Prólogo.

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Injustiça. Era uma boa palavra para descrever o que Oliver Twist sentia no fundo de seu âmago naquela tarde de junho. Chovia, como em filmes de drama clichê, ambientando de forma bastante certeira o cenário com o sentimento que todos sentiam naquele momento. Ele estava lá, em pé, sentindo toda aquela lama sujar seus sapatos novos e cada pingo de chuva caindo e molhando seus cabelos castanho-escuro recém-cortados pelo melhor barbeiro (na sua opinião) da cidade. Cada gota de chuva que caía e deslizava pelo seu rosto moreno se misturava com as lágrimas salgadas que desciam de seus olhos inchados, despencando no chão e contribuindo para que aquela poça d´água na sua frente enchesse cada vez mais.
Estava todo de preto, todos estavam, afinal sempre foi um padrão para esse tipo de ocasião se vestir de tal forma, embora muitas pessoas nem pensem muito no motivo. Queria ir embora, aquele ambiente era insalubre, detestava funerais e aquele em que estava presente mais ainda, sua mente estava um caos, como uma tempestade violenta, onde não havia padrão ou sequer uma pequena organização, era apenas confusão e incompreensão. A sensação constante de desconforto aumentava a cada segundo ali. Ver aquela grande caixa marrom onde estava o corpo o deixava sem forças; não queria olhar, seu coração gritava a cada olhadela que fazia, então passava a maior parte do tempo fitando o chão sujo e molhado que estava debaixo de seus pés.
Sentiu uma presença se aproximando e virou o rosto: a presença chegava cada vez mais perto e Oliver não tinha uma reação ou expressão definida para aquele momento, afinal, sua mente não passava de uma tempestade, uma longa e confusa tempestade. Ela chegou e o abraçou. Aquele emaranhado de sentimentos tomou conta de seu peito e abraçou de volta (não sabia bem o porquê, apenas o fez) e desabou.

Injustiça, era a palavra mais correta que ele poderia ter escolhido.

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