𝐅𝐑𝐀𝐆𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐈𝐍𝐒𝐓𝐀𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐋𝐈𝐒𝐈𝐀

𝐋𝐗𝐕.

Havia muito guardado em mim
Uma completa imensidão
Sentimentos aprisionados
Emoções que reprimi tanto
Me sentia totalmente partida

Ser eu era como um câncer
Na maior parte do tempo
Tudo que eu fazia era destruir
Queria desesperadamente fugir
De todas aquelas sensações

Rapidamente fui dominada
Pelo medo de ser inteira
Uma pessoa real e verdadeira
Colecionando a dor e o amor
E necessitando compartilha-los

Fui completamente egoísta
Pensei só nos meus tormentos
E em como poderia os aniquinar
Então fui cruel e desesperada
Como se apenas eu fosse afetada

Meus erros foram tentando acertar
Tentativas falhas de me afugentar
Enquanto almejava ser vazia
Adorando todas as suas manias
Pois não suportava mais te sentir

Me camuflei sob sua ótica crítica
Usava máscaras sociais odiosas
Criei um personagem detestável
Simplesmente para te afastar
Era insuportável ter você tão perto

Via desprezo em seu olhar
Isso me transformava em cacos
Sentia dor física em meu coração
Perdia o ar dos meus pulmões
Mas me contentava em te expulsar

A tolice se infestou no sigilo
Não notei estar me amaldiçoando
Nos momentos que não sucumbi
Cheia de angústia e incerteza
Fragilizada pelo temor no peito

Toda vez que me negava a aceitar
Ia sendo morta por dentro
Dilacerada por não te alcançar
Cada célula do meu corpo
Atormentadas lhe ansiavam mais

Divagando sobre meus anseios
Imaginava como seria a paixão
Ter o mais puro prazer de te olhar
Ser o motivo da sua risada
Achar a reciprocidade rejeitada

Observar minha própria ruína
O exercício perfeito para sanidade
As tolices que cometi por você
Foram únicamente imaturidade
Ou uma desculpa para ser covarde

Nunca pude me libertar disso
Essas tempestades dentro de mim
Porque ser honesta jamais foi opção
Preferi prender tudo em meu âmago
A ter que deixá-las ir até você

Aqui parada e mal amada
Sem um pouco de conforto
Fico presa em minha mente
Pensando em como seria ser su
Sabendo que você não seria meu

Possuo resquícios de razão
Ainda que você me assombre
Há autopreservação em mim
Sigo fazendo tudo para me curar
Da sua cara bonita que me faz rir

Nenhuma terapia me faz esquecer
Mas já não me amedronto com isso
Vou vivendo a vida que eu quis
E me conhecendo cada vez mais
Me afeiçoando por mim essência

Não preciso mais do seu repúdio
Consigo seguir em frente sem ele
Fico satisfeita com sua distância
Mesmo que eu sinta uma dorzinha
Faço a minha quimioterapia chata

Quando entro em hipnose
É como se você não me afetasse
E com o tempo eu realmente vi
Que para ser livre da sua sombra
Teria que finalmente te deixar ir

Sem reviver seu sorriso
Sem lembrar do seu rosto
Sem querer tocar seu cabelo
Sem abominar sua presença
Sem fugir sempre de você

Somente cuidando de mim
Que seria feliz outra vez
Tratando meu pobre coração
O preenchendo com paz
E o unindo de novo ao peito

Eu saltaria do vazio esmagador
E com um só pulo me ergueria
Guardaria forças o suficiente
Para voltar a me conectar
Com meus pequenos cacos

Então apenas com isso
Estaria longe da loucura
Que é estar enamorada
Mas por mim não por você
Voltaria até mesmo a brilhar

E no fim eu lhe admiraria
Porque você sempre foi belo
Exalando bondade e gentileza
Coisas que eu nunca antes tive
Te vislumbraria por não ter culpa

Para mim foi imediatamente óbvio
A sua total e completa inocência
Pois tudo que você fez foi viver
Diferente de mim que me petrifiquei
Você sorria de verdade e era feliz

Me vejo sem o direito à amizade
Mas reconheço que seria legal
Você é simplesmente incrível
Só que fui eu que me crucifiquei
Por me apaixonar sozinha