Já estava bem tarde. Ethan saiu pela porta da frente do anexo, atravessou a propriedade, passando pela piscina e pelo jardim até chegar na porta da casa de Ayla. Ele digitou a senha e entrou, depois tirou os sapatos como ritual de praxe, e seguiu para a sala. Ao chegar lá, o rapaz se dobrou diante do alojamento dos porquinhos da índia. As luzes estavam muito baixas, então ele ligou a lanterna do celular para encontrar os bichinhos, e enquanto os procurava, o bolso de sua jaqueta, vibrou.
Ele tateou o bolso estreitando os olhos, apanhou o celular e o trouxe para frente do rosto. Era o celular de Ayla e havia uma mensagem na tela, enviada por um contato intitulado como: M.
Ethan apertou na notificação e digitou a senha. A tela desbloqueou e forneceu o conteúdo da mensagem.
M: A transferência está atrasada. Temos um acordo, cumpra sua parte.
O rapaz franziu o cenho, se erguendo devagar.
— Acordo? — murmurou para si.
Os olhos de Ethan vagaram por um instante, e sem pensar muito ele decidiu ligar para o número. O rapaz levou o celular para a orelha, desligou a lanterna do outro aparelho, e se encaminhou para o sofá. Segundos se passaram e ele achou que ninguém atenderia, foi quando a voz feminina e familiar ressoou do outro lado da linha.
— Não precisa me ligar. Apenas mande o dinheiro como sempre!
Ethan sentiu um choque no peito como se congelasse em meio a uma nevasca.
— Mel? — seus olhos quase saltaram.
— Ethan? — pelo tom de voz, os dela também.
Ele balançou a cabeça negativamente, com uma leve careta. Incrédulo.
— Dinheiro? Do que está falando?
Houve um momento de silêncio antes da jovem finalmente tornar a falar.
— Eu... bem... eu...
E outro momento de silêncio enquanto ela pensava em uma desculpa boa o suficiente, mas nada iria parecer ser verídico naquela conjuntura.
Ethan não estava em um estado muito paciente. Aquela situação não parecia ser certa e há muito tempo ele não ouvia falar de Melissa. Sua mente girou em um tornado de confusão. Sentia-se perdido ao mesmo tempo que, de alguma forma, culpado. Ayla estava escondendo algo dele, algo relacionado a Melissa. E para Ethan, se aquilo aconteceu, o motivo gerador poderia ter sido ele mesmo.
— Olha, eu não quero saber! Não importa o que isso seja, o que importa é que você não vai receber mais nada da Ayla, entendeu? O que quer que seja esse acordo, está acabado! — disse ele em tom firme.
— Ethan, eu...
— Por favor... — ele a interrompeu. — Não volte a se tornar um problema para mim... Eu já estou com problemas demais. — o rapaz apoiou a testa sobre uma mão, sentindo os cantos de seus olhos umedecendo.
— Eu fui um problema? — a voz dela, além de carregada de tristeza, era suave como veludo e trazia consigo a sensação de ser inofensiva. Mas Ethan já não a encarava como o anjo que pensava que um dia ela fosse.
— Apague o número dela e nunca mais a procure. Você nunca foi ridícula a esse ponto, não comece a ser. — disse ele, controlando a tristeza em sua voz e encerrando a chamada sem dar chance de réplica.
O rapaz largou o celular ao seu lado e se inclinou para frente, colocando os cotovelos nos joelhos e o rosto entre as mãos. Sua cabeça estava perturbada e cada batida que seu coração dava era doloroso demais para aguentar. Até o momento ele só conseguia se perguntar como e onde estava Ayla.
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Night Rise (Livro 2)
RandomNa continuação da história de Night Ride, Ethan se depara com obstáculos inimagináveis quando Ayla é sequestrada. O resgate se torna sua prioridade, e com a colaboração do Comando Sul, de hackers, e até de companhias desagradáveis, o plano se inicia...