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"Perder um amor verdadeiro é como ver uma parte de si desvanecer, deixando saudade e lembranças que, embora dolorosas, são o eco de um amor que jamais será esquecido."

-M

O DIA

Naquela manhã, depois de ter deixado Rosé no hospital novamente, Jennie voltou para casa para deixar Hank e descansar um pouco.

Jennie despertou ao sentir um leve toque de patas em seu braço. Piscou algumas vezes, tentando voltar à realidade, mas não foi um despertar comum. Hank, seu cachorro, estava de pé ao lado dela, inquieto, as orelhas alertas e os olhos brilhando com uma intensidade incomum. Ele deu um pequeno ganido, e Jennie sentiu algo estranho percorrer sua espinha, uma pontada de inquietude que a deixou em alerta. Era como se Hank estivesse tentando lhe dizer algo que não conseguia expressar em palavras.

Ainda meio sonolenta, Jennie se sentou na cama e acariciou a cabeça de Hank, mas o cachorro continuava agitado, movendo-se de um lado para o outro, inquieto demais para o que era seu comportamento habitual. Jennie olhou para o relógio na cabeceira: era muito cedo. A madrugada ainda vestia a cidade em um manto de silêncio, e os primeiros raios de sol mal começavam a despontar.

Por um momento, ela tentou afastar o pressentimento que começava a tomar forma, mas algo em seu peito apertava, insistente, como se uma voz em sussurros estivesse chamando seu nome. Levantou-se lentamente, calçando os chinelos e pegando o casaco pendurado na cadeira. Hank a seguia, com passos rápidos e uma inquietação que parecia contagiante.

Jennie hesitou, sem saber ao certo o porquê daquela sensação tão urgente, mas havia algo que não conseguia ignorar, uma intuição estranha que começava a tomar conta dela. Em um impulso, decidiu ir até o hospital. Talvez fosse apenas uma preocupação exagerada, mas precisava ver Rosé. Precisava ter certeza de que ela estava bem, de que aquela dor no peito não passava de um sonho ruim.

Enquanto dirigia pelas ruas ainda desertas, cada segundo parecia mais longo. O silêncio da cidade adormecida a envolvia, mas, em sua mente, tudo parecia ruidoso demais. Imagens de Rosé vinham e iam, os sorrisos, as risadas, o jeito suave como ela olhava para Jennie, com aquele amor que parecia transbordar. Jennie sentia-se como se estivesse caindo em um poço sem fundo, o vazio aumentando a cada quilômetro que a levava em direção ao hospital.

Assim que chegou, Jennie estacionou o carro rapidamente e saiu, quase correndo em direção à entrada. O hospital parecia mais frio do que nunca, e o ar carregado de uma tensão que apenas aumentava o aperto em seu peito. A cada passo, sentia o coração batendo mais forte, quase doloroso.

Ao se aproximar do corredor onde Rosé estava internada, Jennie avistou um grupo de médicos e enfermeiros que pareciam trocar olhares cúmplices e tristes. Um frio tomou conta de seu corpo. Um dos médicos, reconhecendo-a, hesitou por um segundo antes de se aproximar.

- Senhorita Jennie... - começou ele, a voz suave, mas carregada de uma seriedade que Jennie não queria enfrentar. - Talvez seja melhor que sente um pouco.

- Não... eu quero ver a Rosé. Quero saber... - a voz de Jennie saiu em um fio, como se ela soubesse o que estava por vir, mas recusasse a aceitar.

O médico suspirou, e naquele breve instante, Jennie viu em seus olhos a confirmação de tudo o que temia. Sentiu um tremor percorrer seu corpo, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.

- Sinto muito - disse o médico, com um pesar evidente. - A Rosé... ela nos deixou durante a madrugada. Fizemos tudo o que podíamos, mas ela já estava muito fraca... Acabamos de comunicar aos pais dela.

Aquelas palavras pareciam ecoar na cabeça de Jennie, mas a mente dela recusava-se a absorvê-las. Como poderia ser verdade? A imagem de Rosé, viva, sorrindo ao lado dela na noite anterior, ainda era tão real, tão presente. Como algo tão precioso poderia simplesmente desaparecer? Ela cambaleou, apoiando-se na parede, enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto.

Operação 10 Desejos - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora