Ace havia se afastado para ir de encontro com Nicole na cafeteria, deixando o Sr. Vega sentado sozinho em um dos assentos encostados na parede.
O homem parecia ter tido sua alma sugada por um ceifeiro. Estava abatido, seus olhos sem vida e sua expressão mórbida, tudo isso causado pelas lembranças específicas que lhe atingiam naquele momento.
Seu cérebro lhe transportou de volta para o passado...
Anthony estava entrando em uma sala ampla. Parecia uma sala de chá com uma enorme varanda por onde a luz do dia entrava. As paredes eram revestidas de estampas floridas em tons pastéis se destacando sobre o fundo rosê. Havia uma lareira no canto, e acima dela um quadro de pintura. Do outro lado da sala, havia uma uma mesinha redonda de cor canela, entre um sofá e duas poltronas.
Sentada na poltrona, de costas para a porta por onde Anthony entrava, estava uma mulher de longos cabelos negros e vestes caras, e no sofá à frente dela, pelo espaço vazio entre uma poltrona e outra, Anthony pôde enxergar o sorriso brilhante de outra mulher. Uma de pele bronzeada, cabelos e olhos cor de mel que ornavam tão bem com sua pele que ela parecia ser uma obra prima criada a mão. Seus cabelos eram longos e lisos, mas suas vestes não possuíam cor, eram brancas e acinzentadas, sem graça. Mas nem isso apagava o brilho que ela reluzia naturalmente.
Com um pequeno sorriso no rosto, Anthony se aproximava devagar com as mãos nos bolsos, e quando os olhos da mulher de cabelos castanhos encontraram o seus, o sorriso dela perdeu um pouco de vida, e levando sua atenção de volta para a outra à sua frente, ela acenou com a cabeça e levantou mostrando uma considerável saliência em sua barriga. Estava grávida de aproximadamente 6 meses, e então, ela se retirou para a porta no fundo, atrás do sofá.
Anthony pareceu um pouco decepcionado, deixando um suspiro baixo escapar. Ele continuou andando silenciosamente até a mulher que restou, mas seus olhos se estreitaram quando a viu se inclinar para a mesinha de chá, onde peças de porcelana estavam presentes: xícaras em cima de pires, e um bule de chá ao lado.
Anthony já estava muito perto quando viu a mulher derramar algo na xícara de chá que não era a sua.
— O que está fazendo, Althea? — sua voz soou grave além de confusa.
A mulher aparentemente tomou um belo susto, virando seus olhos arregalados para a presença do homem.
— Credo Anthony! — ela retraiu a mão que segurava um pequeno frasco com um pouco de líquido violeta que sobrou, contra o peito.
— Não me assuste assim! — continuou ela em tom de censura.
— Me dê isto — ele pegou a força da mão dela, o vidrinho que parecia estar sendo protegido.
Anthony cheirou a borda do frasco. O cheiro era inconfundível, único e molhado. Era o mesmo cheiro daquela beleza de cor violeta que invadia o lado mais infértil de seu jardim.
Ele olhou para a xícara que Althea tinha derramado o líquido e questionou:
— Está tentando envenenar a Cláudia? — retornou seu olhar a ela com mais indignação e fúria contida do que espanto. — Onde você conseguiu isso? Essa flor é venenosa! Eu mandei extingui-la de nosso jardim!
Althea não parecia se importar. Ela desviou seu olhar preguiçoso e se acomodou melhor na poltrona, cruzando as pernas e dando de ombros.
Anthony sentiu sua pele arder. Ele guardou o frasco no bolso e perdido pela raiva que o cegava, se dobrou e apanhou a xícara com líquido quente e envenenado. Depois ele se voltou para Althea e segurou suas bochechas fazendo a boca dela abrir inevitavelmente. O homem derramou todo líquido da xícara na boca da mulher, que grunhiu em desespero, rapidamente segurando o pulso dele na tentativa de impedi-lo. Não funcionou perfeitamente, mas fez Anthony se atrapalhar um pouco, quase nada, pois ele permanecia firme. O líquido que caiu desajeitadamente escorria pelo queixo da mulher e queimava tanto sua pele quanto sua garganta, e também, um pouco dos dedos dele, e na porta ao fundo, uma Ayla em torno dos 7 anos de idade, corria sorridente em direção ao pai, mas parou no meio do caminho e congelou ao presenciar tamanha brutalidade que ele cometia contra sua mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Night Rise (Livro 2)
De TodoNa continuação da história de Night Ride, Ethan se depara com obstáculos inimagináveis quando Ayla é sequestrada. O resgate se torna sua prioridade, e com a colaboração do Comando Sul, de hackers, e até de companhias desagradáveis, o plano se inicia...