Capítulo 1

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Melbourne - Austrália
Janeiro, 2024

— A casa é novíssima! Na verdade, todas essas são. — um homem de terno e gravata cor salmão e cabelos grisalhos, gesticulava ao falar, caminhando ao lado de Ethan no andar de cima de uma bela casa de piso escuro de madeira polida e paredes cor de marfim. Não era um lugar tão grande, mas também não era pequeno.

— Se comprarem agora, nem vão ter vizinhos ainda... mas não por muito tempo! — ele riu sozinho. — Essa vizinhança está sendo muito procurada por famílias modelos, assim digamos — continuou, e ao passarem por um cômodo que estava com a porta aberta, os dois pararam de andar ao mesmo tempo.

— Tem certeza que ela está bem? — o homem perguntou, estreitando os olhos enquanto mirava as costas de Ayla dentro do quarto, sentada em um divã de cor azul, de frente para uma janela solitária.

A jovem que usava um vestido preto e curto com caimento fluido e largo, estava com as pernas juntas e os cotovelos apoiados nos joelhos. Suas mãos cobriam o rosto. Parecia abalada, talvez estivesse chorando. Ethan respirou fundo ao observá-la. Suas mãos estavam enterradas nos bolsos da calça e seus ombros estavam tão tensos quanto sua mente.

— Ela está bem. Vamos continuar. — ele acenou com a cabeça e forçou um sorriso. Então, o homem ainda que contrariado, continuou a mostrar a casa.

Depois de alguns breves minutos eles desceram as escadas. A atenção de Ethan estava distante, mas o corretor não percebeu, ou, percebeu e decidiu ignorar.

O homem continuou tagarelando sobre a concorrida vizinhança, que nem era tão concorrida assim, e só após vários momentos de falação, eles pararam na cozinha.

— Bom, acho que vou deixar vocês conversarem um pouco... — o corretor anunciou, retirando uma carteira de cigarro do bolso e olhando para a janela acima da pia que mostrava a casa da frente no outro lado da rua.

— As mulheres nesse período ficam insuportáveis... — ele balbuciou baixinho com o cigarro preso entre os dentes ao mesmo tempo que vasculhava o outro bolso com a mão livre, provavelmente em busca de um isqueiro.

— O que? — Ethan, que distraidamente estava ligando uma das torneiras da pia, perguntou ao virar-se para ele. Realmente não entendera o que foi dito, seus pensamentos não estavam ali há muito tempo.

O homem chacoalhou a cabeça.

— Estarei lá fora quando vocês terminarem — ele retirou o cigarro da boca e mostrou-lhe um sorriso falso com um comprimento de cabeça, logo depois, como se quisesse sair dali, ele se encaminhou para a porta principal.

Ethan, agora sozinho, olhou na direção da escada. Uma de suas mãos ainda estava no bolso, e a outra agora coçava a nuca.

O rapaz se dirigiu para os degraus, rumo ao cômodo em que Ayla estava. Ao chegar lá ele parou na porta, observando as costas da jovem por um segundo antes de se aproximar devagar.

Ayla estava levemente arfante quando Ethan sentou ao seu lado e retirou as mãos do bolso. Em uma delas havia um pequeno controle preto em formato oval.

A jovem permaneceu com o rosto entre as mãos. Suas pernas agora estavam cruzadas.
Ethan apoiou no divã, a mão que segurava o mine controle, bem atrás do corpo de Ayla, mantendo o peso controlado enquanto se inclinava para ela.

— Princesa... você começou essa brincadeirinha e não aguentou cinco minutos

Ayla esfregou o rosto uma vez e levantou a cabeça. Seus olhares se encontraram, mas o dela suplicava por algo intrigante com uma tremenda urgência.

Night Rise (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora