Capítulo 29

15 5 0
                                    

Ace havia se afastado para ir de encontro com Nicole na cafeteria, deixando o Sr. Vega sentado sozinho em um dos assentos encostados na parede.

O homem parecia ter tido sua alma sugada por um ceifeiro. Estava abatido, seus olhos sem vida e sua expressão mórbida, tudo isso causado pelas lembranças específicas que lhe atingiam naquele momento.

Seu cérebro lhe transportou de volta para o passado...

Anthony estava entrando em uma sala ampla. Parecia uma sala de chá com uma enorme varanda por onde a luz do dia entrava. As paredes eram revestidas de estampas floridas em tons pastéis se destacando sobre o fundo rosê. Havia uma lareira no canto, e acima dela um quadro de pintura. Do outro lado da sala, havia uma uma mesinha redonda de cor canela, entre um sofá e duas poltronas.

Sentada na poltrona, de costas para a porta por onde Anthony entrava, estava uma mulher de longos cabelos negros e vestes caras, e no sofá à frente dela, pelo espaço vazio entre uma poltrona e outra, Anthony pôde enxergar o sorriso brilhante de outra mulher. Uma de pele bronzeada, cabelos e olhos cor de mel que ornavam tão bem com sua pele que ela parecia ser uma obra prima criada a mão. Seus cabelos eram longos e lisos, mas suas vestes não possuíam cor, eram brancas e acinzentadas, sem graça. Mas nem isso apagava o brilho que ela reluzia naturalmente.

Com um pequeno sorriso no rosto, Anthony se aproximava devagar com as mãos nos bolsos, e quando os olhos da mulher de cabelos castanhos encontraram o seus, o sorriso dela perdeu um pouco de vida, e levando sua atenção de volta para a outra à sua frente, ela acenou com a cabeça e levantou mostrando uma considerável saliência em sua barriga. Estava grávida de aproximadamente 6 meses, e então, ela se retirou para a porta no fundo, atrás do sofá.

Anthony pareceu um pouco decepcionado, deixando um suspiro baixo escapar. Ele continuou andando silenciosamente até a mulher que restou, mas seus olhos se estreitaram quando a viu se inclinar para a mesinha de chá, onde peças de porcelana estavam presentes: xícaras em cima de pires, e um bule de chá ao lado.

Anthony já estava muito perto quando viu a mulher derramar algo na xícara de chá que não era a sua.

— O que está fazendo, Althea? — sua voz soou grave além de confusa.

A mulher aparentemente tomou um belo susto, virando seus olhos arregalados para a presença do homem.

— Credo Anthony! — ela retraiu a mão que segurava um pequeno frasco com um pouco de líquido violeta que sobrou, contra o peito.

— Não me assuste assim! — continuou ela em tom de censura.

— Me dê isto — ele pegou a força da mão dela, o vidrinho que parecia estar sendo protegido.

Anthony cheirou a borda do frasco. O cheiro era inconfundível, único e molhado. Era o mesmo cheiro daquela beleza de cor violeta que invadia o lado mais infértil de seu jardim.

Ele olhou para a xícara que Althea tinha derramado o líquido e questionou:

— Está tentando envenenar a Cláudia? — retornou seu olhar a ela com mais indignação e fúria contida do que espanto. — Onde você conseguiu isso? Essa flor é venenosa! Eu mandei extingui-la de nosso jardim!

Althea não parecia se importar. Ela desviou seu olhar preguiçoso e se acomodou melhor na poltrona, cruzando as pernas e dando de ombros.

Anthony sentiu sua pele arder. Ele guardou o frasco no bolso e perdido pela raiva que o cegava, se dobrou e apanhou a xícara com líquido quente e envenenado. Depois ele se voltou para Althea e segurou suas bochechas fazendo a boca dela abrir inevitavelmente. O homem derramou todo líquido da xícara na boca da mulher, que grunhiu em desespero, rapidamente segurando o pulso dele na tentativa de impedi-lo. Não funcionou perfeitamente, mas fez Anthony se atrapalhar um pouco, quase nada, pois ele permanecia firme. O líquido que caiu desajeitadamente escorria pelo queixo da mulher e queimava tanto sua pele quanto sua garganta, e também, um pouco dos dedos dele, e na porta ao fundo, uma Ayla em torno dos 7 anos de idade, corria sorridente em direção ao pai, mas parou no meio do caminho e congelou ao presenciar tamanha brutalidade que ele cometia contra sua mãe.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora