  Ela soltou o ficheiro na mesa e voltou a me encarar. Por um momento, ela ficou apenas em silêncio me observando.

  - Você é exatamente igual à sua mãe... -  Comentou com um sorriso. 

  - Eu acho que sim. - Sorri envergonhada.

  - Vocês têm os mesmos olhos. - Apontou.

  - Os olhos cansados? - Ri. 

  - Mas a sua personalidade.. - Me olhou com os olhos semicerrados. - A sua mãe não carrega essa raiva toda. 

  - Você tem razão, a minha personalidade é uma das coisas que eu peguei do meu pai. 

 [...] 

  - Você já percebeu que quando você passa muito tempo olhando a escuridão, parece que ela começa a encarar de volta? - Comentei com um sorriso, sentindo o Gustavo fazer carinho no meu cabelo, enquanto eu estava deitada em seu peito.

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