Após uma tarde inteira impedindo Verônica de cair parada na motocicleta, Ian a levou para outro lugar.
O céu já estava escuro quando o casal comia sanduíches tranquilamente, sentados em um banco na frente de um supermercado, olhando para nada mais do que um estacionamento quase vazio.
O silêncio estava corroendo a cabeça da garota, mas Ian estava em seu estado de paz mais desejado. Lidar com Verônica demandava muita energia, contudo, havia momentos em que ela ficava calada.
A jovem olhou para a metade restante de seu sanduíche envolto em papel barreira. Havia uma questão que queria fazer mas o medo da resposta lhe inibia. Verônica pensava e pensava a fim de tomar coragem gradualmente, mas a pergunta que Ian fez do mais absoluto nada lhe desestabilizou.
— Até quando você pretende brincar comigo? — ele perguntou subitamente, fazendo a alma de Verônica quase dizer adeus ao corpo.
— Como é? — ela o olhou com estranheza.
O rapaz também encarava seu sanduíche. Ele passou a língua pelos dentes molares por alguns segundos, antes de respirar pesado.
— Você não me deu uma resposta objetiva. — disse sem olhá-la.
— Claro que eu dei... ontem à noite...
Ele finalmente a olhou, mas estava muito mais do que sério.
— Não, não deu. É muito fácil dizer que vai ficar com alguém quando se está prestes a gozar
Verônica prendeu o ar e virou o rosto para evitar contato visual. Era uma teia de aranha na qual ela não conseguia mais escapar.
A partir do momento que ficou nítido que, não apenas seus, mas também os sentimentos de Ian, ficaram profundos, a agonia consumiu toda a alma da jovem, e agora não dava mais para voltar atrás sem magoá-lo. E partir o coração dele era a última coisa que ela queria, mas... ora ou outra isso iria acontecer.
— Eu não disse que ia ficar com você da boca pra fora. — a jovem resmungou antes de voltar a olhar para ele. — Eu quero ficar com você! — ela declarou com rispidez em seu tom, e por um instante a expressão de Ian quase mostrou um lampejo de surpresa.
— Eu só não sei se você vai querer ficar comigo — ela acrescentou.
O rapaz cerrou os olhos levemente, tentando entender o que ela queria dizer.
Verônica suspirou e voltou a olhar para frente.
— Você é muito moralista, garoto
Depois dessa, Ian com certeza demonstrou reação, franzindo a testa, desacreditado e meramente ofendido.
— Vai me dar sermão por cada coisa ruim que eu fiz — a menina revirou os olhos.
— Se existe alguém que vai julgar seus pecados, esse alguém não sou eu. — Ian retrucou secamente.
— Você é decente demais, Ian — ela o encarou como se fosse algo ruim. — Eu sou mais que uma ladra e já fiz coisas quando era mais nova e mais burra, das quais eu me arrependo, e são coisas que eu não quero dividir com ninguém.
— Não tô aqui pra ser seu diário.
Apesar das respostas rápidas e frias que o rapaz dava, seu olhar era atento, como se cada detalhe ali fosse importante.
— Como eu posso tentar não ser transparente com você quando você é tão sincero comigo? — as emoções de Verônica afloraram mesmo contra sua vontade, e aos poucos ela se alterava sem perceber.
— Sua honestidade me irrita! Sua clareza com o quanto gosta de mim, me maltrata! — ela levou uma mão ao peito, como se ali doesse um pouco. — Eu não consigo ser como você, e isso me faz sentir como se não fosse digna! Eu vivo de cabeça erguida a porra da minha vida inteira e quando estou com você eu sinto que não estou à altura, que você não merece alguém como eu! E saber que você gosta de mim... que gosta de verdade de mim... — os olhos dela encheram-se até as bordas. — É torturante saber que eu posso te machucar... — ela abaixou a mão, desviando o olhar para frente. — Seria mais fácil se você simplesmente me odiasse de uma vez
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Night Rise (Livro 2)
RandomNa continuação da história de Night Ride, Ethan se depara com obstáculos inimagináveis quando Ayla é sequestrada. O resgate se torna sua prioridade, e com a colaboração do Comando Sul, de hackers, e até de companhias desagradáveis, o plano se inicia...